domingo, 8 de novembro de 2015

SUBINDO A MONTANHA – Uma Serra arduamente Dourada

Sábado passado enfrentamos o desafio de subir a famosa serra que cerca nossa cidade, a Serra Dourada, éramos um total de vinte e cinco pessoas. Durante a caminhada Deus ministrava profundamente no meu coração algumas lições da famosa obra, O Peregrino, do nosso amado irmão John Bunyan, como também versículos referentes ao reino e a perseverança.
O início da subida é bem difícil, as pernas pesadas e o ar rarefeito tentam nos convencer de que não conseguiremos chegar ao topo. A caminhada em Cristo também é assim, o caminho é árduo e para conseguir chegar ao topo (reino) é necessário andar pela cruz todos os dias. A viagem feita pelo Peregrino mostra os obstáculos e distrações que a caminhada oferecia, o foco é essencial para chegar aos portões da cidade celestial.
Algo muito interessante é o ritmo da caminhada e o apoio dos companheiros de caminhada, o cristão teve amigos fundamentais como o evangelista e a esperança que o auxiliaram a alcançar os portões da cidade celestial. Durante nossa subida a Serra tinha o grupo os mais “aplicados” que estavam a todo vapor à frente da caminhada, como também os constantes com um ritmo mais equilibrado ao meio e os desanimados bem afastados do grupo, estes últimos aceitavam os pensamentos de que deveriam desistir, pois não iriam conseguir chegar ao topo.

É nesse momento que o Senhor ministrou em meu coração a importância de fazermos a esperança no caminhar de nossos irmãos, talvez diminuindo o ritmo pessoal e levando as cargas (mochilas) uns dos outros, daqueles que se acham mais fracos. E o resultado é incrivelmente sublime, no interior de cada um a sensação “Valeu a pena o sacrifício, o tomar a cruz e seguir”.


Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo?
Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente.
Este receberá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação.
Esta é a geração daqueles que buscam, daqueles que buscam a tua face, ó Deus de Jacó.
(Salmos 24:3-6)

Esse salmo embasa bem a caminhada do cristão de Bunyan, como também a nossa caminhada de discípulos de Cristo. Para estar em constante comunhão com o Deus residente em nós é necessário mãos limpas e coração puro. Mãos falam de obras e coração fala de motivação e intimidade. Para sentir o Senhor se movendo em nós e através de nós é preciso ter obras limpas, obras que suportem o crivo do fogo da natureza divina, obras que geram frutos dignos de arrependimento. 
Para "subir ao monte do Senhor" vai exigir de nós motivações corretas, motivações que não estejam misturadas a promoção pessoal, orgulho e boas intenções. Subir a montanha vai exigir de nós nos livrar de todo peso emocional por meio do perdão. Limpo e puro fala de santificação, para ter comunhão com o Senhor é necessário não apenas estar na posição de Cristo (Santos), mas experimentar dessa santidade em nosso dia a dia, dizendo não à concupiscência dos olhos, da carne e a soberba da vida.
Que possamos continuar subindo, sendo a esperança e consolo para nossos irmãos mais novos, e quando chegarmos nas portas da cidade celestial dizer: Realmente valeu a pena perseverar!

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O poder da Pressão



Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos;
E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal.
De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 
II Coríntios 4:8-12

