quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Santifica-os



Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.
E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim;
(João 17:14-20) 

Antes de entrarmos e escavarmos as riquezas desse texto, a oração de Jesus pelos discípulos, gostaria que voltássemos um pouco antes em João 14. Nos versículos 15 e 21, Jesus diz assim: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos...Aquele tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele." Quando tomamos a decisão por Cristo, em aceitá-lo como Senhor e salvador de nossas vidas somos colocados em uma posição se santidade, isso significa que nos tornamos santos, porque agora Cristo habita em nós. Todavia, o processo chamado de santificação, que todo cristão precisa passar dependerá de seu relacionamento intimo com o Senhor Jesus e sua palavra. As palavras ter e guardar estão associadas a obedecer; estes que possuem e guardam são aqueles que amam o Senhor Jesus. Só amamos aquele que nos salvou e agora é Senhor (dono) das nossas vidas se obedecemos seus mandamentos. E a obediência é o processo de santificação na prática, é como nos tornamos cada dia mais semelhantes a Ele. No livro de Levítico e na primeira carta de Pedro Deus nos revela seu propósito, sermos santos porque Ele é santo.
Ante a isso entendemos que o primeiro motivo para nos santificarmos é o amor a Jesus e ao Pai. Quando amamos desejamos agradar a pessoa amada! Conforme a palavra nos mostra já fomos perdoados de todos os pecados e libertos de toda escravidão, contudo, vem a pergunta: Se essa é a verdade, porque ainda não venci determinados pecados, em áreas específicas em minha vida? A resposta está justamento nesses textos que acabamos de ler. Uma vida de intimidade e relacionamento profundo com o Senhor Jesus me fará vencer o pecado, posto que o amarei mais do que o pecado e minha própria vontade. Outra resposta que podemos ver, está no texto de João 17. Aqueles que estabelecemos aliança e caminhamos juntos podem nos ajudar ou nos atrapalhar no processo de santificação.
No primeiro texto que citei Jesus ora ao Pai por seus discípulos, e em sua oração ele cita algo intrigante: "E por eles eu mesmo me santifico a mim mesmo...". Jesus não era santo, e sendo Deus nunca pecou? Porque ele disse que se santificava? Por que o segundo motivo, pelo qual nos dispomos a nos santificar é por amor ao rebanho, por amor aos discípulos que fazemos durante a caminha aqui na terra. Jesus disse, antes de partir, que nossa missão era ir e fazer discípulos conforme o modelo que Ele mesmo deixou, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus era santo e perfeito, mas em sua oração Ele nos deixa um princípio profundo de liderança e discipulado. O bom pastor dá sua vida em favor das suas ovelhas, Jesus se entregou não somente na cruz, mas Ele viveu uma vida de entrega e cruz. E como nosso modelo, por amor ao rebanho, como líder, eu preciso de me santificar para que meus discípulos também sejam santificados.
Isso não significa que todos irão alcançar a medida da excelência, prova disso vemos no próprio discipulado de Jesus, nem todos os discípulos responderam a sua disponibilidade em santidade e revelação, mas Jesus se santificou. Da mesma forma quando vamos exercer liderança (influência) no Corpo de Cristo, na vida na igreja, precisamos entender que nossos discípulos (que são de Cristo) irão crescer à medida que eu crescer, eles irão se santificar à medida que eu me santificar. O líder é o teto do discípulo (pelo menos no início da caminha cristã). Como o próprio nome já diz discípulo é aprendiz. É obvio que em nossa vida cristã aqui na terra, até o momento em que partirmos para a glória estaremos sendo transformados e aprendendo como discípulos de Cristo, todavia o que estou referindo aqui são dos irmãos mais novos, daqueles que estão começando a caminhada com Cristo.
Concluo dizendo que a graça nos dá suporte para vivermos em santidade, fomos salvos pela graça mediante a fé, e é por meio dela que podemos não ser escravos de nossas vontades e do pecado. A graça nos capacita a viver em santidade. A graça nos dá revelação do quanto somos amados de Deus e de quem nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus! A graça nos faz corresponder a esse incondicional e irresistível amor, do Pai por nós. A graça nos faz ser tal como Ele é! Santos e irrepreensíveis! 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Princípios de Autoridade Espiritual - O erro do Líder




