quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Contando Estrelas / Aliança de Sangue

Assim como há resquício de barro
Nas estradas asfaltadas
E ruínas pelo impacto das guerras
e catástrofes
Há em cada poema uma lágrima;
(Há uma gota de sangue em cada Poema - Mário de Andrade)

Podemos nos aproximar da Bíblia de várias maneiras, como um livro de histórias interessantes, como um livro de princípios, como um manual de vida...mas quando nos aproximamos da bíblia com a motivação de conhecer a pessoa de Jesus Cristo, como personagem principal do maior romance de todos os tempos, experimentamos algo completamente diferente quando lemos cada versículo e identificamos em cada página as gotas de sangue para que o propósito de união eterna, entre um Deus santo e sua noiva criada, se cumpra por meio da redenção.


Após a queda o propósito de Deus, de ter o homem e a mulher o expressando em imagem e domínio, foi aparentemente frustrado. Mas apartir dali o Senhor começa a colocar em ação o plano da redenção, o meio legal de entrar na terra e fazer real a encarnação (Deus virando gente / Carne). E como início desse plano Deus encontra na terra Abraão, e o separa da terra de seus parentes e o leva para uma terra até então desconhecida por Abraão, e nessa terra o convida para fazer uma aliança de sangue. 

Disse-lhe mais: Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te a ti esta terra, para herdá-la. E disse ele: Senhor DEUS, como saberei que hei de herdá-la?
E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho. E trouxe-lhe todos estes, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu. E as aves desciam sobre os cadáveres; Abrão, porém, as enxotava. E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele.

E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades. 
Naquele mesmo dia fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates;
(Gênesis 15:7-14 / 
17-18)


Nesses versículos é o momento em que Deus chama Abraão para fazer uma aliança com Ele, foi em um momento em que Abraão estava desanimado e sem clareza do porque Deus o havia chamado para viver naquela terra (Canaã). E para motivá-lo Deus pede para que ele conte as estrelas do céu, para sempre lembrar do tamanho que seria sua descendência: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência. (Gênesis 15:5)
E nesse momento Deus faz uma aliança de sangue com Abraão, os animais são colocados no altar e o Senhor Jesus vem em forma de fogo e passa por entre as partes dos animais partidos, ele passa fazendo um oito deitado, que dizia que aquela aliança era para sempre. As implicações dessa aliança (como nas alianças feitas até nos dias de hoje, em casamentos, por exemplo) eram: Tudo que era de Deus pertencia a Abraão, que ainda aqui se chamava Abrão, e tudo que era de Abraão pertencia a Deus, ambos poderiam ter o que quisessem um do outro sem precisar de pedir. Os descendentes que sairiam de Abrão Deus poderia usar como quisesse. 
No momento que estava sendo feita a aliança, aves de rapina tentavam comer os animais do sacrifício, o mundo espiritual sabia das implicações dessa aliança, e de que através dela o Messias viria à terra.



Como sabemos Abrão tentou interpretar a promessa de Deus, e gerou Ismael, que estava fora do propósito de Deus, ante a isso Deus estabelece uma marca visível em Abrão e seus descendentes, a circuncisão, e na mesma oportunidade muda o nome de Abrão acrescenta parte do nome dele no nome de Abrão. O sopro "a" do nome de Deus é acrescentado no nome de Abrão. É como se Deus dissesse: Abraão, eu tenho uma aliança com você e ela será cumprida não na força do seu braço, mas eu a cumprirei sem sua ajuda, eu a cumprirei pois cumpro todas as minhas promessas. Não é na sua força, é na minha, confie em mim!
E no capítulo 17 Deus estabelece o instituto da circuncisão, vejamos: 

Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito. 
E porei a minha aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente. 
Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo:
 Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações;
E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto; 
E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti;
E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.
Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado. E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.
(Gênesis 17:1-7 / 
10-11)


