terça-feira, 30 de agosto de 2016

O segredo de um coração aquecido



Ao lermos a biografia de tantos homens e mulheres de Deus, que percorreram os séculos e ficaram conhecidos por marcar suas gerações pelo amor aos perdidos e serem iniciadores de grandes avivamentos, percebemos algo em comum em todos, um coração apaixonado por sua causa. Mas, o que levou Bunyan a suportar tantos anos de prisão? Wesley a ser a tocha tirada do fogo? O que levou Adoniram Judson e sua esposa a amarem tanto um país que não era o seu de origem? O que levou David Levingstone atravessar um continente e mapeá-lo, e ao final de sua vida desejar ter seu coração enterrado nessa terra que tanto amou? O que levou Teresa de Ávila a tamanha disciplina e caridade? O que pode levar um homem (Paton) a levar o evangelho a canibais? O que fez Hudson Taylor a ser consumido até a morte, em uma China devastada pelo ópio? E o simples pregador do interior dos Estados Unidos, David Wilkerson, a mudar-se para Nova Iorque e dar sua por viciados em violência e drogas?
Como falamos no início, uma causa; “Ergon, aquilo com que alguém se manterá ocupado, requerendo suas energias, talentos, dons, tempo, família, orquestrando seu “modus vivendis”. Quem causa tem uma causa! Mas, o que nos leva a essa causa? A Oração! Um relacionamento com o divino, pois o Ergon é um presente divino. Como diz nossa irmã-amiga Ariadna de Oliveira, ninguém está apto para discernir sua causa existencial a não ser Aquele que nos conheceu quando ainda éramos informes.
Lionel Fletcher escreveu: “Todos os ganhadores de almas através dos séculos foram homens e mulheres incansáveis na oração [...]”. Quando vamos ler sobre a vida de todos, percebemos a disciplina que todos esses homens e mulheres tinham com a oração e a palavra. Teresa de Ávila e Guion descobriram esse tesouro, do que é realmente orar. A oração acontece de fato quando nosso espírito ora, quando entramos no santo dos santos. Alguns de nossa geração têm descoberto isso, não é algo novo, pois todos os Heróis da fé e avivalistas descobriram essa mesma verdade escondida nas escrituras. Quem já pisou nos santos dos santos, em outro lugar não sabe viver....

Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus,
Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne,
E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus,
Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa,
Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.
(Hebreus 10:19-23)

O Ergon (Chamado) é resultado de um coração aquecido, e o coração aquecido é consequência de uma vida de oração. Não é possível ser quente se nosso relacionamento com o criador não for intenso e profundo também. Jeanne Guyon, popularmente chamada de Madame Guyon, cria que se deve rezar (orar) o tempo todo, e que em tudo o que se faz, deve-se passar o tempo com Deus. “A oração é a chave da perfeição e da felicidade; é o meio eficaz de se livrar de todos os vícios e de aquisição de todas as virtudes, porque o caminho para se tornar perfeita é viver na presença de Deus, Ele mesmo nos diz: anda na minha presença e sê perfeito (Gn 17:1)...a oração pode si só pode trazer-lhe a Sua presença, e mantê-lo lá continuamente.”
Todos esses Heróis da fé que tiveram uma vida avivada, e impactaram muitas pessoas, tiveram uma vida nos Santos dos santos. Todos eles eram intensos em suas orações. Muitos cristãos têm orações mornas ou mesmo nem as têm, e vêem a oração como algo chato ou uma obrigação. De fato, no início de uma vida de oração é assim, todavia, os que perseveram conhece os Santos os santos; e como Guyon deseja ensinar outros sobre esse grande e simples segredo, de como orar de verdade, como orar em espírito e em verdade.
Foi quando Guyon escreveu “Um curto e fácil método de oração”[i], teve sua liberdade restrita. Essa querida irmã, foi literalmente presa, por ensinar as pessoas como chegar nos Santos dos santos. Esse foi o Ergon de Guyon, que levou muitos outros irmãos, séculos depois, a conhecerem Jesus de modo íntimo e a descobrirem seu Ergon.
Todas as vezes que leio sobre os nossos pais e irmãos na fé, me envergonho do pouco que tenho orado e feito, mas ao mesmo tempo me sinto desafiada e motivada a crescer em oração e fé.
Que possamos sair das orações monótonas e conhecer as delícias da intimidade com a pessoa do Senhor Jesus. Que possamos encontrar nosso “Modus vivendis” através da oração do espírito.




[i]  Experimentando as Profundezas de Jesus Cristo através da Oração – Editora dos Clássicos