terça-feira, 26 de abril de 2016

Quebrantamento - O ministério do Cordeiro


Qualquer pessoa que serve a Deus mais cedo ou mais tarde, descobrirá que o grande impedimento para Sua obra não são outras pessoas, mas ela mesma. Descobrirá que sua alma não está em harmonia com seu espírito, perceberá que seu homem exterior é incapaz de submeter-se ao homem interior. Paulo nos explica sobre a diferença desses dois homens, que fazem parte do nosso ser: “Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Rm 7:22) “Mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo o nosso homem interior se renova de dia em dia.” (II Co 4:16).
É interessante observarmos a diferença, o homem interior trata-se do espírito, o homem exterior aponta para nossa alma, e Watchman Nee nomeia nosso corpo de homem periférico. Uma ilustração que caberia perfeitamente seria a de um bombom de cereja, com recheio líquido. O papel do bombom é o corpo, o chocolate é a alma e o recheio o espírito. A alma veste o corpo, e o espírito veste a alma. O homem interior veste o exterior. 


Como falamos no início a única maneira de sermos usados por Deus, de modo sobrenatural e verdadeiro, é sabendo fazer distinção entre alma e espírito, como também permitir que o homem exterior se submeta ao interior. Isso só é possível por meio do tratamento, usado por Deus, chamado quebrantamento. O homem exterior precisa ser quebrado. A casca (alma) que envolve nosso espírito precisa ser quebrada para que a preciosidade do conteúdo que carregamos possa ser liberado completamente. Assim entendemos o que o apóstolo Paulo quis dizer quando escreveu: Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. (II Coríntios 4:7)
A excelência do poder precisa ser de Deus e não nossa e isso só é possível quando o vaso é quebrado. A vida de Deus só poderá ser manifesta quando o vaso é quebrado. Não devemos perguntar como obter a vida de Deus em nossas orações ou palavras, mas como essa vida pode ser manifesta, pois ela já está dentro de nós, por meio do novo nascimento. Por isso, é vital que sejamos quebrantados pelo Senhor! “Se o nosso homem exterior permanecer intacto, nunca poderemos ser uma bênção para Sua Igreja, e não podemos esperar que a Palavra de Deus pregada por nós seja abençoada” (W. Nee). 

Então Maria, tomando um arrátel de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento. (João 12:3)

O vaso de alabastro precisa ser quebrado. Muitas pessoas têm grande consideração por suas habilidades, dons, emoções, consideram-se importantes, ou melhores que as demais (talvez não digam, mas pensam dessa maneira). Porque nos consideramos tão preciosos? Quando fazemos isso retemos a fragrância ao invés de liberá-la. Todas as experiências, problemas e provações que o Senhor nos envia são para o nosso bem supremo, pois o homem exterior precisa ser quebrado! O quebrantamento pode ser gradual e repentino, são os dois meios usados por Deus para tratar conosco. Por vários anos Deus vai trabalhando conosco, até chegar o momento em que Ele completa essa obra de quebrantamento de uma vez por todas (Gn 32:30), como em Peniel. 
O homem exterior só é quebrado quando fazemos aplicação da cruz em nosso dia a dia, a CRUZ é o ministério do cordeiro. A cruz é a vontade perfeita de Deus para nossas vidas, é padrão para a vida cristã. O ministério do cordeiro é quando aprendemos a sofrer o dano, quando mantemos o nosso ego crucificado, quando não andamos pelo nosso entendimento próprio, mas pelo direcionar do Espírito. Mesmo sabendo disso, muitas pessoas se negam a serem quebrantadas, por quê? 
A primeira razão é que muitos vivem nas trevas e não conseguem enxergar a mão de Deus em cada circunstância e problema diário. Que Deus nos conceda revelação para vermos o que provém de sua mão e como Madame Guyon de joelhos amar e beijar a mão que lida conosco. A segunda razão que impede o quebrantamento, falamos um pouco a cima, é o amor próprio. Precisamos pedir que Deus que não tenhamos piedade do que somos, para que Cristo possa ser TUDO em nós, o perfume que exala e conquista.


segunda-feira, 4 de abril de 2016

Convite às profundezas


Se me amais, guardai os meus mandamentos.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre;
O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.
Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis.
Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.
Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
Disse-lhe Judas (não o Iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?
Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.
(João 14:15-23)