O sinal da circuncisão era para que Abraão e todos os seus descendentes se lembrassem de que pertenciam a Deus, e o mais interessante o local da marca, mostrava que Deus poderia a qualquer tempo e em qualquer geração usar a semente de Abraão para cumprir o propósito da redenção. Da linhagem desse homem sairia o messias, o parente próximo, o resgatador dos seres humanos, ele seria (foi) Emanuel, Deus encarnado, o protótipo de uma nova raça (a raça dos Filhos de Deus), o segundo Adão.
Todos os patriarcas e demais israelitas da antiga aliança foram salvos pela fé, de que um dia o Messias viria, e assim foram inclusos no sacrifício. Hoje somos salvos também da mesma maneira, pela fé, em crermos no que aconteceu no passado, no sacrifício perfeito que não encobre, mas arranca a raiz da velha natureza pecaminosa.
Todas essas páginas de sangue, todo esse trajeto de alianças que Deus fez com um homem para colocar os seres humanos novamente na posição inicial que Adão e Eva se encontravam, escolher comer do fruto da árvore do Conhecimento do bem e do mal, ou comer do fruto da árvore da Vida. Qual é a sua escolha?

Leia: Autoridade e Submissão - postagem anterior

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Autoridade e Submissão

"E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra.
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém."
(Mateus 28:18-20)

Antes de voltar aos céus, para a direita do Pai, Jesus declarou que TODA a autoridade lhe foi dada nos céus e na terra. Dois níveis de autoridade, porque ele faz questão de ressaltar esse detalhe? Porque antes de sua vinda à terra não era assim, seu domínio era sobre os céus, e somente após a cruz o segundo nível foi conquistado. A palavra de Deus fala sobre isso, vejamos: Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens. (Salmos 115:16) Porque a terra pertence aos filhos dos homens? Em Gênesis 1:28 Deus entrega a terra de presente a Adão, e tudo que nela havia, e logo em Gênesis 3 o homem entrega o domínio da terra a Satanás. O ato de comer do fruto da Árvore do Conhecimento do bem e do mal, dizia que o homem queria viver independente de Deus, de acordo com seu próprio entendimento e inteligência. "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda"(Provérbios 16:18). Contudo, a parte do contrato que a serpente não mostrou era que tal atitude luciferiana desembocaria em total perda de posição, de dono para escravo. Adão e Eva perderão tudo que possuíam (corpos, domínio da terra, e o mais precioso a comunhão com Deus). 


No texto a cima, de Mateus 28, após a ressurreição, Jesus deixa claro aos discípulos que a autoridade sobre a terra havia sido devolvida ao homem por meio Dele. E agora todos os filhos de Deus nascidos do Espírito, podem exercer essa autoridade em Cristo. Por isso que Ele nos ensinou a ligar a terra ao céu por meio das nossas orações, posto que o domínio foi devolvido. 
Percebemos que ante a isso que o propósito de Deus para a vida do homem foi novamente restabelecido, por meio de Cristo, o segundo Adão, que venceu. O propósito de sermos semelhantes a Ele e governar como Ele governa (com sabedoria, amor e justiça). Essa é a condição legal que todos os filhos possuem, contudo a posição experimental só é revelada e de fato vivida quando os filhos de Deus se tornam discípulos de Cristo.
Para exercer autoridade é necessário ser submisso. E para ser discípulo necessário tomar a Cruz e negar as vontades, a vida da alma. Para ter a experiência de estabelecer o Reino aqui na terra é preciso observar quem está a cima de nós, a submissão e a honra àqueles que nos geraram é imprescindível. A Cruz precede o trono, a humilhação precede a glória. Jesus é o maior exemplo de submissão ao Pai, e completa vida de cruz. Que possamos ter a graça de ser tal como Ele é.

terça-feira, 1 de abril de 2014

O Emanuel

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
(Isaías 9:6)



