sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

O Sagrado



É que o sagrado se tornou hilário
Ascendeu em abril, se espatifou em maio
E o que é que ficou ? Ficou o riso amarelo
E agora tanto faz o que é sagrado
Nada importa se isso tudo não for antes santificado
Bem no interior do meu peito deserto
(Palavrantiga – Sagrado)

Davi era um homem apaixonado pelo Senhor, foi alguém que conseguiu capturar o coração de Deus em sua geração. A primeira decisão ao se tornar rei de todo o Israel foi trazer a Arca da Aliança (ou Presença) de volta para o seu lugar devido, em Jerusalém. A Arca aos olhos de um não adorador era uma caixa de madeira, para um religioso ela era um amuleto, mas para homens e mulheres que tinham revelação[i] ela era a presença manifesta de Deus no meio de Israel. Durante o reinado de Saul, a arca ficou 20 anos na casa de Abinadabe, após ser devolvida pelos Filisteus, e ter matado mais de 50.000 homens que a abriram, tratando-a como uma caixa comum. Davi sabia da importância da presença de Deus e ele a desejava mais que tudo.

Convocou, pois, Davi a todo o Israel desde Sior do Egito até chegar a Hamate; para trazer a arca de Deus de Quiriate-Jearim. E então Davi com todo o Israel subiu a Baalá de Quiriate-Jearim, que está em Judá, para fazer subir dali a arca de Deus, o Senhor que habita entre os querubins, sobre a qual é invocado o seu nome. E levaram a arca de Deus, da casa de Abinadabe, sobre um carro novo; e Uzá e Aiô guiavam o carro. E Davi e todo o Israel, alegraram-se perante Deus com todas as suas forças; com cânticos, e com harpas, e com saltérios, e com tamborins, e com címbalos, e com trombetas. E, chegando à eira de Quidom, estendeu Uzá a sua mão, para segurar a arca, porque os bois tropeçavam. Então se acendeu a ira do Senhor contra Uzá, e o feriu, por ter estendido a sua mão à arca; e morreu ali perante Deus.
(I Crônicas 13:5-10)

Hoje também, Deus está levantando uma geração de pessoas famintas por sua presença e pela manifestação de sua glória. Pessoas que estão dispostas a fazer o que for preciso para trazer a manifestação da presença Dele para o lugar devido. Davi tinha um coração sincero, mas cometeu o erro de não estudar a história dos moveres passado (época de Moisés), para saber a forma correta de lidar com a presença e carregar a Glória do Deus vivo. Da mesma forma, se desejamos avivamento em nossa geração precisamos aprender a lidar com o sagrado. Precisamos aprender a reverenciar a presença. “Precisamos recuperar um respeito profundo e pessoal pelo poder da glória de Deus sobre a carne não arrependida. Não é que não devamos nos aproximar dela, “usá-la”, ou habitar nela. Assim como um eletricista pode trabalhar em meio a linhas de força de 220 volts com segurança quando aprende a respeitar o poder da eletricidade”.



Uzá, segundo alguns teólogos acreditam, foi criado com a Arca. Alguns chegam a afirmar que provavelmente ele subia em cima dela e brincava próximo a ela. E no momento em que estendeu a mão para segurar a arca, deve ter pensado: vou segura-la como das outras vezes. Entretanto, a Arca estava retornando para o seu lugar devido, e uma lombada (um tropeço) foi colocada por Deus no meio do caminho, para dizer: Vocês querem a minha presença, então façam do meu jeito!
Para que o sagrado não se torne hilário e reste em nosso rosto um riso sem graça, antes do Kabode de Deus vir para nosso meio precisamos aprender a reverenciá-lo, precisamos relembrar que a diferença do sagrado é que se trata de algo que não é COMUM! Isso não deve nos desmotivar de ter a presença, pelo contrário, devemos estar dispostos a pagar o preço que for preciso, como Davi! Antes de entrarmos no Santos dos Santos é necessário passar pelo altar do sacrifício. É necessário que nosso ego seja crucificado e nossas vontades alinhadas, é necessário que morramos, para experimentar a Glória! O Senhor deseja restaurar a Igreja conforme o modelo bíblico, onde Sua presença era tão real que a carne sem arrependimento, não permanecia viva diante dela[ii]. Deus deseja ser encontrado por nós. Ele sempre nos desejou, desde o Éden.
Existe sim, em nosso meio um vazio, em nossas reuniões e cultos. É como se faltasse algo... Se você tem essa sensação quero te dizer que você está certo! Falta a presença MANIFESTA daquele que dizemos estar cultuando. Existe muito do homem e pouco de Deus em nossas programações e eventos. Estamos tão envolvidos em fazer coisas (como Marta) para Ele, que nos esquecemos do principal, relacionamento...intimidade! Ele deseja estar presente, mas será que estamos dispostos a fazer o que for preciso, será que estamos dispostos a morrer?

