Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé.
(Romanos 1:16,17)
Ontem, no final da aula de Antropologia Cultural, nossa professora nos fez refletir sobre cosmovisão. Como resolver problemas olhando de dentro da cultura do outro. Foi um exercício marcante, creio que para todos da turma. A análise era de um texto do Ronaldo Lidório, extraído do livro: Comunicação missionária - Comparando o universo teísta ocidental com a cosmovisão Konkomba.
O texto é uma pequena parte do capítulo citado, chamado de "Estudo de caso (Mebá)". A situação era a seguinte: Kidiik era um dos presbíteros mais jovens e empolgado com o evangelismo na igreja Konkomba. Sua conversão foi genuína. Certa noite, ao final do culto, ele ousadamente afirmou: "É verdade que Sataná tem poder e vocês o temem como eu temia. Entretanto a Palavra de Deus diz, e eu creio, que aqueles que são nascidos de Deus são protegidos por Deus e o maligno não lhes toca." Assantyin, um dos feiticeiros locais, tomou a palavra causando confusão. Como Lidório não estava presente, um dos evangelistas tentaram apaziguar a situação, e acabou por permitir que Assantyin falasse. Ele então, desafiou a igreja dizendo que, se falassem contra o poder dos fetiches mais uma vez, um deles seria atingido pelo poder dos espíritos. Em outro culto, Mebá (outro ex-feiticeiro, o primeiro de seu clã a se converter) deu o seu próprio testemunho de conversão e afirmou: "É um erro pensarmos que os espíritos malignos não tem poder. Eles tem. Um grande poder de engano. Entretanto, quando enxergamos a luz de Jesus, este poder é ofuscado pelo poderosíssimo poder do Senhor". Muitos se lembraram do que Assantyin havia falado dias atrás, e dois dias depois souberam que Mebá adoeceu gravemente. Contaram a situação ao missionário Ronaldo Lidório, e pelos sintomas estava claro que Mebá havia sido envenenado e a própria família estava certa que a água de um certo pote havia sido envenenada deixando um gosto amargo (essa prática é própria da tribo). Na mesma semana Assantyin enviou um dos seus filhos com uma mensagem à família de Mebá: "Meu pai diz que os espíritos o revelaram o antídoto para curar Mebá pois não tencionaram matá-lo quando o visitaram de noite, apenas fazê-lo cair enfermo para reconhecer o poder dos fetiches. Podem enviar um dos irmãos de Mebá para buscarem o antídoto".
Ante a essa situação vieram as opções do que devia ser feito. Lembrando que o que Ronaldo Lindório fez naquela situação ninguém sabia ainda, e nos foi dada a tarefa de decidir o que faríamos que fossemos os responsáveis nessa situação:
a) Aceitar o antídoto e usá-lo a despeito do embuste. Neste caso poderíamos tentar esclarecer o engodo no futuro a nível de igreja e comunidade tribal desenvolvendo uma teologia embasada no compromisso do crente com a verdade perante o Senhor;
b) Não aceitar o antídoto. Crer na cura divina e fazer saber que Deus, em qualquer situação, é maior que os fetiches;
c) Levar o caso ao conselho dos anciões denunciando Assantyin como autor do envenenamento tentando levá-lo a dar o antídoto e desmascarar seu embuste. Haveria o risco do antídoto ser destruído ou simplesmente ser dado o antídoto errado sendo tudo atribuído no fim, aos espíritos.
A sala ficou dividida ante as opções, incluindo divisões internas nos grupos quanto a decisão. Em meu coração não abria mão da segunda opção, o que vinha na minha mente o tempo todo era o texto bíblico de Elias e os profetas de Ball; a leitura que fiz é que o nome de Deus estava em jogo naquela comunidade tribal (que possuí uma visão sobre Deus e deus muito preto branco, ou Deus é mais poderoso que os espíritos ou os espíritos os são). Muitos argumentos foram levantados, como a possibilidade da morte de Mebá e um possível envergonhar do nome de Deus. Muitos estavam analisando o antídoto como um remédio compro na farmácia, por nós ocidentais (que separamos o espiritual das demais coisas). E em meu interior falava, Senhor, mas é um contexto diferente, e o teu nome está em jogo, tu não deixarias que as trevas vencesse. O apóstolo Paulo afirmou que o teu evangelho é o TEU PODER, para a salvação, e é na manifestação do teu poder que dependemos completamente de ti. É o Senhor quem faz!
E dentro desse diálogo interior que me encontrava, e lembrando de tudo que li e aprendi sobre fé e confiança falava com Deus: Se não levar em consideração a segunda opção estarei agindo em minhas próprias forças e recursos; crer no contrário (conforme minha consciência) é não confiar no Senhor da missão, àqueles que me comissionou. Foram minutos dentro de mim de luta.
Depois que cada grupo colocou suas opiniões nos foi entregue qual decisão Ronaldo Lidório tomou naquela situação, e a paz voltou a reinar no meu coração.
A teologia é muito boa, interessante de se estudar e se considerar, mas ela não explica tudo. A experiência de estar em um campo transcultural é de dependência Dele do inicio ao fim, do chamado ao dia a dia com o povo que se tornou meu. Talvez não entendamos com perfeição o significado da palavra dependência e confiança, por que o cristianismo que temos vivido é até onde nossos pés podem pisar, até onde nossa mão consegue apalpar. Se o missionário não entender essas lições antes de chegar no campo, a dor e pressão serão maiores.
