sexta-feira, 24 de julho de 2020

Escatologia IX – A Grande Tribulação


Ouve-se o júbilo de todos os povos. Os reis se dobraram ao Senhor. Ouve-se um brado de vitória, o dia do Senhor chegou! Ouve-se em todos os povos que um novo Rei surgiu. Impérios reconhecem que sua destra reinará.
Leão de Judá, Leão de Judá, Leão de Judá, prevaleceu!
(Marcos Goés)





A linha teológica que temos trabalhado, nessa sequência de estudos, ficou conhecida por muito tempo como sendo pessimista. Isso se deu por falta de um entendimento completo da teologia do sofrimento, os frutos que ela produziu foi de desleixo para com a Terra, a criação e a forma como as pessoas viviam o presente. Mas Deus tem trago nesses últimos tempos clareza de entendimento e sabedoria para compreender a interpenetração entre martírio / perseguição e glória / avivamento. O período de maior escuridão e pressão sobre a terra será também o período de maior glória e manifestação do poder de Deus em milagres, livramento e curas sobrenaturais. O martírio e o avivamento andam de mãos dadas! Esse é um dos maiores paradoxos das escrituras. 

Como falamos anteriormente, O Grande e Terrível dia do Senhor abarca uma série de acontecimentos, um deles é o tempo do juízo de Deus, chamado nas escrituras de Grande Tribulação. Esse tempo é descrito na Bíblia com duração de 3 anos e meio (Daniel 9:27) / tempo, tempos e meio tempo (Daniel 7:25 e 12:7) / 1260 dias (Apocalipse 11:3 e 12:6) / 42 meses (Apocalipse 11:2 e 13:5). Será a metade do governo do Anticristo, momento pelo qual a aliança de paz com Israel será quebrada e haverá grande perseguição contra os judeus e a todos que se opuserem a esse governo maligno. 

Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho. 
(Hebreus 1:1) 

Em Hebreus 1, o escritor fala de dois tempos em que podemos dividir a história do homem, ou os períodos expressos na Bíblia: 1) A primeira aliança – O tempo em que Deus falava por meio dos profetas; 2) Últimos dias – O período que se iniciou a partir da encarnação. O tempo em que Ele tem falado por meio do filho. Dentro dos últimos dias mencionado no texto de Hebreus temos a divisão em dois tempos: 

O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes
(Isaías 61:1-2) 

A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos. 
(Lucas 4:19-21) 

1) ANO ACEITÁVEL – Esse é o período de tempo dos últimos dias falado em Hebreus. Perceba que Jesus parou o versículo no meio. Ele para no Ano aceitável do Senhor. Esse tempo, segundo a Torá é o ano do Jubileu, era o período em que os escravos eram libertos, as terras eram devolvidas. Isso foi o que aconteceu através da cruz; essa foi a primeira vinda, a proclamação de salvação e libertação. Por isso que Ele fala que as escrituras se cumpriram nesse versículo. 

2) DIA DA VINGANÇA – A vingança pertence ao Senhor (Deuteronômio 32:35 / Romanos 12:19). É interessante essa parte pelo fato de associarmos à Deus somente amor e graça, mas a vingança e juízo pertencem à Ele. A Bíblia fala que a vingança não pode ser praticada por nós, porque somos injustos e parciais, não conseguimos ver o todo como Deus vê. Portanto, o martírio dos santos, as injustiças sofridas pelo órfão e pela viúva, a maldade desregrada que aumenta a cada dia não ficará impune. Toda maldade praticada em todas as gerações estão enchendo as taças da ira do nosso Deus. Seremos perseguidos e humilhados, mas o Senhor pedirá prestação de contas. O dia do Senhor está chegando, o tempo da misericórdia e da graça está chegando ao fim. Muitos se equivocam pensando que Jesus veio nos salvar do inferno e do diabo, mas na verdade o Filho nos salvou a ira do Eterno. Deus nos deu seu filho para nos salvar Dele mesmo, da sua ira. O sangue de Jesus é suficiente para sermos salvos de DEUS (João 3:36). 


Viveremos novamente o livro de Êxodo[1] e Atos


Os três anos e meio de Grande Tribulação será uma mistura do livro de Êxodo e do livro de Atos dos Apóstolos. Com certeza, o leitor se lembra da narrativa da libertação de Israel do Egito, de como Deus derramou seus juízos sobre aquela terra e o povo Dele foi protegido e livrado. Assim também será durante a Grande Tribulação, haverá separação entre aqueles que pertencem ao Cordeiro e aqueles que aceitaram a marca da Besta, ou decidiram em seu coração adorar o Anticristo e seu governo. Por que temos essa certeza? Porque Deus já derramou a ira dele sobre o cordeiro, e hoje estamos Nele, já não há mais ira sobre quem é povo Dele. 

É possível visualizar em meio a todo o caos dos juízos sendo derramados e o povo de Deus sendo guardado e os não salvos se rendendo a Cristo ante a esses milagres, como aconteceu com muitos egípcios durante o período de derramamento das pragas. É possível perceber, baseado na experiência da Igreja de Atos e de diversos países que vivem debaixo de perseguição e martírio hoje, a resposta de maturidade do povo de Deus em alinhamento à Sua vontade, intensidade na oração e pregação da palavra. Já ouvi muitos irmãos dizerem: “Como seria maravilhoso voltarmos a ser como a Igreja primitiva! Que grande poder de Deus manifesto! Como eu gostaria de ter vivido nesse tempo!”. Quero te dizer irmão, esse período vai voltar e se chama Grande Tribulação! O Êxodo com seus juízos foi um evento local, Apocalipse e seus juízos será um evento global. 