Sempre que leio este texto me recordo da simples e profunda ilustração do carbono em suas duas formas, carvão e diamante. Ambos são feitos do mesmo elemento químico, contudo possuem uma significativa diferença no valor. O que difere ambos são três palavrinhas: Pressão; Profundidade e Tempo. Para que o diamante seja formado é necessário que várias camadas de magma (camada pastosa situada a grande profundidade da superfície terrestre) se ajuntem uma em cima da outra, por um longo período de tempo (séculos) e sofra altíssimas pressões levando-o a ser comprimido até se petrificar e belíssimos diamantes nascerem. O carvão é formado por meio de um processo bem mais simplificado e acessível, por meio da decomposição de folhas vegetais e árvores, próximo à superfície terrestre, submetido a uma pressão bem menor.
Conosco não é diferente, no inicio sempre seremos carvão. O que vai dizer se seremos transformados ou não em diamantes é nossa profundidade em Deus e nossa capacidade de suportar as pressões, e sem dúvida o tempo tem papel primordial nesse processo. Nossa vida aqui na terra é um curto período onde podemos dar respostas corretas a esse tratamento de Deus em nos transformar à sua imagem e semelhança. Imagem no grego significa caráter. O propósito de nosso amado Criador e Pai nunca mudou, continua o mesmo fazer de nós sólidos, semelhantes a Ele, e o processo é a seguinte equação: Pressão + profundidade + Tempo = Caráter de Cristo.
Muitas vezes em nossa caminhada cristã não gostamos de ser atribulados, de ser perseguidos por causa do evangelho, não gostamos de passar por angustias profundas semelhantes a que nosso mestre passou no jardim das oliveiras antes de sua morte. Talvez por alguns terem nos apresentado um evangelho sem morte e sem cruz, talvez por ignorarmos essa parte tão fundamental da mensagem de Cristo! Todavia, evangelho sem morte não é evangelho, e boa nova sem cruz não é boa nova! A vida cristã é um caminhar de pressões e profundezas. Se permanecermos na superficialidade e não soubermos lidar com as pressões, nunca seremos tal como é aqui, diante daqueles que precisam ver o testemunho para receber a verdade da graça.
O que precisamos entender é que não existe a vida de Cristo em nós sem morrermos para nossas vontades e esmurrarmos nosso corpo! Não há fluir do rio de Deus sem morte do ego! E não adianta fugirmos das pressões pois seremos transformados em diamantes mais cedo ou mais tarde, não podemos mudar o tempo em que o Senhor determinou para que sejamos tratados e completamente transformados, mas podemos atrasar esse processo quando fugimos ou damos as respostas erradas diante das pressões. 
Existe um mistério espiritual e precioso na pressão e o grande segredo é não desperdiçarmos fugindo. Essa conclusão que o apóstolo Paulo chega de que mesmo atribulados não estamos angustiados, mesmo perplexos não desanimamos, mesmo perseguidos não fomos desamparados e mesmo ante ao abatimento não fomos destruídos, é devida à lição do Getsêmani, a forma correta de lidar com as pressões, nos pés do Senhor! Mergulhando nas profundezas de Jesus Cristo, sendo transformados de glória em glória!

quarta-feira, 18 de março de 2015

De vasilha em vasilha



Moabe tem estado sossegado desde a sua mocidade, e tem repousado nas suas fezes, e não tem sido deitado de vasilha em vasilha, nem tem ido para o cativeiro; por isso conserva o seu sabor, e o seu cheiro não se muda.
(Jeremias 48:11)
Moabe era um dos visinhos de Israel, uma nação que nasceu a partir de dois incestos (Gênesis 19:36) essa nação foi fruto das entranhas de Ló (v.37). É interessante observar que Ló era sobrinho de Abraão, teve a oportunidade de conhecer o Deus de Abraão, teve a oportunidade de presenciar o inicio de um grande mover de Deus na terra, contudo ele ficou alheio e envolvido em seus próprios interesses. Foi dessa estirpe que surgiu Moabe, um povo aparentemente próspero, que não sofria nenhum tipo de perseguição ou mesmo pressões externas. O profeta ilustra Moabe com a forma de fabricação e purificação do vinho daquela época.
Na época antiga, não existiam filtros para a purificação do vinho. O vinho era purificado e fermentado sendo transferido de uma vasilha para outra vasilha, até que no fundo não tivesse nenhum tipo de resíduo (borras). Moabe é comparado ao vinho impuro, que possui borra no fundo, o vinho que foi colocado em uma vasilha e não foi transferido para outras vasilhas até ficar puro. Isso nos fala do processo do trabalhar de Deus em nossas vidas, forjando o caráter de Cristo em nós.
O propósito de Deus é que não sejamos como Moabe, o vinho que não é mexido, mas que sejamos como Israel. O vinho de Deus que foi submetido à perseguição, às criticas, e até mesmo a exílios. Deus deseja nos passar de vasilha em vasilha, até que não tenhamos mais nenhum tipo de borra e sejamos tal como Ele é. O processo de mudança de vasilhas, Paulo chama de “glória em glória”:

Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor. 
(II Coríntios 3:18)

Não fomos chamados para continuar com o mesmo cheio e mesmo sabor, fomos chamados para expressar e exalar Cristo através de nossas atitudes, palavras e pensamentos. Não fomos chamados para ser Moabe, cristãos que não se submetem ao tratamento do Senhor, que não estão dispostos a entrar na forma de Cristo.
Que possamos ser vasos moldáveis, dispostos a ser quebrados pelas mãos do oleiro. Ele usará circunstâncias, pessoas, situações para nos tratar – que chamamos de testes, todos os dias somos testados e trabalhados por Ele. O que podemos fazer é nos colocar à disposição dele, para que a obra seja feita completamente pelo Espírito Santo, porque de nós mesmos nada podemos fazer ou mudar. Um lembrete importante para nós que decidimos ser mudados de vasilha por Ele, é: Não podemos diminuir o tempo do tratamento, mas podemos adiar, quando fugimos.

