Se me amais, guardai os meus mandamentos.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre;
O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.
Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis.
Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.
Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
Disse-lhe Judas (não o Iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?
Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.
(João 14:15-23)
João faz questão de dar ênfase nas últimas palavras do mestre para justamente nos levar à revelação de que não estamos sozinhos. Ele começa falando sobre o consolador (Espírito Santo) “Ele vive COM [...] e EM vocês.”; logo em seguida Ele diz que os discípulos entenderiam que eles estariam Nele, e Ele estaria Neles; e Jesus continua dizendo que ao guardar (obedecer) seus mandamentos Ele e o Pai (Deus) viria morar (e não visitar) nos discípulos. Queridos, as implicações dessa verdade são profundas e tremendas. O que Jesus estava dizendo era simplesmente que o Deus triuno habitaria nos discípulos, não só neles, mas em TODOS quantos o recebessem (João 1:12); a vida incriada, o Deus criador dos céus e da terra foi amalgamado com os seres humanos. E essa é a maior história de amor de todos os tempos, pois ela não está baseada em preceitos carnais, mais no propósito eterno e divino arquitetado pelo Criador desde a fundação do mundo. É com base nessa verdade que Paulo afirma que o nosso espírito foi feito um com o Espírito de Deus, a partir do novo nascimento (I Coríntios 6:17). A expressão amalgama era usada pelos cristãos da igreja primitiva, para se referir ao que acontecia após o novo nascimento. É como os ingredientes de um bolo que se misturam. Como o mercúrio com a liga de prata que se mistura em uma obturação. Conforme vemos no versículo 23 Ele habita em nós, Ele planejou viver dentro de nós. Portanto, a bíblia não diz que somos hotel. Ele habita nas profundezas do nosso ser. O Tabernáculo aponta para o que somos hoje como habitação de Deus, como o Templo construído em Jerusalém. É por isso que o apóstolo Paulo afirma que nada pode nos separar do amor de Deus (Romanos 8:38-39), como também que nos tornamos filhos por adoção (ou seja, de acordo com a Lei Romana da época quem era adotado como filho não poderia ser deserdado ou deixar de ser filho. Uma vez adotado como filho, filho até o fim).
Toda Escritura sagrada foi escrita (e deve ser lida) com o intuito de revelar a pessoa de Jesus Cristo. Podemos nos aproximar da bíblia de várias maneiras, e enxergá-la como nos é conveniente. Muitas vezes a temos como um código de regras, outras vezes como um livro histórico, ou mesmo um ajuntamento de preceitos morais. Todas essas formas são legitimas, e podem nos acrescentar em certa medida, contudo, existe um propósito e forma mais deliciosa de desfrutar desse livro vivo (Salmo 37).
Desde o início percebemos que o propósito de Deus era nos ter para o seu deleite e glória, e esse propósito não mudou. Precisamos, portanto, nos aproximar da bíblia, em cada texto, como fonte de alimento e vida. Nesse versículo Jesus diz claramente que aquele que o ama será amado por Deus e o próprio Cristo se revelaria àqueles que o desejam (amam). E essa revelação acontece através da Bíblia (Palavra de Deus), porque Ele é o verbo, Ele é a palavra...
Assim, existem dois modos básicos de orarmos a palavra, segundo Madame Guyon – Experimentando as profundezas de Jesus Cristo através da oração: a) Tomando cada palavra do texto como alimento e b) Contemplando Cristo em cada versículo lido.
Do início ao final do texto temos a obediência. Não é fácil obedecer; pois obediência sempre vai mexer com nosso ego; com nossas vontades. A obediência sempre vai chamar a cruz; a obediência vai exigir de nós o negar a si mesmo e a renunciar as nossas vontades. A cruz vai nos levar a perder a nossa vida da alma (Mateus 16:24-25). E essa é a lógica, ilógica do reino “Pra ganhar tem que perder!”. Experimentar as profundezas é um estilo de vida; de devocional constante, não apenas de uma hora. As profundezas nos levará a viver no espírito: a) Andar pela fé (pela palavra); b) Andar pela cruz e c) Andar no sobrenatural.
O apelo para nossos dias aqui na terra é que venhamos nos render a esse amor irresistivelmente precioso e superior a qualquer outro oferecido por homens. Somente as profundezas de Jesus Cristo podem nos suprir emocionalmente, fisicamente, espiritualmente... somente as profundezas dele podem desfazer todo sofisma da mente, todo bloqueio nas emoções. É a vida profunda de intimidade com o amado que nos fará noivas preparadas para sua vinda. São os beijos diários que recebemos dele que filhos serão gerados para a eternidade (Cantares 1:2). “Porque o teu amor é melhor que o vinho...”
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