Além das dificuldades causadas pelos juízos, deixando a Terra em difíceis condições de sobrevivência a Igreja experimentará o martírio. Muitos irmãos derramarão suas vidas no altar do Senhor, durante esse tempo. O Anticristo e seu governo matarão muitos judeus e cristãos. Alguns teólogos[2] afirmam que possivelmente haverá campos de trabalho forçado (como os que foram criados durante a Segunda Guerra Mundial – campos de extermínio). 

Será durante esse tempo que a Igreja terá oportunidade de servir Israel, de forma mais efetiva e visível. Hoje é possível sermos engajados em oração e alcance desse povo não alcançado por meio do evangelho, todavia durante a Grande Tribulação haverá grande perseguição e massacre de judeus e será um momento de agir em favor do povo judeu. Há também aqueles que já se fazem presente na região conflituosa do Oriente Médio como força missionária e de ajuda humanitária, socorrendo povos curdos, árabes e judeus. Servindo esses povos que fazem parte da última fronteira (janela 10/40). 


A Terrível profanação / Abominação da desolação
“O governante fará um tratado com muitos por um período de uma semana[3], mas depois de metade desse tempo ele acabará com os sacrifícios e com as ofertas. E, numa parte do templo, ele colocará uma terrível profanação, até que o destino declarado para esse profanador seja finalmente derramando sobre ele.” 
(Daniel 9:27) 
“Chegará o dia em que vocês verão aquilo de que o profeta Daniel falou, a terrível profanação que será colocada no lugar santo. (Leitor, preste atenção!)” 
(Mateus 24:15) 


Esse é o evento que marcará o início da Grande Tribulação. Em Apocalipse 13 temos o relato do aparecimento do Anticristo e do Falso profeta – a besta que sai do mar e a besta que sai da terra – no verso 14 fala que o falso profeta ordena a construção de uma grande estátua para o Anticristo. Aqui temos uma progressão do que Daniel viu, a grande profanação. Por que esse nome? 

É importante lembrarmos que o Templo em Jerusalém sempre foi um local sagrado para os judeus, de todas as eras, por que representava o local da manifestação da presença de Deus. Atualmente não temos o Templo, mas ruínas do pátio do segundo templo, o que mundialmente conhecemos como “Muro das lamentações”. Será uma grande profanação, por que como afirmou Jesus, um objeto de adoração (ao Anticristo) será colocado no lugar santo (local onde ficava a Arca da Aliança). É fato que já tivemos outros tipos de profanações na antiguidade, tanto no primeiro como segundo templo cometido por muitos reis israelitas como também por gentios. A mais conhecida profanação gentia foi a causada pelo decreto de Antíoco IV, que introduziu o culto a Zeus no templo, proibiu os sacrifícios estabelecidos pela Torá e estabeleceu o sacrifício de porcos e outro animais considerados impuros (profanos) para os judeus. 

Alguns teólogos e comentadores acreditam que para que essa profecia se cumpra será necessária a construção do terceiro Templo em Israel, outros dizem que não é necessário, pode-se usar o local do templo – que hoje é disputado tanto por judeus quanto por mulçumanos e cristãos. Atualmente, o que está construído nesse local é uma mesquita que no momento está desativada, mas muitos líderes do islã pretendem ativa-la novamente[4]


Os Juízos de Deus[5]

Antes de começar, gostaria de ressaltar o estilo literário do livro de Apocalipse, a literatura judaica de modo geral tem aspectos muito peculiares que é possível observarmos nesse último livro da Bíblia. Um deles é a repetição, a narrativa dos acontecimentos termina no capítulo 11, o restante é apenas repetição, ou ênfases em personagens (como as bestas – Anticristo e Falso profeta; As duas testemunhas, A grande prostituta, A mulher e o dragão...) e desdobramentos dos juízos de Deus. Portanto é importante entender que os juízos se abrem da seguinte forma: 7 Selos, dentro do 7° Selo temos 7 Trombetas e dentro da 7° Trombeta temos as 7 Taças, o retorno de Jesus nas nuvens, o milênio e a eternidade. 

É interessante observar que antes da abertura dos juízos de Deus há uma cena importante no céu, uma solenidade. Apocalipse 5, 7 e início do 8[6], o início da abertura dos selos e a preparação para a abertura do sétimo selo. 

Sete Selos 

Os dispensacionalistas afirmam que parte desses selos, os quatro primeiros, já foram abertos desde o dia em que Jesus voltou ao céu, após a ressurreição. É fato que essa forma de interpretar faz muito sentido, todavia, é incerto em relação à cronologia bíblica. 

Já os históricos acreditam que nenhum deles ainda foi aberto, posto que tudo se iniciará quando o Anticristo aparecer e assumir o governo. Nessa linha de entendimento os Selos seriam: 1) Cavaleiro no cavalo Branco – o Anticristo, o falso messias; 2) Cavalo vermelho – Guerra; 3) Cavalo preto – Fome; 4) Cavalo amarelo esverdeado – Morte; 5) Os mártires no altar de Deus – clamam por justiça; 6) Sol escuro e terremotos – será literal, mas o texto mostra algo claro: “os reis da terra, os governantes, os ricos, os poderosos, os escravos...todos se esconderam....e gritaram à montanhas e às rochas: Caiam sobre nós e escondam-nos da face daquele que está sentado no trono e da ira do Cordeiro!” todos vão saber que o dia da ira chegou. 7) Abertura das 7 Trombetas. 

Sete Trombetas

É válido ressaltar que é de comum entendimento entre os teólogos que as trombetas serão os juízos derramados sobre toda a terra, enquanto que as 7 taças será um juízo local sobre Jerusalém, o local onde o Anticristo estará governando. 