Nosso consolo e firme esperança é no que a Bíblia nos afirma sobre o fim e de Moabe e Israel, a primeira recebeu o juízo, sendo completamente abatida e não mais habitada, a segunda é chamada de Nova Jerusalém a cidade celestial – e esse é o nosso destino como discípulos de Cristo, ser tal como Ele é.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Um romance com o céu



Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. (Deuteronômio 6:5) E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. (Mateus 22:37) Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. (Marcos 12:30) E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. 
(Lucas 10:27)
A busca insaciável de todo cristão, ao receber a vida de Deus em seu interior e conhecer as profundezas dessa vida incriada que agora faz parte de si, é viver no centro da vontade de seu Senhor e saber de forma específica qual é sua missão aqui na terra, ter clareza desse centro e dessa vontade de modo pessoal.
O propósito original de Deus ao criar-nos foi para contê-lo em nosso espírito. Fomos criados para sermos à sua imagem e semelhança. Esse propósito nunca mudou. Desde a queda Deus trabalhou para restaurar esse propósito, através de seu engenhoso plano um fio escarlate percorre toda a escritura desvendando o anseio furioso de Deus pelos seres humanos. E ante a isso comprovamos o que Jó diz no cap. 42 verso 2 que: Nenhum dos teus planos podem ser frustrados.
A Bíblia é um romance de um Noivo apaixonado e uma noiva sedenta, entre um Deus incriado e uma criatura feita de barro. A vida foi planta em nós, a vida incriada do próprio Deus, o Zoe. Essa vida deseja ser espalhada para cada parte do nosso ser (mente, vontade e emoções), essa vida deseja ser expressada. É somente através dela que conseguimos amar a Deus de todo o coração, alma, entendimento e força! É somente através dela que conseguimos corresponder a esse anseio furioso do Criador por nós.
O criador arquitetou ter o homem para si, contudo o deixou escolher. Essa vida foi gerada em nós (através do novo nascimento) para ser discernida, ministrada e liberada. 
1) Discernida - O primeiro passo é identificar o Zoe de Deus dentro de nós. Em diversas vezes na palavra, o apelo é para nos voltarmos para dentro, nas profundezas é onde Ele reside. Quando conseguimos identificar a vida dentro de nós, se inicia o relacionamento profundo com Ele, somente assim nossa sede é saciada e o propósito para o qual fomos criados é cumprido.
2) Ministrada - A vida foi gerada em nós para que pudéssemos ministrar, servir na presença dEle. Quando ministramos a vida se espalha pelo resto de nosso ser. É por isso que esse ministrar precisa ser constante e intenso, para que possamos ser conformados à imagem de Cristo (imagem e semelhança). Quando o contemplamos, gastamos tempo em sua presença, nos voltando para o nosso espírito, simplesmente para estar com Ele, sem que Ele fale uma palavra se quer aos nossos corações, somos transformados e conformados (II Coríntios 3:18). Quando ministramos Zoe, fluímos nela, e cumprimos o propósito de ser espírito como Ele é espírito.
3) Liberada - O propósito de discernir e ministrar (Fluir) é liberar essa vida aos outros. Muitos chamam de ministério, outros de chamado, outros de vocação. Só podemos responder adequadamente ao chamado do nosso amado Senhor quando liberamos vida através de nossa vocação. Somente quando essa vida incriada é liberada através de nós exercemos de fato a função de profeta, mestre, apóstolo, pastores e evangelistas. E só conseguimos liberar quando discernimos e ministramos na presença. 
E assim compreendemos segredo da vida quando aprendemos a lidar com a vida, o Zoe...a essência do Deus incriado.

Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. 
Jeremias 1:5
Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia. 
Salmos 139:16