João faz questão de dar ênfase nas últimas palavras do mestre para justamente nos levar à revelação de que não estamos sozinhos. Ele começa falando sobre o consolador (Espírito Santo) “Ele vive COM [...] e EM vocês.”; logo em seguida Ele diz que os discípulos entenderiam que eles estariam Nele, e Ele estaria Neles; e Jesus continua dizendo que ao guardar (obedecer) seus mandamentos Ele e o Pai (Deus) viria morar (e não visitar) nos discípulos. Queridos, as implicações dessa verdade são profundas e tremendas. O que Jesus estava dizendo era simplesmente que o Deus triuno habitaria nos discípulos, não só neles, mas em TODOS quantos o recebessem (João 1:12); a vida incriada, o Deus criador dos céus e da terra foi amalgamado com os seres humanos. E essa é a maior história de amor de todos os tempos, pois ela não está baseada em preceitos carnais, mais no propósito eterno e divino arquitetado pelo Criador desde a fundação do mundo. É com base nessa verdade que Paulo afirma que o nosso espírito foi feito um com o Espírito de Deus, a partir do novo nascimento (I Coríntios 6:17). A expressão amalgama era usada pelos cristãos da igreja primitiva, para se referir ao que acontecia após o novo nascimento. É como os ingredientes de um bolo que se misturam. Como o mercúrio com a liga de prata que se mistura em uma obturação. Conforme vemos no versículo 23 Ele habita em nós, Ele planejou viver dentro de nós. Portanto, a bíblia não diz que somos hotel. Ele habita nas profundezas do nosso ser. O Tabernáculo aponta para o que somos hoje como habitação de Deus, como o Templo construído em Jerusalém. É por isso que o apóstolo Paulo afirma que nada pode nos separar do amor de Deus (Romanos 8:38-39), como também que nos tornamos filhos por adoção (ou seja, de acordo com a Lei Romana da época quem era adotado como filho não poderia ser deserdado ou deixar de ser filho. Uma vez adotado como filho, filho até o fim).
Toda Escritura sagrada foi escrita (e deve ser lida) com o intuito de revelar a pessoa de Jesus Cristo. Podemos nos aproximar da bíblia de várias maneiras, e enxergá-la como nos é conveniente. Muitas vezes a temos como um código de regras, outras vezes como um livro histórico, ou mesmo um ajuntamento de preceitos morais. Todas essas formas são legitimas, e podem nos acrescentar em certa medida, contudo, existe um propósito e forma mais deliciosa de desfrutar desse livro vivo (Salmo 37).
Desde o início percebemos que o propósito de Deus era nos ter para o seu deleite e glória, e esse propósito não mudou. Precisamos, portanto, nos aproximar da bíblia, em cada texto, como fonte de alimento e vida. Nesse versículo Jesus diz claramente que aquele que o ama será amado por Deus e o próprio Cristo se revelaria àqueles que o desejam (amam). E essa revelação acontece através da Bíblia (Palavra de Deus), porque Ele é o verbo, Ele é a palavra...
Assim, existem dois modos básicos de orarmos a palavra, segundo Madame Guyon – Experimentando as profundezas de Jesus Cristo através da oração: a) Tomando cada palavra do texto como alimento e b) Contemplando Cristo em cada versículo lido. 
Do início ao final do texto temos a obediência. Não é fácil obedecer; pois obediência sempre vai mexer com nosso ego; com nossas vontades. A obediência sempre vai chamar a cruz; a obediência vai exigir de nós o negar a si mesmo e a renunciar as nossas vontades. A cruz vai nos levar a perder a nossa vida da alma (Mateus 16:24-25). E essa é a lógica, ilógica do reino “Pra ganhar tem que perder!”. Experimentar as profundezas é um estilo de vida; de devocional constante, não apenas de uma hora. As profundezas nos levará a viver no espírito: a) Andar pela fé (pela palavra); b) Andar pela cruz e c) Andar no sobrenatural.
O apelo para nossos dias aqui na terra é que venhamos nos render a esse amor irresistivelmente precioso e superior a qualquer outro oferecido por homens. Somente as profundezas de Jesus Cristo podem nos suprir emocionalmente, fisicamente, espiritualmente... somente as profundezas dele podem desfazer todo sofisma da mente, todo bloqueio nas emoções. É a vida profunda de intimidade com o amado que nos fará noivas preparadas para sua vinda. São os beijos diários que recebemos dele que filhos serão gerados para a eternidade (Cantares 1:2). “Porque o teu amor é melhor que o vinho...”