As primeiras quatro são juízos sobre a criação. É importante ressaltar aqui a fala de vários teólogos e até mesmo leigos no assunto que questionam se essas trombetas não seriam o que já estamos vivendo em relação aos impactos ambientais causados pelo homem, todavia a narrativa bíblica mostra que será algo sobrenatural, vindo da parte de Deus: 1) Granizo e fogo misturado com sangue[7] – 1/3 das árvores e relva queimados; 2) Algo parecido com uma montanha – 1/3 do mar se transformará em sangue, morte de 1/3 dos animais marinhos e navios; 3) Estrela Amargor[8] (Absinto) – 1/3 da água doce contaminada; 4) Sol, lua e estrelas[9] – 1/3 do dia sem luz. 

As três últimas trombetas serão juízos sobre os seres humanos. Reafirmo aqui, que não serão eventos naturais, a descrição bíblica traz algo fora do comum: 5) Gafanhotos-escorpiões[10] – detalhe importante, a ordem foi para atormentar humanos, durante cinco meses, causando dor. A narrativa afirma que os seres humanos vão desejar a morte, mas ela não virá. Esse “exército” será liderado por Apoliom (Destruidor); 6) 1/3 da humanidade morta – Apocalipse 9:14-15[11] fala de quatro anjos (provavelmente anjos caídos) específicos, guardados para esse dia. Esses anjos vão liderar exércitos de demônios que da boca de seus cavalos vão sair três pragas: fogo, fumaça e enxofre; e a cauda desses cavalos vai ferir os homens. 

Esses dois últimos juízos parecem a narrativa de alguns filmes e séries de ficção como Senhor dos Anéis e Games of Thrones, com um pouco mais de terror e realidade, é claro. Todavia, é válido ressaltar que mesmo com todo esse terror e sofrimento, haverá seres humanos que não vão se render ao Cordeiro (Ap 9:20-21). 

A sétima trombeta é o anúncio do retorno de Jesus nas nuvens e do final da grande tribulação com o derramar das 7 taças e Jesus assumindo o governo mundial, sentando no trono de Davi em Jerusalém. 

Sete Taças

Como já citado acima, o entendimento é de que esses juízos serão derramados sobre Jerusalém, durante o final do governo do Anticristo. Essas taças saem de dentro do templo do Senhor: 1) Feridas Terríveis – sobre todos aqueles que aceitaram a marca da besta; 2) Mar transformado em sangue; 3) Toda água potável (rios) transformou-se em sangue; 4) Sol – as pessoas foram queimadas pelo intenso calor do sol; 5) Juízo sobre o trono da besta – praga da escuridão; 6) Rio Eufrates – as águas secaram para que os governantes passassem e se reunissem para a batalha final no vale de Josafá (Ap 16:15); 7) “Está terminado!” – Queda da Grande Babilônia. Fiz do sistema humano (rebelde) que foi estabelecido desde Gênesis (Babel) e inicio do governo messiânico e preparação para a descida da cidade eterna a Nova Jerusalém. 



O Grande dia está chegando, nosso esposo está chegando. Que nosso desejo seja conhecê-lo desde já e amar sua graça e seus juízos. O termo “Conhecer” na Bíblia tem a conotação de Aliança de casamento, principalmente na cultura judaica o compromisso de casamento podia acontecer por muito tempo antes da consumação, e esse compromisso não era simplesmente noivado já era parte do casamento. Foi essa a situação de José e Maria. No grego não há a palavra “noiva”, o que temos é “esposa de Cristo”. Jesus já é casado com a Igreja, Ele está voltando para consumar o casamento. 

É interessante que somos Igreja, a esposa de Cristo, mas o Senhor tem chamado nos últimos tempos aqueles que serão os amigos do noivo (João 3:29), João Batista, aqueles que irão preparar o caminho para o retorno do noivo. 



Maranata!



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[1] Se você quiser se aprofundar mais nesse tema leia o livro: Páscoa – Dan Juster; editora Impacto.
[2] Dalton Thomas, Joel Richardson e Samuel Whitefield.
[3] Lembre-se que nesse texto está fazendo referencia às 70 semanas de Daniel, que correspondem a 70 semanas de anos. Portanto uma semana corresponde a sete anos, na metade dos 7 anos, 3 anos e meio, o Anticristo (esse governante) colocará no Templo a grande profanação.
[4] Presidente da Turquia, leia a notícia em: https://oglobo.globo.com/mundo/sob-protestos-internacionais-decreto-de-erdogan-transforma-museu-de-santa-sofia-em-mesquita-24525626
[5] Essa parte estarei citando Apocalipse 6,8-9, 11 e 16. Sugiro que o você faz a leitura dos textos na sua Bíblia.
[6] Farei uma postagem específica falando sobre essas cenas.
[7] Alguns afirmam que pode ser a erupção simultânea de vários vulcões.
[8] Alguns afirmam que será um meteoro.
[9] Alguns afirmam que essa trombeta será consequência das três anteriores, posto que uma sequência de erupções vulcânicas, um meteoro e outros tipos de explosões gerarão muita fumaça a ponto de tampar todos os astros.
[10] Teólogos interpretaram por muito tempo como sendo exércitos humanos ou algo parecido, mas em minha opinião o pr. Aluízio Silva trouxe a imagem mais exato do que serão esses seres, demônios que atormentarão as pessoas no físico. Hoje não vemos a atuação demoníaca, mas nesse tempo será algo visível.
[11] Judas 1:6



sexta-feira, 17 de julho de 2020

Escatologia VIII – Arrebatamento secreto?



