terça-feira, 15 de outubro de 2013

Identidade



Na Bélgica, os filhos recebem apenas um sobrenome, o paterno. Podem ser registrados com dois sobrenomes, contudo no documento de identidade só irá constar o sobrenome paterno. Estava conversando com uma amiga, que nasceu e reside nessa região, e a questionei se ela não achava injusto os filhos receberem apenas o sobrenome de seu pai. Ela respondeu o seguinte: "Não acho injusto, porque na Bélgica, como em toda Europa o índice de separação é muito grande, e a quantidade de filhos que não têm um bom relacionamento com o pai é significativo. Muitas mulheres lutam para que seja diferente, que os filhos tenham apenas o nome da mãe, pois julgam que a figura paterna não tem importância. Justamente por isso não acho injusto, pelo fato dos filhos não terem presentes a figura do pai, pelo nome saberão que ele existe, e sua presença é importante."
O índice de casais separados, tanto na Bélgica, como em toda Europa é muito grande, e as consequências são grotescas - elevado índice de pessoas depressivas, estressadas, nervosas e cada vez mais doentes. Essa síndrome não é algo comum apenas em determinadas regiões do mundo, ela é geral. A síndrome do "amor acabou", "não podemos mais viver juntos", "não te quero mais"...É fundamental entendermos o que está por trás disso e qual é o plano angular de família criado por Deus desde o Gênesis.
No princípio Deus formou a primeira família e os abençoou dizendo: E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. (Gênesis 1:27-28) 
Tudo era perfeito, pois éramos semelhantes a Ele. Mas como já sabemos, a perfeição acabou no momento em que o homem e a mulher tomaram a decisão de andar segundo seu próprio conhecimento, quando passaram a viver independentes de seu Criador. E todo o tipo de destruição e dor passaram a existir nos relacionamentos, na natureza e em cada particularidade de toda a criação.
Contudo, o Filho do Homem se levantou para desfazer as obras tecidas até então pelo pecado e a carne. O Filho de Deus, unigênito, se fez carne para mostrar a profundidade a largura e o comprimento do amor de um Deus soberano, poderoso e que estava super afim de ser o nosso Pai. O unigênito, herdeiro de todo o domínio e poder se levantou e se fez do mesmo tipo que nós, seres humanos, destinados a destruição e morte, para que nós pudéssemos nos tornar do mesmo tipo que Ele, espírito!
Hoje, todos aqueles que receberam o Filho, também possuem o direito de serem chamados de filhos de Deus (João 1:12), aqueles que creem no seu nome. Somos filhos, herdeiros do trono. Por mais que as circunstâncias e o tempo que vivemos aqui na terra digam o contrário, não importa, pois o que realmente permanecerá e se concretizará é a Palavra, a verdade. Por mais que nossos pais não sejam presentes, ou mesmo nos rejeitem e nos abandonem tragamos a memoria o que Ele estabeleceu: Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti. (Isaías 49:15)
Ele é o nosso pai, fomos gerados por Ele em um dimensão que é eterna. Dele somos herdeiros, tanto nessa vida como na outra que está por vir e não acabará. Essa é a realidade na qual nos encontramos, contudo seria possível vivermos como miseráveis diante de tamanha herança, sendo filhos de tão rico e amoroso Pai?

E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. 
(Romanos 8:17)
Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei.Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão.
(Salmos 2:7-8)

Sobre a pergunta a cima, a resposta é sim. É plenamente possível alguém muito rico viver como miserável. Existe uma história que ilustra bem a realidade de muitos filhos que não sabem que são filhos e muito menos das implicações que esse título lhes dá. 

Uma senhora havia trabalhado muitos anos na casa de uma mulher muito rica, ao falecer ela deu de presente um documento, em forma de carta, a essa senhora. Ao receber o presente, muito grata e não sabendo muito bem o que fazer com o documento que recebera, emoldurou e colocou na parede da sala. Um senhor que começou a frequentar a singela e escassa, casa da já idosa senhora, começou a observar aquele curioso quadro na sala. Pediu permissão para levar o documento a um advogado, que constatou que o documento tratava-se de um testamento, onde a patroa rica deixava toda sua fortuna para sua estimada empregada.

Muitos cristão vivem assim, por longos anos de sua vida em Cristo, em um deserto de infantilidade. Sem saberem EXPERIMENTALMENTE de quem são filhos e qual o tamanho e proporção possui a herança deixada por Deus (Pai), conquistada por Cristo na cruz. 
O desafio é, renovarmos a nossa mente - pois de fato viemos de uma mentalidade de escravos, miseráveis - por meio da palavra de Deus, estarmos dispostos a contribuir com o Espírito Santo na transformação da nossa alma, e  experimentarmos viver no centro da vontade de Deus. 
Lembre-se: Você tem um pai, e o nome dele é Deus. Ele te gerou para ser vencedor e co-herdeiro com Cristo. Essa é a nossa identidade de cruz.