Assim como há resquício de barro
Nas estradas asfaltadas
E ruínas pelo impacto das guerras
e catástrofes
Há em cada poema uma lágrima;
(Há uma gota de sangue em cada Poema - Mário de Andrade)
Podemos nos aproximar da Bíblia de várias maneiras, como um livro de histórias interessantes, como um livro de princípios, como um manual de vida...mas quando nos aproximamos da bíblia com a motivação de conhecer a pessoa de Jesus Cristo, como personagem principal do maior romance de todos os tempos, experimentamos algo completamente diferente quando lemos cada versículo e identificamos em cada página as gotas de sangue para que o propósito de união eterna, entre um Deus santo e sua noiva criada, se cumpra por meio da redenção.
Após a queda o propósito de Deus, de ter o homem e a mulher o expressando em imagem e domínio, foi aparentemente frustrado. Mas apartir dali o Senhor começa a colocar em ação o plano da redenção, o meio legal de entrar na terra e fazer real a encarnação (Deus virando gente / Carne). E como início desse plano Deus encontra na terra Abraão, e o separa da terra de seus parentes e o leva para uma terra até então desconhecida por Abraão, e nessa terra o convida para fazer uma aliança de sangue.
Disse-lhe mais: Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te a ti esta terra, para herdá-la. E disse ele: Senhor DEUS, como saberei que hei de herdá-la?
E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho. E trouxe-lhe todos estes, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu. E as aves desciam sobre os cadáveres; Abrão, porém, as enxotava. E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele.
E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades.
Naquele mesmo dia fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates;
(Gênesis 15:7-14 /
17-18)
Nesses versículos é o momento em que Deus chama Abraão para fazer uma aliança com Ele, foi em um momento em que Abraão estava desanimado e sem clareza do porque Deus o havia chamado para viver naquela terra (Canaã). E para motivá-lo Deus pede para que ele conte as estrelas do céu, para sempre lembrar do tamanho que seria sua descendência: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência. (Gênesis 15:5)
E nesse momento Deus faz uma aliança de sangue com Abraão, os animais são colocados no altar e o Senhor Jesus vem em forma de fogo e passa por entre as partes dos animais partidos, ele passa fazendo um oito deitado, que dizia que aquela aliança era para sempre. As implicações dessa aliança (como nas alianças feitas até nos dias de hoje, em casamentos, por exemplo) eram: Tudo que era de Deus pertencia a Abraão, que ainda aqui se chamava Abrão, e tudo que era de Abraão pertencia a Deus, ambos poderiam ter o que quisessem um do outro sem precisar de pedir. Os descendentes que sairiam de Abrão Deus poderia usar como quisesse.
No momento que estava sendo feita a aliança, aves de rapina tentavam comer os animais do sacrifício, o mundo espiritual sabia das implicações dessa aliança, e de que através dela o Messias viria à terra.
Como sabemos Abrão tentou interpretar a promessa de Deus, e gerou Ismael, que estava fora do propósito de Deus, ante a isso Deus estabelece uma marca visível em Abrão e seus descendentes, a circuncisão, e na mesma oportunidade muda o nome de Abrão acrescenta parte do nome dele no nome de Abrão. O sopro "a" do nome de Deus é acrescentado no nome de Abrão. É como se Deus dissesse: Abraão, eu tenho uma aliança com você e ela será cumprida não na força do seu braço, mas eu a cumprirei sem sua ajuda, eu a cumprirei pois cumpro todas as minhas promessas. Não é na sua força, é na minha, confie em mim!
E no capítulo 17 Deus estabelece o instituto da circuncisão, vejamos:
Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito.
E porei a minha aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente.
Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo:
Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações;
E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto;
E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti;
E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.
Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado. E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.
(Gênesis 17:1-7 /
10-11)
O sinal da circuncisão era para que Abraão e todos os seus descendentes se lembrassem de que pertenciam a Deus, e o mais interessante o local da marca, mostrava que Deus poderia a qualquer tempo e em qualquer geração usar a semente de Abraão para cumprir o propósito da redenção. Da linhagem desse homem sairia o messias, o parente próximo, o resgatador dos seres humanos, ele seria (foi) Emanuel, Deus encarnado, o protótipo de uma nova raça (a raça dos Filhos de Deus), o segundo Adão.
Todos os patriarcas e demais israelitas da antiga aliança foram salvos pela fé, de que um dia o Messias viria, e assim foram inclusos no sacrifício. Hoje somos salvos também da mesma maneira, pela fé, em crermos no que aconteceu no passado, no sacrifício perfeito que não encobre, mas arranca a raiz da velha natureza pecaminosa.
Todas essas páginas de sangue, todo esse trajeto de alianças que Deus fez com um homem para colocar os seres humanos novamente na posição inicial que Adão e Eva se encontravam, escolher comer do fruto da árvore do Conhecimento do bem e do mal, ou comer do fruto da árvore da Vida. Qual é a sua escolha?
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