Vem Jesus, vem Jesus, Marata, ora vem Senhor Jesus!
(Ministério Aviva)








A história da escatologia, em especial no Brasil, sofreu uma forte influência de escritos fictícios que se aliaram ao medo causado por alguns aspectos da teologia pré milenista histórica. O resulto disso foi um abraçar, quase completo, do dispensacionalismo, doutrina que surgiu durante o século XIX no Reino Unido. Essa doutrina foi adotada em especial, pelas igrejas pentecostais e neopentecostais no Brasil, como também várias denominações de outros países. 

A palavra dispensação vem do grego iokonomia, administração ou economia. Essa linha de entendimento e interpretação escatológica divide a história de Deus na história do homem em dispensações[1]; todavia a parte do ensino mais propagado através dessa doutrina foi a existência de um arrebatamento secreto. Ou seja, Jesus viria de “surpresa” (antes do início da Grande Tribulação) e nas nuvens após a Grande Tribulação, onde “todo olho o verá”. 

Quatro motivos que me fazem desacreditar no arrebatamento secreto pré tribulacionista 

1) A DOUTRINA EXISTE HÁ MENOS DE TRÊS SÉCULOS[2][3]

Inicialmente a doutrina foi elaborada por John Nelson Darby, fundamentada nas visões da adolescente Margaret MacDonald[4]. O dispensacionalismo é o fundamento teológico da série fictícia “Deixados para trás”, que vendeu mais de cinquenta milhões de exemplares de livros e foi transposta para vários tipos de mídia, incluindo uma série de três filmes. Portanto leitores, a doutrina de um arrebatamento secreto pré-tribulacional nunca existiu antes de 1830. 

Dave MacPherson escreveu sobre o tema do arrebatamento secreto o seguinte relato: “Temos visto que uma jovem escocesa chamada Margaret Macdonald teve uma revelação particular em Port Glasgow, Escócia, no começo de 1830, de que um grupo seleto de cristãos seria capturado para encontrar Cristo nos ares, antes dos dias do Anticristo. Uma testemunha ocular, Robert Norton M.D., preservou o relato escrito a mão por ela da sua revelação de um arrebatamento pré-tribulacional em dois de seus livros, e disse que foi a primeira vez que alguém dividiu a segunda vinda em duas partes ou estágios distintos.” Segundo o mesmo autor, os escritos dessa nova doutrina, entre outros escritos da Igreja Católica Apostólica ficaram escondidos por várias décadas. 

John Nelson Darby, irlandês, líder do movimento Irmãos e “Pai do dispensacionalismo moderno”, tomou os ensinos de Margaret, fez algumas mudanças[5] e incorporou-o em seu entendimento dispensacionalista das escrituras. A divulgação e propagação dessa doutrina deu-se por meio de uma bíblia comentada por Cyrus Ingerson Scofield[6] (1843- 1921). Concomitantemente os eventos, palestras e seminários abertos nessa linha propagaram ainda mais a “nova doutrina”. 


2) NÃO TEM FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA 

Primeira consideração importante, o método hermenêutico da doutrina do arrebatamento secreto não segue o método de interpretação judaico das escrituras – a Midrash – que utiliza o sentido simples e literal do que está escrito. Ou seja, lendo os textos que fazem referencia a um tipo de arrebatamento o leitor nunca chegaria a conclusão da existência de dois (um secreto e outro visível). O autor Hal Lindsey, defensor do pré-tribulacionismo[7], admite que sua crença não baseia-se no sentido simples e literal das escrituras. Ele afirma que nenhuma texto Bíblico consegue mostrar com clareza que haverá um arrebatamento secreto e antes da tribulação. Vejamos alguns textos muito usados para basear essa teoria: 

Dizemos a vocês, pela palavra do Senhor: nós, os que ainda estivermos vivos quando o Senhor voltar, não iremos ao encontro dele antes daqueles que já morreram. Pois o Senhor mesmo descerá do céu com um brado de comando, com a voz do arcanjo e com o toque da trombeta de Deus. Primeiro os mortos em Cristo ressuscitarão. Depois, com eles, nós, os que ainda estivermos vivos, seremos ARREBATADOS nas nuvens ao encontro do Senhor nos ares. 
(I Tessalonicenses 4:15-17) 

Nesse texto percebemos que o arrebatamento será nos ares, nos encontraremos com Cristo. Eles estará vindo e nos encontraremos com Ele, primeiro os que morreram em Cristo, depois nós, os que estivermos vivos quando esse momento acontecer. Ao final do versículo 16, vemos que será ao toque da trombeta, se olharmos em Apocalipse 11:15-19 e 19:11-21, a trombeta que Paulo está se referindo é a sétima, descrita por João. É ao final da Grande Tribulação, quando Jesus desce do céu nas nuvens. Outro texto usado para afirmar uma vinda secreta de Jesus é a continuação desse mesmo texto de Tessalonicenses: 

Não é necessário, irmãos, que eu lhes escreva sobre quando e como tudo isso acontecerá, pois vocês sabem muito bem que o dia do Senhor virá inesperadamente, como ladrão à noite. [...] Mas vocês, irmãos, NÃO ESTÃO NA ESCURIDÃO A RESPEITO DESSAS COISAS e não devem se surpreender quando o dia do Senhor vier como ladrão. Porque todos vocês são filhos da luz. Não pertencemos à escuridão e à noite. Portanto, fiquem atentos; não durmam como os outros. Permaneçam atentos e sejam sóbrios. 
(I Tessalonicenses 5:1-6) 

