quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Tudo que é sólido pode derreter?



Hoje estava assistindo o terceiro filme da trilogia de animação "Toy Story"; fiz uma leitura que ainda não havia feito nos filmes anteriores. A priori, olhando de forma superficial, podemos ver um garoto que não quer desapegar de seus brinquedos e romper com a fase da infância. Todavia as lições deixadas por esse filme infantil são preciosas.

A primeira lição é sobre identidade, os brinquedos de Andy são diferenciados, principalmente o cowboy Woody. Eles tem uma convicção interior que todos nós deveríamos ter "Eu sou amado pelo meu dono". Essa convicção é fruto da identidade formada por meio do relacionamento que estabeleceram com Andy (o dono dos brinquedos). Temos convicção de quem somos, quando temos revelação do amor de Deus por nós "Eu sou amado do Pai", essa convicção vem por meio do relacionamento mantido com o criador, o nosso dono. 
Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: sermos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! Por isso o mundo não nos conhece, porque não o conheceu.
1 João 3:1
Outra lição importante é sobre amizade e companheirismo, os brinquedos dão um baita exemplo de como fazer verdadeiros amigos e como se tornam a família que nasceram de pais diferentes. Amizades sadias que te influenciam para o melhor que você pode ser e fazer, as quais te levam a usar habilidades quem nem você mesmo acreditava que as tinha, com o objetivo de salvar vidas e gerar unidade.
O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão. (Pv 18:24)
Entre todas essas lições e outras mais que podemos absorver, essa é a que considero mais profunda e reflexiva para o momento socio-histórico no qual estamos inseridos: "Nem tudo é descartável"! Em uma cultura do descartável, e do "Quebrou? Compra outro", o filme Toy Story nos mostra que não é bem assim. Aquilo que quebrou pode ser consertado e o mais importante: Pessoas não são descartáveis, relacionamentos não são descartáveis! A sociologia chama essa Era de "Líquida", amor líquido, sociedade líquida...relacionamentos líquidos. Essa infeliz realidade é fruto da decadência moral e da desvalorização daquilo que um dia foi valorizado e chamado de principal. Valores como fidelidade, integridade, respeito... parece que foram desintegrados e se tornaram escassos. 
Entender que a liquidez é uma crítica e não um estado de progresso ou evolução social, deveria gerar em nós o desejo fazer durar, ou ao menos nos esforçar para isso! Dar o nosso melhor em nossos relacionamentos interpessoais.
O valor empregado por Andy a seus brinquedos, nos mostra algo excelente que perdemos, relacionamentos duradouros - sejam amizades, namoros, casamentos. O cuidado empregado para que seus brinquedos se tornassem duráveis, nos traz vergonha ao percebermos a forma como tratamos nossos pais, irmãos, maridos, esposas... 

Outra lição inserida dentro dessa última é gratidão e transferência de legado. Ao entender que sua fase de infância havia acabado, mas que aqueles "tesouros" deveriam ser cuidados por alguém que vive a fase que ele viveu com tanta intensidade, é extraordinário e fundamental. Passar um legado de valores sólidos a quem está começando na vida, em meio a Era da liquidez é nadar contra a maré, deixar um rastro de esperança para as gerações vindouras.

Por último, gostaria de ressaltar a criatividade. O poder que os brinquedos tem de aguçar a mente das crianças é sem dúvidas algo divino. Deus é o criador de todas as coisas, nós fomos feitos à sua imagem e semelhança, não é a toa que temos esse desejo interno de criar e fazer coisas novas (é claro que em alguns casos isso foge dos limites, e acabam tendendo para o mal, mas isso não tira a natureza divina da criatividade), nosso Deus é criativo. 


"Ao infinito e além!" Que as era da eternidade nos revele a infinidade da pessoa de Cristo, dos três.

Eis a questão: tudo que é sólido pode derreter? A resposta pode parecer clichê, mas não vejo outra melhor... DEPENDE DE VOCÊ!