Ouve-se
o júbilo de todos os povos. Os reis se dobraram ao Senhor. Ouve-se um brado de
vitória, o dia do Senhor chegou! Ouve-se em todos os povos que um novo Rei
surgiu. Impérios reconhecem que sua destra reinará.
Leão
de Judá, Leão de Judá, Leão de Judá, prevaleceu!
(Marcos
Goés)
A linha teológica que temos trabalhado, nessa sequência de estudos, ficou conhecida por muito tempo como sendo pessimista. Isso se deu por falta de um entendimento completo da teologia do sofrimento, os frutos que ela produziu foi de desleixo para com a Terra, a criação e a forma como as pessoas viviam o presente. Mas Deus tem trago nesses últimos tempos clareza de entendimento e sabedoria para compreender a interpenetração entre martírio / perseguição e glória / avivamento. O período de maior escuridão e pressão sobre a terra será também o período de maior glória e manifestação do poder de Deus em milagres, livramento e curas sobrenaturais. O martírio e o avivamento andam de mãos dadas! Esse é um dos maiores paradoxos das escrituras.
Como falamos anteriormente, O Grande e Terrível dia do Senhor abarca uma série de acontecimentos, um deles é o tempo do juízo de Deus, chamado nas escrituras de Grande Tribulação. Esse tempo é descrito na Bíblia com duração de 3 anos e meio (Daniel 9:27) / tempo, tempos e meio tempo (Daniel 7:25 e 12:7) / 1260 dias (Apocalipse 11:3 e 12:6) / 42 meses (Apocalipse 11:2 e 13:5). Será a metade do governo do Anticristo, momento pelo qual a aliança de paz com Israel será quebrada e haverá grande perseguição contra os judeus e a todos que se opuserem a esse governo maligno.
Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho.
(Hebreus 1:1)
Em Hebreus 1, o escritor fala de dois tempos em que podemos dividir a história do homem, ou os períodos expressos na Bíblia: 1) A primeira aliança – O tempo em que Deus falava por meio dos profetas; 2) Últimos dias – O período que se iniciou a partir da encarnação. O tempo em que Ele tem falado por meio do filho. Dentro dos últimos dias mencionado no texto de Hebreus temos a divisão em dois tempos:
O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes;
(Isaías 61:1-2)
A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.
(Lucas 4:19-21)
1) ANO ACEITÁVEL – Esse é o período de tempo dos últimos dias falado em Hebreus. Perceba que Jesus parou o versículo no meio. Ele para no Ano aceitável do Senhor. Esse tempo, segundo a Torá é o ano do Jubileu, era o período em que os escravos eram libertos, as terras eram devolvidas. Isso foi o que aconteceu através da cruz; essa foi a primeira vinda, a proclamação de salvação e libertação. Por isso que Ele fala que as escrituras se cumpriram nesse versículo.
2) DIA DA VINGANÇA – A vingança pertence ao Senhor (Deuteronômio 32:35 / Romanos 12:19). É interessante essa parte pelo fato de associarmos à Deus somente amor e graça, mas a vingança e juízo pertencem à Ele. A Bíblia fala que a vingança não pode ser praticada por nós, porque somos injustos e parciais, não conseguimos ver o todo como Deus vê. Portanto, o martírio dos santos, as injustiças sofridas pelo órfão e pela viúva, a maldade desregrada que aumenta a cada dia não ficará impune. Toda maldade praticada em todas as gerações estão enchendo as taças da ira do nosso Deus. Seremos perseguidos e humilhados, mas o Senhor pedirá prestação de contas. O dia do Senhor está chegando, o tempo da misericórdia e da graça está chegando ao fim. Muitos se equivocam pensando que Jesus veio nos salvar do inferno e do diabo, mas na verdade o Filho nos salvou a ira do Eterno. Deus nos deu seu filho para nos salvar Dele mesmo, da sua ira. O sangue de Jesus é suficiente para sermos salvos de DEUS (João 3:36).