A perícope do texto inicia no capítulo 4, se formos olhar o contexto do texto, Paulo continua falando sobre o que ele começou anteriormente, o Dia do Senhor, que trará consigo a ressurreição dos mortos e o retorno de Jesus nas nuvens. O Dia do Senhor virá como ladrão para aqueles que não são Igreja, para aqueles que não estão na luz. 
Outro texto bastante usado para apresentar e fundamentar a doutrina do arrebatamento secreto é parte do discurso de Jesus sobre o fim dos tempos: 

Contudo, ninguém sabe o dia nem a hora em que essas coisas acontecerão, nem mesmo os anjos no céu, nem o Filho. Somente o Pai sabe. Quando o Filho do Homem voltar, será como no tempo de Noé. Nos dias antes do dilúvio, o povo seguia sua rotina de banquetes, festas e casamentos, até o dia em que Noé entrou na arca. Não perceberam o que estava para acontecer até que veio o dilúvio e levou todos. Assim será na vinda do Filho do Homem. Dois homens estarão trabalhando juntos no campo; um será levado, e o outro, deixado. [...] 
(Mateus 24:36-40) 

Jesus termina seu discurso sobre os acontecimentos do Dia do Senhor no v. 31, e então entre duas parábolas ele insere a referencia dos dias de Noé para mostrar como serão difíceis os dias da Grande Tribulação. E se observarmos o contexto do texto os que foram levados não tem uma conotação positiva, mas negativa, como foi no dilúvio. Quem foi deixado foi quem sobreviveu, quem foi levado pelo dilúvio pereceu. Portanto, quando usamos o princípio básico de interpretação, considerar o contexto do texto, percebemos que em nenhum momento há menção de um arrebatamento secreto na fala de Jesus. 


3) UMA DOUTRINA DE PAZ E SEGURANÇA QUE NÃO CONDIZ COM A HISTÓRIA DA IGREJA 

O martírio sempre fez parte da história da Igreja, e Deus sempre foi glorificado através desse processo. As escrituras afirmam que o tempo de Grande Tribulação será um tempo que nunca houve outro antes, os dias serão abreviados (3 anos e meio) para que haja sobreviventes. O Martírio é o que Tertuliano afirmou: “O sangue dos mártires é a semente da igreja”; O que os irmãos morávios confirmaram através de seu testemunho: Que o cordeiro recebe a recompensa de seu sofrimento. Existem sofrimentos pelo Cristo que o apóstolo Paulo participou e que Pedro diz que podemos ser participantes: 

Agora que alegro nos meus sofrimentos por vós e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, em benefício do seu Corpo, que é a Igreja. 
(Colossenses 1:24) 
Amados, não se surpreendam com as provações de fogo ardente pelas quais estão passando, como se algo estranho lhes estivesse acontecendo. Pelo contrário, alegrem-se muito, pois essas provações os tornam participantes dos sofrimentos de Cristo, a fim de que tenham a maravilhosa alegria de ver sua glória quando ela for revelada. 
(I Pedro 4:12-13) 

Não estou afirmando que todos nós seremos mortos por amor a Jesus, mas precisamos desenvolver em nosso coração o espírito do martírio. Viver Cristo e ter a morte como lucro. Uma vida de entrega total, o derramar de tudo que temos de mais precioso aos pés do mestre. A Igreja do fim dos tempos estará preparada com o espírito de martírio desenvolvido em amor intenso ao Senhor. Nosso irmão Dalton Tomas traz com muita profundidade o exemplo de martírio de Maria de Betânia: 

Amigos, eu pergunto a vocês: a herança de vocês em Cristo é maior do que tudo o que vocês têm na terra? Oh, pela graça de amá-lo com tamanho abandono! Você derramará aos pés dEle o que você tem de mais precioso? Você dará a si mesmo por completo a Ele e não se importar quando o mundo lhe escarnecer: “Vejam como ele está jogando fora a sua vida”, ou “Que desperdício de tempo e energia”. Que persistamos em meio à vergonha terrena e deixemos tudo por uma maior herança celestial. 
[...] 
Embora ela nunca tenha dado um testemunho de mártir em sua morte (pelo menos é o que sabemos), Maria de Betânia exemplifica o espírito de martírio de forma mais clara do que qualquer um no Novo Testamento (é por isso que Jesus mandou que os seus discípulos contassem a história dela a todos os povos e nações a onde eles fossem enviados). A fragrância da devoção dela profetizou o sacrifício daqueles futuros mártires presentes na sala naquela noite. Por meio daqueles jovens rapazes, “o aroma de Cristo” seria difundido entre as nações nas quais mais tarde eles sangrariam. 
Os discípulos nunca se esqueceriam do aroma daquele perfume. A memória de sua fragrância e a devoção que ela representava permaneceu com eles até o dia em que eles derramaram as suas próprias veias na mesma paixão santa que tomou conta dessa preciosa mulher de Betânia. Maria derramou seu óleo. Os discípulos derramaram o seu sangue. Aos olhos do Senhor, ambas as ofertas eram belas, não simplesmente porque elas eram custosas, mas porque elas eram motivadas pelo amor. Esse é o verdadeiro espírito do martírio. 

Esse será o espírito da Igreja do fim dos tempos, não temeremos a morte, porque vida e morte fazem parte de uma mesma realidade. Deus é glorificado e mais vidas são acrescentadas ao Corpo de Cristo. 