E, estando sua nora, a mulher de Finéias, grávida, e próxima ao parto, e ouvindo estas notícias, de que a arca de Deus era tomada, e de que seu sogro e seu marido morreram, encurvou-se e deu à luz; porquanto as dores lhe sobrevieram.
E, ao tempo em que ia morrendo, disseram as mulheres que estavam com ela: Não temas, pois deste à luz um filho. Ela porém não respondeu, nem fez caso disso.
E chamou ao menino Icabode, dizendo: De Israel se foi a glória! Porque a arca de Deus foi tomada, e por causa de seu sogro e de seu marido.
1 Samuel 4:19-21

Que Deus desperte em nossa geração homens e mulheres de todas as idades, famintos pela Glória Dele, pela presença manifesta do Rei! Que nossa geração não venha ser a geração do Ikabode, mas a geração daqueles que buscam a Face do Deus de Israel, a geração do Kabode! A geração que foi marcada por um avivamento, a geração que experimentou a orla das vestes enchendo o limiar do templo.



[i] Revelação que me refiro não tem a ver com o dom da palavra de conhecimento, mas ver as verdades bíblicas em uma ótica divina. Não é algo novo, todavia algo visto por diversos homens e mulheres de Deus ao longo da história da Igreja.
[ii] Episódio de Ananias e Safira (Atos 5:1-11)

terça-feira, 30 de agosto de 2016

O segredo de um coração aquecido



Ao lermos a biografia de tantos homens e mulheres de Deus, que percorreram os séculos e ficaram conhecidos por marcar suas gerações pelo amor aos perdidos e serem iniciadores de grandes avivamentos, percebemos algo em comum em todos, um coração apaixonado por sua causa. Mas, o que levou Bunyan a suportar tantos anos de prisão? Wesley a ser a tocha tirada do fogo? O que levou Adoniram Judson e sua esposa a amarem tanto um país que não era o seu de origem? O que levou David Levingstone atravessar um continente e mapeá-lo, e ao final de sua vida desejar ter seu coração enterrado nessa terra que tanto amou? O que levou Teresa de Ávila a tamanha disciplina e caridade? O que pode levar um homem (Paton) a levar o evangelho a canibais? O que fez Hudson Taylor a ser consumido até a morte, em uma China devastada pelo ópio? E o simples pregador do interior dos Estados Unidos, David Wilkerson, a mudar-se para Nova Iorque e dar sua por viciados em violência e drogas?
Como falamos no início, uma causa; “Ergon, aquilo com que alguém se manterá ocupado, requerendo suas energias, talentos, dons, tempo, família, orquestrando seu “modus vivendis”. Quem causa tem uma causa! Mas, o que nos leva a essa causa? A Oração! Um relacionamento com o divino, pois o Ergon é um presente divino. Como diz nossa irmã-amiga Ariadna de Oliveira, ninguém está apto para discernir sua causa existencial a não ser Aquele que nos conheceu quando ainda éramos informes.
Lionel Fletcher escreveu: “Todos os ganhadores de almas através dos séculos foram homens e mulheres incansáveis na oração [...]”. Quando vamos ler sobre a vida de todos, percebemos a disciplina que todos esses homens e mulheres tinham com a oração e a palavra. Teresa de Ávila e Guion descobriram esse tesouro, do que é realmente orar. A oração acontece de fato quando nosso espírito ora, quando entramos no santo dos santos. Alguns de nossa geração têm descoberto isso, não é algo novo, pois todos os Heróis da fé e avivalistas descobriram essa mesma verdade escondida nas escrituras. Quem já pisou nos santos dos santos, em outro lugar não sabe viver....

Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus,
Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne,
E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus,
Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa,
Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.
(Hebreus 10:19-23)

O Ergon (Chamado) é resultado de um coração aquecido, e o coração aquecido é consequência de uma vida de oração. Não é possível ser quente se nosso relacionamento com o criador não for intenso e profundo também. Jeanne Guyon, popularmente chamada de Madame Guyon, cria que se deve rezar (orar) o tempo todo, e que em tudo o que se faz, deve-se passar o tempo com Deus. “A oração é a chave da perfeição e da felicidade; é o meio eficaz de se livrar de todos os vícios e de aquisição de todas as virtudes, porque o caminho para se tornar perfeita é viver na presença de Deus, Ele mesmo nos diz: anda na minha presença e sê perfeito (Gn 17:1)...a oração pode si só pode trazer-lhe a Sua presença, e mantê-lo lá continuamente.”
Todos esses Heróis da fé que tiveram uma vida avivada, e impactaram muitas pessoas, tiveram uma vida nos Santos dos santos. Todos eles eram intensos em suas orações. Muitos cristãos têm orações mornas ou mesmo nem as têm, e vêem a oração como algo chato ou uma obrigação. De fato, no início de uma vida de oração é assim, todavia, os que perseveram conhece os Santos os santos; e como Guyon deseja ensinar outros sobre esse grande e simples segredo, de como orar de verdade, como orar em espírito e em verdade.
Foi quando Guyon escreveu “Um curto e fácil método de oração”[i], teve sua liberdade restrita. Essa querida irmã, foi literalmente presa, por ensinar as pessoas como chegar nos Santos dos santos. Esse foi o Ergon de Guyon, que levou muitos outros irmãos, séculos depois, a conhecerem Jesus de modo íntimo e a descobrirem seu Ergon.
Todas as vezes que leio sobre os nossos pais e irmãos na fé, me envergonho do pouco que tenho orado e feito, mas ao mesmo tempo me sinto desafiada e motivada a crescer em oração e fé.
Que possamos sair das orações monótonas e conhecer as delícias da intimidade com a pessoa do Senhor Jesus. Que possamos encontrar nosso “Modus vivendis” através da oração do espírito.




[i]  Experimentando as Profundezas de Jesus Cristo através da Oração – Editora dos Clássicos

terça-feira, 26 de abril de 2016

Quebrantamento - O ministério do Cordeiro


Qualquer pessoa que serve a Deus mais cedo ou mais tarde, descobrirá que o grande impedimento para Sua obra não são outras pessoas, mas ela mesma. Descobrirá que sua alma não está em harmonia com seu espírito, perceberá que seu homem exterior é incapaz de submeter-se ao homem interior. Paulo nos explica sobre a diferença desses dois homens, que fazem parte do nosso ser: “Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Rm 7:22) “Mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo o nosso homem interior se renova de dia em dia.” (II Co 4:16).
É interessante observarmos a diferença, o homem interior trata-se do espírito, o homem exterior aponta para nossa alma, e Watchman Nee nomeia nosso corpo de homem periférico. Uma ilustração que caberia perfeitamente seria a de um bombom de cereja, com recheio líquido. O papel do bombom é o corpo, o chocolate é a alma e o recheio o espírito. A alma veste o corpo, e o espírito veste a alma. O homem interior veste o exterior. 


