Esse é um dos nomes de Deus
que era muito usado pelos irmãos e irmãs de vertentes pentecostais, na década
de 90 (minha infância). Lembro-me das músicas que cantávamos, como “O nosso
general é Cristo” de Adhemar de Campos, e do entendimento que alguns líderes
tinham a respeito desse “exército de Deus”, como se fosse as forças armadas de
algum país. Sempre tinha algum líder que colocava a igreja para marchar e
cantar alguma música de conquista e vitória.
Por mais que eu entenda
que a igreja do Senhor Jesus aqui na terra, alinhada com Sua vontade e cheia do
poder do Espírito Santo, seja capaz de fazer maravilhas e transformar realidades
completamente destruídas pelo pecado, não a vejo como um exército armado com
armas humanas, que luta por interesses terrenos e pecaminosos. Eu a vejo
vestida com a verdade, que é o próprio Cristo e Sua Palavra, pronta para morrer
e não para matar.
É fato que Jesus virá
nas nuvens acompanhado de uma multidão de santos, mas a batalha que foi travada
contra Ele, será ganha por ninguém menos que Ele e a espada afiada que sai de
sua boca[1].
Os inimigos do Cordeiro são tão insignificantes em suas forças e armas que
cairão, com apenas um sopro da boca de Jesus[2]. É
como Davi falou[3]
e o Oficina G3 cantou: “Porque do Senhor é a guerra, e o inimigo vem ao chão,
na força do braço de Deus, sem espada ou canhão.”[4]
O termo “Senhor dos
Exércitos / O Senhor das hostes celestiais” (Sabaoth [Σαβαὼθ /אבצ]) aparece
na Bíblia pela primeira vez no livro de I Samuel, o livro da transição entre o
tempo dos juízes e o período da monarquia em Israel.
Significado
A palavra Sabaoth, que nas traduções para o
português ficou como “Exércitos”, possui diferentes significados no hebraico. Ela
aparece 282 vezes em toda a Bíblia. O seu primeiro significado é serviço/servo,
seja de guerra ou do Tabernáculo (o trabalho dos levitas). É por isso que no
texto hebraico, o agrupamento de pessoas tanto para o serviço sacerdotal como
para o serviço militar, é usada essa mesma palavra.
O segundo significado
do termo são as hostes celestiais, alguns os chamam de corpos celestes. Nas
escrituras veremos a palavra Sabaoth
tanto para o sol, lua e estrelas, como também se referindo a principados e
potestades do mundo invisível. Dentro desse significado de governantes
invisíveis, também entram os que governam sobre a terra, reis, monarcas, chefes,
e afins.
Portanto, o sentido
militar é apenas um dos significados dessa palavra que tornou-se um dos nomes
de Deus na Bíblia. Ela carrega o significado de toda a criação. Em I Samuel o
Deus de Israel se apresenta, como Yahweh
Sabaoth, o Deus que governa todo o Cosmo, nos céus, na terra e em baixo da
terra. Aquele que tem controle sobre todas as coisas, e governa sobre todos os
seres criados. Ele é o verdadeiro Rei.
A
palavra no texto
Todos
os anos esse homem (Elcana) subia de sua cidade a Siló para adorar e sacrificar
ao SENHOR dos Exércitos. [...] E fez (Ana) um voto, dizendo: “Ó Senhor dos
Exércitos, se tu deres atenção à humilhação de tua serva, te lembrares de mim e
não te esqueceres de tua serva, mas lhe deres um filho, então eu o dedicarei ao
SENHOR por todos os dias de sua vida.
(I
Samuel 1:3 e 11 NVI)
O autor do livro começa
a narração deixando claro que o Deus adorado em Siló, por todos os israelitas
que peregrinavam de ano em ano para o dia do Yom kipur (Dia da expiação)[5],
era o Deus soberano, que governava todos os seres criados. O escritor também
coloca esse nome de Deus na boca de Ana, em sua oração de súplica e
quebrantamento.
É importante ressaltar
a carga de significado e peso que tem esse capítulo de abertura do livro de
Samuel. O propósito de Deus não era uma monarquia ou o estabelecimento de um
rei, como os demais povos que viviam ao redor de Israel. Ele tinha dado leis
que eram suficientes para manter Israel seguro e próspero contra qualquer
ameaça externa. Todavia, cada uma fazia o que lhe parecia melhor, e então se
instala o ciclo de queda-arrependimento-redenção acontecendo em todo o livro de
Juízes. Isso, até chegarmos no sacerdócio corrompido da casa de Eli e o
nascimento da escola de profetas com Samuel.
A adoração a outros
deuses, aos “Exércitos celestiais”, era algo que estava incluso no ciclo de
constante queda de Israel. O povo de Deus era um povo idólatra, desde o Sinai.
E eles não melhoram nesse aspecto quando entraram na terra prometida. O livro
de Juízes é uma pequena amostra dessa realidade. Esse coração leviano alinhado
com o pedido por um rei, foram bons motivos para que o autor do livro de Samuel
começasse sua narrativa apontando para o único e verdadeiro Rei, o Senhor dos
Exércitos, o Deus todo Poderoso.
Conclusão
A situação do povo de
Deus hoje não é muito diferente do que vemos na narrativa bíblica de Juízes e
Samuel. Talvez você possa pensar que é exagero, mas o nosso coração continua
mal e corrupto, da mesma maneira que antes.
Somos especialistas em fabricar ídolos e destruir toda a boa criação de
Deus em prol dos nossos interesses egoístas e pecaminosos. A diferença é que
temos a revelação completa do Verbo de Deus, temos o Deus trino habitando em
nossos corações e nos ajudando a amar e cumprir a lei do Senhor. Recebemos uma
medida muita grande da revelação de Deus, e como igreja no Ocidente, temos
liberdade para acessar todo tipo de conteúdo e versões da revelação de Deus. Somos
indesculpáveis!
Que o nosso coração não
seja obstinado demais e rebelde a ponto de sermos rejeitados, como Saul foi.
Que a graça do arrependimento esteja sempre sobre nós, para que tenhamos olhos
para ver quão pecadores somos e quão grave é nosso pecado. Que o Espírito Santo
continue nos ensinando que o caminho de Jesus será sempre de humildade e
quebrantamento. Que os monumentos que estamos construindo no decorrer da nossa existência,
seja sempre para a glória do verdadeiro rei, Yahweh Sabaoth, o Senhor dos Exércitos!
Amém 🙏🔥🔥🔥🔥🔥💝
ResponderExcluirMeu Deus! Que Palavra Forte! Gratidão MayBrito
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