4) DESCONSIDERAÇÃO DA LEI E DOS PROFETAS[8]

Segundo Darby a “idade da Lei” havia acabado na cruz e que a “idade da Graça” e consequente a igreja tinha começado na cruz. E com a Grande Tribulação, segundo ele, a idade da graça termina e volta a idade da lei. Aqui surgiu um problema para a teologia de Darby, como a lei voltaria se a igreja continuaria na terra durante a Grande Tribulação, é onde ele supõe que toda a igreja será retirada da terra e só ficarão os judeus. Outro ponto controverso seria os judeus crentes: eles seriam arrebatados com a igreja ou ficariam com os outros durante a Grande Tribulação? Darby, então, apresenta uma suposta solução: a dicotomia entre Israel/Igreja. Esta teoria ensinava que um judeu que se tornava crente no Messias passava a fazer parte da Igreja e não era mais parte de Israel. Como resultado disto, ninguém poderia ser parte tanto da Igreja quanto de Israel. Segundo esta teoria, judeus crentes deixariam de ser judeus e se tornariam parte da Igreja de Deus, que ele ensinava conter pessoas que não eram nem judeus nem gentios. 


Meu objetivo aqui não é trazer convencimento, mas uma atenção maior ao checar os textos bíblicos e analisar se nosso coração está mais ligado ao que aprendemos por tanto tempo ou àquilo que o texto está realmente dizendo. No seminário, onde tive minha primeira formação teológica, fui ensinada na linha dispensacionalista. Durante esse período de pandemia e isolamento social tenho dedicado meu tempo no estudo das escrituras e pude perceber que aquilo que Deus me revelou aos dez anos de idade, lendo Apocalipse e outros textos escatológicos, é que a Igreja estará presente durante a Grande Tribulação. Estaremos junto com as duas testemunhas, em Jerusalém, pregando que o Rei está voltando. Que nesses dias nosso coração venha se encher de amor pelo Cristo. 



Maranata 




[1] Normalmente são sete: Inocência / Consciência / Governo Humano / Promessa / Lei / Graça / Reino. Há outras formas mais reduzidas dessa divisão, como também algumas variações nessas divisões.

[2] Essa doutrina nunca foi ensinada pelos pais da Igreja e muito menos pela tradição judaica que acompanhavam os apóstolos do primeiro século.

[3] Informações retiradas do PDF de Eliezer Lucena de Castro.

[4] Profeta de uma seita católica chamada Irvingita. Os irvingitas são os seguidores de um famoso pregador de Londres, Edward Irvig. A nova denominação Igreja Católica Apostólica não foi fundada por ele, mas certamente recebeu sua influência.

[5] Margaret afirmava que apenas parte dos crentes participariam do arrebatamento secreto, Nelson cria que todos salvos seriam arrebatados.

[6] C. I. Scofield publicou sua Bíblia de Referência Scofield em 1909.

[7] Pré-Tribulacionista: Crê no arrebatamento (parcial ou total da Igreja) antes da Grande Tribulação; Pós-Tribulacionista: Crê no arrebatamento ao final da Grande Tribulação. As duas linhas são consideradas Pré Milenistas, a primeira dispensacionalista e a segunda Histórica.

[8] Considerações do Dr. James S. Trimm – um judeu messiânico.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Escatologia VII - O Anticristo


O Pai me adotou, seu amor me encontrou.
Eu era órfão, hoje sou filho.
Meu Pai me ama e eu sou dele para sempre e nada vai me separar do seu grande amor.
(Ton Molinari)




A palavra no original é a combinação de duas palavras gregas: 1) Anti = “Substituir” (se colocar no lugar) ou “Em oposição de” (se colocar contra). O termo é usado para se referir a pessoas ou sistemas religiosos que agem como falsificação (substituição) ou oposição a Jesus, o Ungido (Cristo) de Deus. Nas escrituras temos, portanto, a palavra anticristo usada para pessoas com falsa unção, chamados de “o espírito do anticristo”, que atuou em todas as gerações. E, por fim, temos “O Anticristo” referindo-se ao homem que existirá no Fim dos Tempos[1]. É por conta disso que muitos teólogos acreditam que o Anticristo já veio, ou existiu um em cada geração. Isso não está de todo errado, todavia, haverá um homem que se levantará no fim dos tempos.
O Anticristo, também chamado por Paulo de “o homem da iniquidade”, “o filho da perdição”, “o iníquo” (II Tessalonicenses 2:3-4). Outros nomes usados para se referir a ele são: O Assírio (Miquéias 5), Gogue de Magogue (Ezequiel 39), em Daniel ele é chamado de Profanador (Daniel 7:27). No livro de Apocalipse é a Besta que saiu do mar.

E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia.
[...] E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela? E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses.
E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu.
E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação. E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. [...] E vi subir da terra outra besta [...]
E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta.
E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome.
Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.
(Apocalipse 13:1-2, 4-8,11, 15-18)

O livro de Apocalipse vai apresentar ao leitor uma trindade satânica, composta pelo Dragão, o Anticristo e o Falso Profeta. A besta que surge do mar é o Anticristo, o líder político, e a besta que surge da terra é o Falso Profeta, o líder religioso. Chifres e diademas, chifre na Bíblia tem o significa de autoridade e poder, as diademas apontam para glória e honra[2]. Observe como as referências e descrições ao Anticristo são semelhantes às do livro de Daniel:

Seu exército tomará a fortaleza do templo, contaminará o santuário, acabará com os sacrifícios diários e colocará ali uma terrível profanação.
(Daniel 11:31)
O rei fará o que bem entender, se exaltará e afirmará ser maior que todos os deuses chegará a blasfemar contra o Deus dos deuses. Terá êxito, mas apenas até que se complete o tempo da ira; pois aquilo que foi determinado certamente acontecerá. Ele não respeitará os deuses de seus antepassados, nem o deus preferido das mulheres, nem deus algum, pois dirá que é maior que todos eles.
(Daniel 11:36-37)
...Passará um tempo, tempos e meio tempo... A partir do momento em que o sacrifício diário for suspenso a terrível profanação for colocada ali, haverá 1290 dias. Feliz aquele que esperar e permanecer até o fim dos 1335 dias.
(Daniel 12:11-12)