Como falamos no início a única maneira de sermos usados por Deus, de modo sobrenatural e verdadeiro, é sabendo fazer distinção entre alma e espírito, como também permitir que o homem exterior se submeta ao interior. Isso só é possível por meio do tratamento, usado por Deus, chamado quebrantamento. O homem exterior precisa ser quebrado. A casca (alma) que envolve nosso espírito precisa ser quebrada para que a preciosidade do conteúdo que carregamos possa ser liberado completamente. Assim entendemos o que o apóstolo Paulo quis dizer quando escreveu: Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. (II Coríntios 4:7)
A excelência do poder precisa ser de Deus e não nossa e isso só é possível quando o vaso é quebrado. A vida de Deus só poderá ser manifesta quando o vaso é quebrado. Não devemos perguntar como obter a vida de Deus em nossas orações ou palavras, mas como essa vida pode ser manifesta, pois ela já está dentro de nós, por meio do novo nascimento. Por isso, é vital que sejamos quebrantados pelo Senhor! “Se o nosso homem exterior permanecer intacto, nunca poderemos ser uma bênção para Sua Igreja, e não podemos esperar que a Palavra de Deus pregada por nós seja abençoada” (W. Nee). 

Então Maria, tomando um arrátel de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento. (João 12:3)

O vaso de alabastro precisa ser quebrado. Muitas pessoas têm grande consideração por suas habilidades, dons, emoções, consideram-se importantes, ou melhores que as demais (talvez não digam, mas pensam dessa maneira). Porque nos consideramos tão preciosos? Quando fazemos isso retemos a fragrância ao invés de liberá-la. Todas as experiências, problemas e provações que o Senhor nos envia são para o nosso bem supremo, pois o homem exterior precisa ser quebrado! O quebrantamento pode ser gradual e repentino, são os dois meios usados por Deus para tratar conosco. Por vários anos Deus vai trabalhando conosco, até chegar o momento em que Ele completa essa obra de quebrantamento de uma vez por todas (Gn 32:30), como em Peniel. 
O homem exterior só é quebrado quando fazemos aplicação da cruz em nosso dia a dia, a CRUZ é o ministério do cordeiro. A cruz é a vontade perfeita de Deus para nossas vidas, é padrão para a vida cristã. O ministério do cordeiro é quando aprendemos a sofrer o dano, quando mantemos o nosso ego crucificado, quando não andamos pelo nosso entendimento próprio, mas pelo direcionar do Espírito. Mesmo sabendo disso, muitas pessoas se negam a serem quebrantadas, por quê? 
A primeira razão é que muitos vivem nas trevas e não conseguem enxergar a mão de Deus em cada circunstância e problema diário. Que Deus nos conceda revelação para vermos o que provém de sua mão e como Madame Guyon de joelhos amar e beijar a mão que lida conosco. A segunda razão que impede o quebrantamento, falamos um pouco a cima, é o amor próprio. Precisamos pedir que Deus que não tenhamos piedade do que somos, para que Cristo possa ser TUDO em nós, o perfume que exala e conquista.


segunda-feira, 4 de abril de 2016

Convite às profundezas


Se me amais, guardai os meus mandamentos.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre;
O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.
Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis.
Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.
Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
Disse-lhe Judas (não o Iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?
Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.
(João 14:15-23)

