“Tenho algo para
comer que vocês não conhecem... A minha comida é fazer a vontade daquele que me
enviou a concluir a sua obra”. (João 4:32 e 34 – Ler 4:1-35)
Lendo
todo o texto desde o versículo primeiro do capítulo quatro observamos algo bem
interessante, antes dessa afirmação transcendente feita por Jesus, muitos
protocolos foram quebrados, muitos paradigmas modificados, pelo simples fato de
que “era-lhe necessário passar por Samaria”.
Desde
a época da divisão do reino (Judá reino do sul, e as outras dez tribos reino do
norte, Israel), que se deu após a morte de Salomão, Roboão assumiu o sul e
Jeroboão assumiu o norte, havia uma rixa muito grande entre judeus (reino do
sul – capital Jerusalém) e samaritanos (reino do norte – capital Samaria).
Isso, porque, conforme os relatos os samaritanos se misturaram, por meio de
casamentos, com os povos das regiões vizinhas, assim se perderam. Após o
retorno do exílio babilônico (do povo judeu – reino do norte) essa rixa ficou
mais intensa, a ponto dos judeus não considerarem os samaritanos como povo de
Deus. O desprezo para com seus irmãos era tão grande que os judeus faziam
questão de cortar caminho para não passar por Samaria, não havia diálogo entre
eles.
Mas,
naquele momento a vontade de Deus era que seu servo Jesus (o Messias) passasse
por Samaria. Como se a quebra desse paradigma não fosse suficiente, Deus queria
que a conversa acontecesse com uma mulher em público.
Deus
é especialista em quebrar protocolos, principalmente aqueles encharcados de
divisões e preconceitos que nos afastam de seu amor incondicional e de sua
maravilhosa graça. Deus não tem compromisso com nosso tradicionalismo
exacerbado e muito menos com a religião que infla o ego. Ele tem compromisso
com sua vontade e seu propósito eterno. “...Deus
escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes...”(I Co 1:27)
Os
discípulos chegaram e se depararam com aquela cena “chocante”, mesmo sem
pronunciarem uma palavra de reprovação para com a atitude do Mestre, seus
pensamentos estavam infestados de questionamentos. Jesus, então, deixa um dos
princípios espirituais mais profundos dos evangelhos. Fazer a vontade daquele
que nos enviou (Jo 15:16) é um tipo de alimento.
Fazer
a vontade de Deus alimenta nosso espírito, e quanto mais o obedecemos somos
fortalecidos em nosso relacionamento pessoal com Ele e nos tornamos
cooperadores de seus planos eternos. Como vocacionados somos alimentados
fazendo a vontade daquele que nos vocacionou. É interessante observar ainda,
não é apenas nós que somos alimentados e fortalecidos, mas o próprio Deus é
alimentado com nossa obediência. Ao compartilhar conosco “...Tenho uma comida para comer que vocês não conhecem...” Ele estava
com compartilhando conosco a fome do coração de Deus.
Deus
está como fome! Ele só será saciado quando encontrar aqui na terra um servo que
faz Sua vontade, para concluir a obra que está em aberto. Deus tem fome de
gente! Deus tem fome de corações quebrantados e famintos por Ele! Deus está com
fome! Ele busca servos que possam aplacar essa fome que só terá fim com o
retorno do Cristo glorificado! Deus está com fome!