Viveremos novamente o livro de Êxodo[1] e Atos
Os três anos e meio de Grande Tribulação será uma mistura do livro de Êxodo e do livro de Atos dos Apóstolos. Com certeza, o leitor se lembra da narrativa da libertação de Israel do Egito, de como Deus derramou seus juízos sobre aquela terra e o povo Dele foi protegido e livrado. Assim também será durante a Grande Tribulação, haverá separação entre aqueles que pertencem ao Cordeiro e aqueles que aceitaram a marca da Besta, ou decidiram em seu coração adorar o Anticristo e seu governo. Por que temos essa certeza? Porque Deus já derramou a ira dele sobre o cordeiro, e hoje estamos Nele, já não há mais ira sobre quem é povo Dele.
É possível visualizar em meio a todo o caos dos juízos sendo derramados e o povo de Deus sendo guardado e os não salvos se rendendo a Cristo ante a esses milagres, como aconteceu com muitos egípcios durante o período de derramamento das pragas. É possível perceber, baseado na experiência da Igreja de Atos e de diversos países que vivem debaixo de perseguição e martírio hoje, a resposta de maturidade do povo de Deus em alinhamento à Sua vontade, intensidade na oração e pregação da palavra. Já ouvi muitos irmãos dizerem: “Como seria maravilhoso voltarmos a ser como a Igreja primitiva! Que grande poder de Deus manifesto! Como eu gostaria de ter vivido nesse tempo!”. Quero te dizer irmão, esse período vai voltar e se chama Grande Tribulação! O Êxodo com seus juízos foi um evento local, Apocalipse e seus juízos será um evento global.
Além das dificuldades causadas pelos juízos, deixando a Terra em difíceis condições de sobrevivência a Igreja experimentará o martírio. Muitos irmãos derramarão suas vidas no altar do Senhor, durante esse tempo. O Anticristo e seu governo matarão muitos judeus e cristãos. Alguns teólogos[2] afirmam que possivelmente haverá campos de trabalho forçado (como os que foram criados durante a Segunda Guerra Mundial – campos de extermínio).
Será durante esse tempo que a Igreja terá oportunidade de servir Israel, de forma mais efetiva e visível. Hoje é possível sermos engajados em oração e alcance desse povo não alcançado por meio do evangelho, todavia durante a Grande Tribulação haverá grande perseguição e massacre de judeus e será um momento de agir em favor do povo judeu. Há também aqueles que já se fazem presente na região conflituosa do Oriente Médio como força missionária e de ajuda humanitária, socorrendo povos curdos, árabes e judeus. Servindo esses povos que fazem parte da última fronteira (janela 10/40).
A Terrível profanação / Abominação da desolação
“O governante fará um tratado com muitos por um período de uma semana[3], mas depois de metade desse tempo ele acabará com os sacrifícios e com as ofertas. E, numa parte do templo, ele colocará uma terrível profanação, até que o destino declarado para esse profanador seja finalmente derramando sobre ele.”
(Daniel 9:27)
“Chegará o dia em que vocês verão aquilo de que o profeta Daniel falou, a terrível profanação que será colocada no lugar santo. (Leitor, preste atenção!)”
(Mateus 24:15)
Esse é o evento que marcará o início da Grande Tribulação. Em Apocalipse 13 temos o relato do aparecimento do Anticristo e do Falso profeta – a besta que sai do mar e a besta que sai da terra – no verso 14 fala que o falso profeta ordena a construção de uma grande estátua para o Anticristo. Aqui temos uma progressão do que Daniel viu, a grande profanação. Por que esse nome?
É importante lembrarmos que o Templo em Jerusalém sempre foi um local sagrado para os judeus, de todas as eras, por que representava o local da manifestação da presença de Deus. Atualmente não temos o Templo, mas ruínas do pátio do segundo templo, o que mundialmente conhecemos como “Muro das lamentações”. Será uma grande profanação, por que como afirmou Jesus, um objeto de adoração (ao Anticristo) será colocado no lugar santo (local onde ficava a Arca da Aliança). É fato que já tivemos outros tipos de profanações na antiguidade, tanto no primeiro como segundo templo cometido por muitos reis israelitas como também por gentios. A mais conhecida profanação gentia foi a causada pelo decreto de Antíoco IV, que introduziu o culto a Zeus no templo, proibiu os sacrifícios estabelecidos pela Torá e estabeleceu o sacrifício de porcos e outro animais considerados impuros (profanos) para os judeus.
