Qualquer pessoa que serve a Deus mais cedo ou mais tarde, descobrirá que o grande impedimento para Sua obra não são outras pessoas, mas ela mesma. Descobrirá que sua alma não está em harmonia com seu espírito, perceberá que seu homem exterior é incapaz de submeter-se ao homem interior. Paulo nos explica sobre a diferença desses dois homens, que fazem parte do nosso ser: “Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Rm 7:22) “Mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo o nosso homem interior se renova de dia em dia.” (II Co 4:16).
É interessante observarmos a diferença, o homem interior trata-se do espírito, o homem exterior aponta para nossa alma, e Watchman Nee nomeia nosso corpo de homem periférico. Uma ilustração que caberia perfeitamente seria a de um bombom de cereja, com recheio líquido. O papel do bombom é o corpo, o chocolate é a alma e o recheio o espírito. A alma veste o corpo, e o espírito veste a alma. O homem interior veste o exterior.
Como falamos no início a única maneira de sermos usados por Deus, de modo sobrenatural e verdadeiro, é sabendo fazer distinção entre alma e espírito, como também permitir que o homem exterior se submeta ao interior. Isso só é possível por meio do tratamento, usado por Deus, chamado quebrantamento. O homem exterior precisa ser quebrado. A casca (alma) que envolve nosso espírito precisa ser quebrada para que a preciosidade do conteúdo que carregamos possa ser liberado completamente. Assim entendemos o que o apóstolo Paulo quis dizer quando escreveu: Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. (II Coríntios 4:7)
A excelência do poder precisa ser de Deus e não nossa e isso só é possível quando o vaso é quebrado. A vida de Deus só poderá ser manifesta quando o vaso é quebrado. Não devemos perguntar como obter a vida de Deus em nossas orações ou palavras, mas como essa vida pode ser manifesta, pois ela já está dentro de nós, por meio do novo nascimento. Por isso, é vital que sejamos quebrantados pelo Senhor! “Se o nosso homem exterior permanecer intacto, nunca poderemos ser uma bênção para Sua Igreja, e não podemos esperar que a Palavra de Deus pregada por nós seja abençoada” (W. Nee).
Então Maria, tomando um arrátel de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento. (João 12:3)
O vaso de alabastro precisa ser quebrado. Muitas pessoas têm grande consideração por suas habilidades, dons, emoções, consideram-se importantes, ou melhores que as demais (talvez não digam, mas pensam dessa maneira). Porque nos consideramos tão preciosos? Quando fazemos isso retemos a fragrância ao invés de liberá-la. Todas as experiências, problemas e provações que o Senhor nos envia são para o nosso bem supremo, pois o homem exterior precisa ser quebrado! O quebrantamento pode ser gradual e repentino, são os dois meios usados por Deus para tratar conosco. Por vários anos Deus vai trabalhando conosco, até chegar o momento em que Ele completa essa obra de quebrantamento de uma vez por todas (Gn 32:30), como em Peniel.
O homem exterior só é quebrado quando fazemos aplicação da cruz em nosso dia a dia, a CRUZ é o ministério do cordeiro. A cruz é a vontade perfeita de Deus para nossas vidas, é padrão para a vida cristã. O ministério do cordeiro é quando aprendemos a sofrer o dano, quando mantemos o nosso ego crucificado, quando não andamos pelo nosso entendimento próprio, mas pelo direcionar do Espírito. Mesmo sabendo disso, muitas pessoas se negam a serem quebrantadas, por quê?
A primeira razão é que muitos vivem nas trevas e não conseguem enxergar a mão de Deus em cada circunstância e problema diário. Que Deus nos conceda revelação para vermos o que provém de sua mão e como Madame Guyon de joelhos amar e beijar a mão que lida conosco. A segunda razão que impede o quebrantamento, falamos um pouco a cima, é o amor próprio. Precisamos pedir que Deus que não tenhamos piedade do que somos, para que Cristo possa ser TUDO em nós, o perfume que exala e conquista.