Se a atitude de maior coragem tida pelos missionários ante a uma decisão como essa, foi o confiar em Deus, então que tipo de cristianismo temos pregado / vivido!?
O texto é uma pequena parte do capítulo citado, chamado de "Estudo de caso (Mebá)". A situação era a seguinte: Kidiik era um dos presbíteros mais jovens e empolgado com o evangelismo na igreja Konkomba. Sua conversão foi genuína. Certa noite, ao final do culto, ele ousadamente afirmou: "É verdade que Sataná tem poder e vocês o temem como eu temia. Entretanto a Palavra de Deus diz, e eu creio, que aqueles que são nascidos de Deus são protegidos por Deus e o maligno não lhes toca." Assantyin, um dos feiticeiros locais, tomou a palavra causando confusão. Como Lidório não estava presente, um dos evangelistas tentaram apaziguar a situação, e acabou por permitir que Assantyin falasse. Ele então, desafiou a igreja dizendo que, se falassem contra o poder dos fetiches mais uma vez, um deles seria atingido pelo poder dos espíritos. Em outro culto, Mebá (outro ex-feiticeiro, o primeiro de seu clã a se converter) deu o seu próprio testemunho de conversão e afirmou: "É um erro pensarmos que os espíritos malignos não tem poder. Eles tem. Um grande poder de engano. Entretanto, quando enxergamos a luz de Jesus, este poder é ofuscado pelo poderosíssimo poder do Senhor". Muitos se lembraram do que Assantyin havia falado dias atrás, e dois dias depois souberam que Mebá adoeceu gravemente. Contaram a situação ao missionário Ronaldo Lidório, e pelos sintomas estava claro que Mebá havia sido envenenado e a própria família estava certa que a água de um certo pote havia sido envenenada deixando um gosto amargo (essa prática é própria da tribo). Na mesma semana Assantyin enviou um dos seus filhos com uma mensagem à família de Mebá: "Meu pai diz que os espíritos o revelaram o antídoto para curar Mebá pois não tencionaram matá-lo quando o visitaram de noite, apenas fazê-lo cair enfermo para reconhecer o poder dos fetiches. Podem enviar um dos irmãos de Mebá para buscarem o antídoto".
Ante a essa situação vieram as opções do que devia ser feito. Lembrando que o que Ronaldo Lindório fez naquela situação ninguém sabia ainda, e nos foi dada a tarefa de decidir o que faríamos que fossemos os responsáveis nessa situação:
a) Aceitar o antídoto e usá-lo a despeito do embuste. Neste caso poderíamos tentar esclarecer o engodo no futuro a nível de igreja e comunidade tribal desenvolvendo uma teologia embasada no compromisso do crente com a verdade perante o Senhor;
b) Não aceitar o antídoto. Crer na cura divina e fazer saber que Deus, em qualquer situação, é maior que os fetiches;
c) Levar o caso ao conselho dos anciões denunciando Assantyin como autor do envenenamento tentando levá-lo a dar o antídoto e desmascarar seu embuste. Haveria o risco do antídoto ser destruído ou simplesmente ser dado o antídoto errado sendo tudo atribuído no fim, aos espíritos.
A sala ficou dividida ante as opções, incluindo divisões internas nos grupos quanto a decisão. Em meu coração não abria mão da segunda opção, o que vinha na minha mente o tempo todo era o texto bíblico de Elias e os profetas de Ball; a leitura que fiz é que o nome de Deus estava em jogo naquela comunidade tribal (que possuí uma visão sobre Deus e deus muito preto branco, ou Deus é mais poderoso que os espíritos ou os espíritos os são). Muitos argumentos foram levantados, como a possibilidade da morte de Mebá e um possível envergonhar do nome de Deus. Muitos estavam analisando o antídoto como um remédio compro na farmácia, por nós ocidentais (que separamos o espiritual das demais coisas). E em meu interior falava, Senhor, mas é um contexto diferente, e o teu nome está em jogo, tu não deixarias que as trevas vencesse. O apóstolo Paulo afirmou que o teu evangelho é o TEU PODER, para a salvação, e é na manifestação do teu poder que dependemos completamente de ti. É o Senhor quem faz!
E dentro desse diálogo interior que me encontrava, e lembrando de tudo que li e aprendi sobre fé e confiança falava com Deus: Se não levar em consideração a segunda opção estarei agindo em minhas próprias forças e recursos; crer no contrário (conforme minha consciência) é não confiar no Senhor da missão, àqueles que me comissionou. Foram minutos dentro de mim de luta.
Depois que cada grupo colocou suas opiniões nos foi entregue qual decisão Ronaldo Lidório tomou naquela situação, e a paz voltou a reinar no meu coração.
A teologia é muito boa, interessante de se estudar e se considerar, mas ela não explica tudo. A experiência de estar em um campo transcultural é de dependência Dele do inicio ao fim, do chamado ao dia a dia com o povo que se tornou meu. Talvez não entendamos com perfeição o significado da palavra dependência e confiança, por que o cristianismo que temos vivido é até onde nossos pés podem pisar, até onde nossa mão consegue apalpar. Se o missionário não entender essas lições antes de chegar no campo, a dor e pressão serão maiores.
Se a atitude de maior coragem tida pelos missionários ante a uma decisão como essa, foi o confiar em Deus, então que tipo de cristianismo temos pregado / vivido!?