Alguns teólogos e comentadores acreditam que para que essa profecia se cumpra será necessária a construção do terceiro Templo em Israel, outros dizem que não é necessário, pode-se usar o local do templo – que hoje é disputado tanto por judeus quanto por mulçumanos e cristãos. Atualmente, o que está construído nesse local é uma mesquita que no momento está desativada, mas muitos líderes do islã pretendem ativa-la novamente[4].
Os Juízos de Deus[5]
Antes de começar, gostaria de ressaltar o estilo literário do livro de Apocalipse, a literatura judaica de modo geral tem aspectos muito peculiares que é possível observarmos nesse último livro da Bíblia. Um deles é a repetição, a narrativa dos acontecimentos termina no capítulo 11, o restante é apenas repetição, ou ênfases em personagens (como as bestas – Anticristo e Falso profeta; As duas testemunhas, A grande prostituta, A mulher e o dragão...) e desdobramentos dos juízos de Deus. Portanto é importante entender que os juízos se abrem da seguinte forma: 7 Selos, dentro do 7° Selo temos 7 Trombetas e dentro da 7° Trombeta temos as 7 Taças, o retorno de Jesus nas nuvens, o milênio e a eternidade.
É interessante observar que antes da abertura dos juízos de Deus há uma cena importante no céu, uma solenidade. Apocalipse 5, 7 e início do 8[6], o início da abertura dos selos e a preparação para a abertura do sétimo selo.
Os dispensacionalistas afirmam que parte desses selos, os quatro primeiros, já foram abertos desde o dia em que Jesus voltou ao céu, após a ressurreição. É fato que essa forma de interpretar faz muito sentido, todavia, é incerto em relação à cronologia bíblica.
Já os históricos acreditam que nenhum deles ainda foi aberto, posto que tudo se iniciará quando o Anticristo aparecer e assumir o governo. Nessa linha de entendimento os Selos seriam: 1) Cavaleiro no cavalo Branco – o Anticristo, o falso messias; 2) Cavalo vermelho – Guerra; 3) Cavalo preto – Fome; 4) Cavalo amarelo esverdeado – Morte; 5) Os mártires no altar de Deus – clamam por justiça; 6) Sol escuro e terremotos – será literal, mas o texto mostra algo claro: “os reis da terra, os governantes, os ricos, os poderosos, os escravos...todos se esconderam....e gritaram à montanhas e às rochas: Caiam sobre nós e escondam-nos da face daquele que está sentado no trono e da ira do Cordeiro!” todos vão saber que o dia da ira chegou. 7) Abertura das 7 Trombetas.
Sete Trombetas
É válido ressaltar que é de comum entendimento entre os teólogos que as trombetas serão os juízos derramados sobre toda a terra, enquanto que as 7 taças será um juízo local sobre Jerusalém, o local onde o Anticristo estará governando.
As primeiras quatro são juízos sobre a criação. É importante ressaltar aqui a fala de vários teólogos e até mesmo leigos no assunto que questionam se essas trombetas não seriam o que já estamos vivendo em relação aos impactos ambientais causados pelo homem, todavia a narrativa bíblica mostra que será algo sobrenatural, vindo da parte de Deus: 1) Granizo e fogo misturado com sangue[7] – 1/3 das árvores e relva queimados; 2) Algo parecido com uma montanha – 1/3 do mar se transformará em sangue, morte de 1/3 dos animais marinhos e navios; 3) Estrela Amargor[8] (Absinto) – 1/3 da água doce contaminada; 4) Sol, lua e estrelas[9] – 1/3 do dia sem luz.
As três últimas trombetas serão juízos sobre os seres humanos. Reafirmo aqui, que não serão eventos naturais, a descrição bíblica traz algo fora do comum: 5) Gafanhotos-escorpiões[10] – detalhe importante, a ordem foi para atormentar humanos, durante cinco meses, causando dor. A narrativa afirma que os seres humanos vão desejar a morte, mas ela não virá. Esse “exército” será liderado por Apoliom (Destruidor); 6) 1/3 da humanidade morta – Apocalipse 9:14-15[11] fala de quatro anjos (provavelmente anjos caídos) específicos, guardados para esse dia. Esses anjos vão liderar exércitos de demônios que da boca de seus cavalos vão sair três pragas: fogo, fumaça e enxofre; e a cauda desses cavalos vai ferir os homens.