E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha.
E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda.
E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos seus irmãos no lado de fora.
Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre ambos os seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai, e os seus rostos estavam virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai.
E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera.
E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos.
E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
(Gênesis 9:20-27)

Acho esse texto muito interessante, o momento após a saída da arca. Sabemos que Noé foi o único homem que Deus encontrou em sua geração para ser usado por Ele, através da vida deste justo a raça humana e várias espécies de animais foram salvas através da arca. Esse texto relata o momento em que Noé planta uma vinha e fabrica vinho, e bebe a ponto de se embriagar. Aqui temos um princípio precioso de autoridade espiritual: "O erro do líder (pai, líder de célula, pastor...) é um teste para seus liderados. A atitude de alguns é publicar e expor que aquela autoridade errou, todavia, a atitude de outros é não expor e não publicar o erro da autoridade. 
A palavra de Deus diz, na carta aos Romanos, que toda autoridade é estabelecida por Deus. Jesus mesmo, ao ser confrontado por Pilatos, afirmou: "O homem nada tem, se do alto não lhe foi dado..". Devemos ser submissos a todas as autoridades, pois esse é o propósito de Deus. Um coração submisso não expões, mas encobre. Um coração submisso entende que o erro do líder atinge todo o corpo (ou família). Um coração submisso sente compaixão e sabe que todos nós estamos sujeitos a cair se não vigiarmos. A atitude de Cão, em expor a nudez do pai foi uma atitude rebelde, pois em seu coração já havia essa raiz. 
Quando utilizo o termo cobrir, não me refiro a ser conivente com o erro da autoridade (líder), ou concordar com o que ele está fazendo, mas quero dizer que não precisamos usar o ocorrido como tema de conversas (fofoca) ou publicar e compartilhar nas redes sociais... Pelo contrário, devo me posicionar contra a atitude errada, mas jamais escarnecer. Nosso amado irmão em Cristo, Watchman Nee, fala sobre o assunto nos esclarecendo sobre a diferença entre rebeldia e desobediência. A rebeldia está ligada ao coração e a desobediência com atitudes. Nee também fala sobre os níveis de autoridade que existe no mundo espiritual[1], nos esclarecendo que os quatro primeiros são invioláveis e os demais violáveis no sentido da obediência. Ou seja, podemos desobedecer quando chocam com os outros níveis (superiores) de autoridade espiritual, ex.: Quando o estado nos proíbe de ser cristãos (que não é o nosso caso), não precisamos protestar (formar uma milícia) ou xingar o governo, mas conforme a palavra, devemos orar por nossos governantes (que também são autoridade sobre nossas vidas) e permanecer firmes na fé em Cristo Jesus, na comunhão, no partir do pão e nas orações.
Meu intuito com essa postagem é nos levar a manter (nutrir) um coração submisso, ao Senhor, à Palavra e a nosso líderes. Posto que, conforme os exemplos bíblicos, a forma como Deus trata a rebeldia é diferente de como ele trata com a desobediência - porque, a rebeldia toca o trono de Deus, e a desobediência toca a santidade. Mais uma vez afirmo, o erro do líder não justifica a rebeldia do liderado. Em termos comuns, um erro não justifica o outro.
Ainda analisando o texto na ótica do líder, quando somos expostos por nossos liderados (nossa nudez é exposta), não devemos amaldiçoar, mas deixar Deus se encarregar de tratar com a pessoa. Noé estava correto em usar sua autoridade para abençoar e amaldiçoar, todavia vivemos em uma dispensação diferente, e como Jesus devemos ter olhos de compaixão. E usar nossos lábios para abençoar!



[1] 1°) Autoridade Soberana; 2°) Autoridade da Palavra; 3°) Autoridade da Consciência; 4°) Autoridade Delegada; 5°) Autoridade Funcional; 6°) Autoridade dos Contratos