Esse mesmo texto é citado por Jesus em Mateus 24, como também por Paulo em Tessalonicenses. Portanto, haverá aliança entre dez nações (dez chifres) que dará base política, econômica e militar para o Anticristo[3] e no momento em que ele celebrar um tratado de paz com Israel (Daniel 9:27) teremos a última semana (das “70 semanas de Daniel”) e na metade dessa semana ele quebrará o acordo e profanará o templo – interromperá os sacrifícios e colocará sua imagem dentro do Santo dos Santos. A partir desse momento contam-se 1260 dias / tempo, tempos e metade de tempo / três anos e meio / 42 meses.
Há muita confusão e interpretações equivocadas desse texto de Apocalipse, sobre a imagem, marca e número da besta (Anticristo). Muitos falam: Ah, e se eu aceitar esse marca sem saber? Por muito tempo – graças a literaturas de ficção e filmes – foi ensinado que essa marca seria um tipo de chip, mas amados prestemos atenção no que o texto diz!
Imagem: Muitos acreditam que será uma estátua, todavia, o texto não afirma que será. Diz que será uma imagem que representa o Anticristo e esta falará!
Marca: Ela estará explicitamente relacionada à adoração. Quem a aceitar, o fará conscientemente. Não existe possibilidade de fazê-lo “sem querer”. Creio que não será algo físico, posto que nada no físico tem poder para gerar em nós condenação eterna. A primeira menção de uma marca na cabeça e na mão direita é na Torá, Deus orienta seu povo a colocar os mandamentos na testa e na mão. Quando os santos são selados em Apocalipse, também acontece na testa. Então, irmãos, será uma marca ESPIRITUAL.
A marca da besta será uma declaração teológica de quem eles adoram. É um apoio consciente das blasfêmias que a besta proferirá contra Deus e seu filho.
É importante estar atento às três coisas que o anticristo irá negar (tanto para o reconhecermos, quanto para entendermos sua marca e sistema de governo):
1)         Ele irá negar o PAI (Helohim)
2)         Ele irá negar o Filho – ditado hebraico “não terá respeito ao amor das mulheres” / “... nem será o deus preferido das mulheres” (é um ditado que se refere ao Messias em Gênesis 3:15 – nascido da semente da Mulher)
3)         Ele irá negar outros deuses (Dn 11:37)
Número: O número seis aponta para o homem, visto que, a primeira menção desse número está nos relatos da criação, os seres humanos foram criados no sexto dia. O número 6 é mencionado três vezes e fala do ápice do humanismo, e do homem vivendo de modo independente de Deus.

O Paradigma do Islã[4]
Mohamed (Maomé) o profeta do Islã era órfão de pai e mãe, perdeu-os quando ainda era jovem, seu avô, com quem fora viver após a morte de seus pais. E dentro de uma caverna começa a ter a experiência espiritual, na qual recebe o Corão (recitação). Segundo seus relatos, ele sentiu um sufocamento e violento aperto em si mesmo e uma voz que dizia: “Recite!”. E ele dizia: “Como posso fazê-lo, não sei!”. E nessas primeiras semanas Mohamed achou que era o demônio que o estava atormentando, posto que seu corpo debateu-se por longas horas, repetidos dias. Sua esposa Hadija, o convenceu de que na verdade aquela experiência era divina e de que ele era um profeta. Ante a isso, Mohamed entregou-se aos ensinamentos daquele espírito, que no Corão é chamado de Gabriel (o anjo)[5]. Então, surgiu o Corão, Maomé era tomado pelo espírito e recitava as palavras.
João escreve em sua primeira carta pastoral, alertando os irmãos a respeito do espírito do anticristo e sua doutrina: “Aquele que afirma que Jesus não é o Cristo (Messias). Quem nega o Pai e o Filho é o anticristo. Aquele que nega o Filho também não tem o Pai. Quem reconhece o Filho tem também o Pai.” (I João 2:22-23) João aqui está nos dando duas importantes formas de reconhecer o que o anticristo ensina.
A Doutrina do anticristo nega, o Pai e nega o Filho. E o principal ensinamento do islã hoje é que Deus não tem um Filho, ele não é Pai. Essa religião também descaracteriza Jesus como Messias (segundo o que temos no Antigo Testamento). Mas eles não acreditam em Jesus? Sim, mas eles afirmam que ele não morreu na cruz, que ele não é Deus encarnado e muito menos Filho de Deus.

“Dize ele é Alá, {quem é} um, Alá o Refúgio Eterno
Ele nunca gerou ou foi gerado
E ninguém é comparável a ele” (Surata 112:1-4)
“Afirmam: O Clemente teve um filho! Sem dúvida que haveis proferido uma heresia. Por isso, pouco faltou para que os céus se fundissem, a terra se fendesse e as montanhas,
Desmoronassem. Isso, por terem atribuído um filho ao Clemente, Quando é inadmissível que o Clemente houvesse tido um filho” (Surata 19:88-92)

O texto do profeta Daniel que relata a respeito do sonho de Nabucodonosor, da grande estátua, foi e continua sendo entendido[6] sob a ótica ocidental. É consenso geral que a descrição dada por Daniel tanto no capítulo 2, como nos seguintes, é a respeito do anticristo, um líder político e militar que se levantará com influência contra Israel e os santos. É também consenso geral a maior parte da estátua (Cabeça de ouro: Babilônia; Peito e Braços: Império Medo-Persa; Quadril de Bronze: Império Grego – era de Alexandre, o Grande), as pernas de ferro é entendida como o Império Romano e os pés de ferro misturado com barro sendo o ressurgimento desse mesmo império juntamente com o anticristo, hoje a Igreja Católica Apostólica Romana. Todavia o texto não deixa claro isso, vejamos:

E, quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois viste o ferro misturado com barro de lodo.
E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil.
Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro.
(Daniel 2:41-43)

O primeiro ponto relevante do texto: a palavra “misturado” no hebraico é עֲרַב `arab (ar-aɓ'). Isso é muito interessante observar. Outro ponto importante é a geografia e a história do Oriente, os teólogos ignoram o contexto da escatologia bíblica. Nos profetas menores (Joel e Zacarias) vemos que se reunirão, no Dia do Senhor, as “nações ao redor” de Israel. É para aquela região que precisamos observar no momento de interpretar qualquer profecia Bíblia a respeito dessas coisas.
O terceiro ponto que gostaria de levantar para derrubar o argumento de Roma, como último império e seu ressurgimento nos últimos dias, é que os romanos nunca exerceram influência de fato sobre todo o mundo, a cultura e língua disseminadas por todo o ocidente e oriente foi dos gregos. Segundo as visões de Daniel, esse último Império viria de forma agressiva, ESMAGADORA[7]:

Então, em minha visão naquela noite, vi uma quarta besta, terrível, assustadora e muito forte. Devorava e despedaçava suas vítimas com grandes dentes de ferro e esmagava os restos debaixo de seus pés. Era diferente das outras três e tinha dez chifres. Enquanto eu olhava para os chifres, de repente apareceu no meio deles outro chifre pequeno. Três dos chifres maiores foram arrancados pela raiz para dar lugar a ele. Esse chifre pequeno tinha olhos, como de homem, e uma boca que falava com arrogância. (Daniel 7:7-8)

Quando falamos em domínio religioso e político, a língua é uma forte evidência desse domínio. Portanto, após os gregos, o único império que se expandiu nessas proporções – religioso, econômico, político e linguístico – foram os Árabes. As regiões que foram dominadas por meio das primeiras “guerras santas” receberam a religião e a língua de maneira muito forte. Até os dias de hoje esses países falam o Árabe[8].
Esse chifre pequeno é o anticristo que surgirá desse último império esmagador. Você pode ler o capítulo sete todo, na última parte Deus explica a Daniel o significado da visão, se você prestar atenção (lembrando as outras passagens já estudadas a esse respeito) vai perceber a menção do Anticristo e seu governo, os três anos e meio de grande tribulação (um tempo, tempos e meio tempo) e a vitória final de Jesus e seu reinado eterno.

O coração de Deus para os Mulçumanos
Ismael experimentou do abandono e a orfandade, ainda muito jovem. De suas raízes saíram os árabes, a mistura de várias raças que se tornaram, a partir do século IV, um através da língua, economia, política e religião, sua expansão foi e ainda tem sido expressiva.
Nos primeiros séculos de expansão islâmica, praticamente todo o norte da África, extremo oriente foram conquistados religiosa e linguisticamente. Atualmente a quantidade de refugiados e estrangeiros árabes na Europa e nas Américas é significativa, sua influência não só no âmbito linguístico e cultural, como também no político tem acontecido. O islamismo é uma expressão do choro reprimido de Ismael, de orfandade e abandono.
É fato que precisamos estar atentos às dinâmicas do Oriente Médio em relação ao levante desse líder que terá um papel importante no fim dos tempos, mas acima de tudo precisamos entender o coração de Deus para os mulçumanos. Deus quer trazer Ismael de volta para casa. Creio que a igreja mulçumana será usada no fim dos tempos por Deus para causar ciúmes em Israel. Deus quer fazer dos órfãos filhos amados. Portanto, alinhemos nossos corações ao coração de Deus.


Maranata!






[1] Definição tirada do livro: Fundamentos Bíblicos de Escatologia – Mike Bickle.
[2] Como as coroas de louros dadas aos vencedores das maratonas na Grécia.
[3] Não pense que essa figura será um “tosco”. O Anticristo será um gênio nas áreas: política, econômica, militar, oracional, intelectual, religiosa e ocultista (Essas descrições são encontradas nos livros de Apocalipse, Daniel e Tessalonicenses). Este será o líder mais perverso de toda a história.
[4] Baseado nas aulas, esboços e livros do Joel Richardson.
[5] Através desse simples relato, qualquer cristão, novo na fé ou não consegue perceber que não se tratava do anjo Gabriel, mas de um espírito maligno, enganador.
[6] Grande maioria dos teólogos cristãos (evangélicos) entendem assim.
[7] As primeiras conquistas mulçumanas: Dentro de 4 anos 1/3 milhão de cristãos assassinados;  Nos próximos 10 anos mais um milhão de cristãos assassinados; Sitiaram as cidades, mataram os resistores, distribuíram os saques e enviavam de 30 a 50 mil mulheres de volta para Meca; Em menos de uma geração, o antigo coração da Cristandade foi esmagado pelo Islã;  E dentro de 100 anos, 50% do Cristianismo global foi subjugado e governado pelo Islamismo.
[8] É claro que esse domínio é fruto das escolas corânicas nos primeiros séculos de expansão do islã, principalmente no Norte da África. A região na qual vivo atualmente (Oeste da África) professa-se em sua maioria islâmicos, e as escolas corânicas fazem parte da realidade das crianças e adolescente, e a medida que crescem aprendem a recitar o Corão no Árabe. Muitos não entendem o significado, mas conseguem recitar, pois foram ensinados desde crianças. No Norte da África, a maioria dos países denomina-se islâmicos, politicamente falando, são totalmente fechados.