Esses dois últimos juízos parecem a narrativa de alguns filmes e séries de ficção como Senhor dos Anéis e Games of Thrones, com um pouco mais de terror e realidade, é claro. Todavia, é válido ressaltar que mesmo com todo esse terror e sofrimento, haverá seres humanos que não vão se render ao Cordeiro (Ap 9:20-21).
A sétima trombeta é o anúncio do retorno de Jesus nas nuvens e do final da grande tribulação com o derramar das 7 taças e Jesus assumindo o governo mundial, sentando no trono de Davi em Jerusalém.
Sete Taças
Como já citado acima, o entendimento é de que esses juízos serão derramados sobre Jerusalém, durante o final do governo do Anticristo. Essas taças saem de dentro do templo do Senhor: 1) Feridas Terríveis – sobre todos aqueles que aceitaram a marca da besta; 2) Mar transformado em sangue; 3) Toda água potável (rios) transformou-se em sangue; 4) Sol – as pessoas foram queimadas pelo intenso calor do sol; 5) Juízo sobre o trono da besta – praga da escuridão; 6) Rio Eufrates – as águas secaram para que os governantes passassem e se reunissem para a batalha final no vale de Josafá (Ap 16:15); 7) “Está terminado!” – Queda da Grande Babilônia. Fiz do sistema humano (rebelde) que foi estabelecido desde Gênesis (Babel) e inicio do governo messiânico e preparação para a descida da cidade eterna a Nova Jerusalém.
O Grande dia está chegando, nosso esposo está chegando. Que nosso desejo seja conhecê-lo desde já e amar sua graça e seus juízos. O termo “Conhecer” na Bíblia tem a conotação de Aliança de casamento, principalmente na cultura judaica o compromisso de casamento podia acontecer por muito tempo antes da consumação, e esse compromisso não era simplesmente noivado já era parte do casamento. Foi essa a situação de José e Maria. No grego não há a palavra “noiva”, o que temos é “esposa de Cristo”. Jesus já é casado com a Igreja, Ele está voltando para consumar o casamento.
É interessante que somos Igreja, a esposa de Cristo, mas o Senhor tem chamado nos últimos tempos aqueles que serão os amigos do noivo (João 3:29), João Batista, aqueles que irão preparar o caminho para o retorno do noivo.
Maranata!
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[1] Se você quiser se aprofundar mais nesse tema leia o livro: Páscoa – Dan Juster; editora Impacto.
[2] Dalton Thomas, Joel Richardson e Samuel Whitefield.
[3] Lembre-se que nesse texto está fazendo referencia às 70 semanas de Daniel, que correspondem a 70 semanas de anos. Portanto uma semana corresponde a sete anos, na metade dos 7 anos, 3 anos e meio, o Anticristo (esse governante) colocará no Templo a grande profanação.
[4] Presidente da Turquia, leia a notícia em: https://oglobo.globo.com/mundo/sob-protestos-internacionais-decreto-de-erdogan-transforma-museu-de-santa-sofia-em-mesquita-24525626
[5] Essa parte estarei citando Apocalipse 6,8-9, 11 e 16. Sugiro que o você faz a leitura dos textos na sua Bíblia.
[6] Farei uma postagem específica falando sobre essas cenas.
[7] Alguns afirmam que pode ser a erupção simultânea de vários vulcões.
[8] Alguns afirmam que será um meteoro.
[9] Alguns afirmam que essa trombeta será consequência das três anteriores, posto que uma sequência de erupções vulcânicas, um meteoro e outros tipos de explosões gerarão muita fumaça a ponto de tampar todos os astros.
[10] Teólogos interpretaram por muito tempo como sendo exércitos humanos ou algo parecido, mas em minha opinião o pr. Aluízio Silva trouxe a imagem mais exato do que serão esses seres, demônios que atormentarão as pessoas no físico. Hoje não vemos a atuação demoníaca, mas nesse tempo será algo visível.
[11] Judas 1:6