Esse também, chamado pelo profeta Isaías, de rebento, o renovo do Senhor, que saiu do tronco de Jessé. A promessa do Emanuel (Deus conosco) se cumpriu com Cristo, a 2014 anos atrás. Quando lemos as escrituras, sem estuda-las de fato, observando todo o contexto social e histórico que as envolve (passado, presente e futuro) não conseguimos perceber a grandiosidade do nosso Deus e sua soberania. O Emanuel, o Servo do Senhor, veio em um tempo propício, em um contexto em que a terra e todos os povos estavam preparados para recebê-lo. 
Quando nos deparamos com Gênesis 3:15, a promessa de redenção, nos questionamos precipitadamente: porque Deus não enviou Jesus no Capítulo 4? Porque esperar tantos anos? Tanto sofrimento, dor e angústia os seres humanos seriam poupados. Contudo a própria escritura expressa: "Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu." (Eclesiastes 3:1), Gênesis 4 não era o tempo oportuno para a vinda do amado de nossas almas. 
É interessante que a terra como cada pessoa estava preparada em todo o seu ser (Corpo, alma e espírito) para entender o evangelho e propagá-lo com diligencia. No contexto histórico, temos a contribuição de três povos para que o propósito de Deus se cumprisse:

Hebreus: Esse povo contribuiu no nível do Espírito. Eram herdeiros de todas as promessas, possuidores do legado espiritual deixado pelos patriarcas e profetas, por meio da Torá. Por meio desse povo as outras nações da terra conheceram a promessa de um salvador viria, e da existência de um único e verdadeiro Deus. Era a nacionalidade, a qual o messias pertenceria, e por meio deles todas as nações da terra seriam abençoadas (Gênesis 12:3 - em Cristo Jesus a promessa de Abraão se cumpriu). 

Gregos: Os gregos contribuíram no nível da Alma. Por meio desse povo a mente do ser humano foi desenvolvida, por meio da filosofia e dialética, como também suas diversas formas de ensino da geometria, matemática e afins. O homem voltou a raciocinar, questionar e pensar, estando aptos para receber as verdades do evangelho e propaga-lo com maior clareza. Deus deseja que nossa mente e racionalidade sejam direcionadas para Ele, pois somente nele a filosofia e a dialética tem sentido, não são vazias e depressivas. A alma no nível da alma é desesperadora, pois não encontra razão em si para existência, é por isso que Paulo diz aos romanos: "Exorto-vos, portanto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a que ofereçais vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual. E não vos conformeis com esse mundo, mas transformai-vos, transformando a vossa mente, a fim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom agradável e perfeito." (Romanos 12:1-2) A versão Almeida e atualizada traz a expressão "culto racional", ou seja toda o nosso ser deve estar envolvido no cultuar ao Senhor. E para que isso seja pleno, a mente precisa ser renovada, a alma precisa ser transformada (passar por uma metamorfose). 

Romanos: Esse povo contribuiu no nível do Corpo. Na época da vinda de Jesus o Império Romano tinha uma extensão gigantesca, iniciava-se desde a Europa e pegava toda a asia menor e até mesmo o oriente médio (Judeus). Todos os povos que era subjugados por esse império vivia o que eles chamavam de "pax romana", não existia guerras na época da vinda de Cristo. Os romanos desenvolveram estradas que ligavam muitas cidades isoladas às demais, possuíam um avançado sistema de comunicação (até correio existia) e locomoção. Tudo isso contribuiu para a propagação do evangelho e o crescimento rápido e estrondoso da Igreja primitiva (Atos 2).

Assim percebemos a soberania e onipotência de Deus em todas as eras, como Senhor do Tempo e das Estações (Daniel 2:21). Nos maravilhamos com o seu amor em cumprir o propósito inicial de nos constituir reis e sacerdotes, de estar para sempre amalgamado a nós.


E o Emanuel deixou de ser Deus conosco e se transformou em Deus em "nosco", o Deus conosco não existe mais porque ele vivo está dentro de nós, aqueles que o receberam como salvador e senhor. "Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber aos que creem no seu nome". (João 1:2) Fomos misturados com o Espírito dele. Ele não está do nosso lado, ou segurando nossa mão. Ele está misturado ao nosso espírito, é um só conosco (I Coríntios 6:17).
Quando tocamos é Ele tocando, quando falamos é Ele falando, quando dançamos é Ele dançando, quando cantamos é Ele cantando, quando chegamos é Ele chegando. Isso é profundo e precioso de mais, uma verdade que precisamos todos os dias pedir revelação dela, para que possamos de fato expressá-lo em graça, santidade e verdade.