João faz questão de dar ênfase nas últimas palavras do mestre para justamente nos levar à revelação de que não estamos sozinhos. Ele começa falando sobre o consolador (Espírito Santo) “Ele vive COM [...] e EM vocês.”; logo em seguida Ele diz que os discípulos entenderiam que eles estariam Nele, e Ele estaria Neles; e Jesus continua dizendo que ao guardar (obedecer) seus mandamentos Ele e o Pai (Deus) viria morar (e não visitar) nos discípulos. Queridos, as implicações dessa verdade são profundas e tremendas. O que Jesus estava dizendo era simplesmente que o Deus triuno habitaria nos discípulos, não só neles, mas em TODOS quantos o recebessem (João 1:12); a vida incriada, o Deus criador dos céus e da terra foi amalgamado com os seres humanos. E essa é a maior história de amor de todos os tempos, pois ela não está baseada em preceitos carnais, mais no propósito eterno e divino arquitetado pelo Criador desde a fundação do mundo. É com base nessa verdade que Paulo afirma que o nosso espírito foi feito um com o Espírito de Deus, a partir do novo nascimento (I Coríntios 6:17). A expressão amalgama era usada pelos cristãos da igreja primitiva, para se referir ao que acontecia após o novo nascimento. É como os ingredientes de um bolo que se misturam. Como o mercúrio com a liga de prata que se mistura em uma obturação. Conforme vemos no versículo 23 Ele habita em nós, Ele planejou viver dentro de nós. Portanto, a bíblia não diz que somos hotel. Ele habita nas profundezas do nosso ser. O Tabernáculo aponta para o que somos hoje como habitação de Deus, como o Templo construído em Jerusalém. É por isso que o apóstolo Paulo afirma que nada pode nos separar do amor de Deus (Romanos 8:38-39), como também que nos tornamos filhos por adoção (ou seja, de acordo com a Lei Romana da época quem era adotado como filho não poderia ser deserdado ou deixar de ser filho. Uma vez adotado como filho, filho até o fim).
Toda Escritura sagrada foi escrita (e deve ser lida) com o intuito de revelar a pessoa de Jesus Cristo. Podemos nos aproximar da bíblia de várias maneiras, e enxergá-la como nos é conveniente. Muitas vezes a temos como um código de regras, outras vezes como um livro histórico, ou mesmo um ajuntamento de preceitos morais. Todas essas formas são legitimas, e podem nos acrescentar em certa medida, contudo, existe um propósito e forma mais deliciosa de desfrutar desse livro vivo (Salmo 37).
Desde o início percebemos que o propósito de Deus era nos ter para o seu deleite e glória, e esse propósito não mudou. Precisamos, portanto, nos aproximar da bíblia, em cada texto, como fonte de alimento e vida. Nesse versículo Jesus diz claramente que aquele que o ama será amado por Deus e o próprio Cristo se revelaria àqueles que o desejam (amam). E essa revelação acontece através da Bíblia (Palavra de Deus), porque Ele é o verbo, Ele é a palavra...
Assim, existem dois modos básicos de orarmos a palavra, segundo Madame Guyon – Experimentando as profundezas de Jesus Cristo através da oração: a) Tomando cada palavra do texto como alimento e b) Contemplando Cristo em cada versículo lido. 
Do início ao final do texto temos a obediência. Não é fácil obedecer; pois obediência sempre vai mexer com nosso ego; com nossas vontades. A obediência sempre vai chamar a cruz; a obediência vai exigir de nós o negar a si mesmo e a renunciar as nossas vontades. A cruz vai nos levar a perder a nossa vida da alma (Mateus 16:24-25). E essa é a lógica, ilógica do reino “Pra ganhar tem que perder!”. Experimentar as profundezas é um estilo de vida; de devocional constante, não apenas de uma hora. As profundezas nos levará a viver no espírito: a) Andar pela fé (pela palavra); b) Andar pela cruz e c) Andar no sobrenatural.
O apelo para nossos dias aqui na terra é que venhamos nos render a esse amor irresistivelmente precioso e superior a qualquer outro oferecido por homens. Somente as profundezas de Jesus Cristo podem nos suprir emocionalmente, fisicamente, espiritualmente... somente as profundezas dele podem desfazer todo sofisma da mente, todo bloqueio nas emoções. É a vida profunda de intimidade com o amado que nos fará noivas preparadas para sua vinda. São os beijos diários que recebemos dele que filhos serão gerados para a eternidade (Cantares 1:2). “Porque o teu amor é melhor que o vinho...”

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

E o Cristo, onde está?

No domingo passado foi compartilhada uma palavra do culto com esse Tema: E o Cristo, onde está? A inspiração da mesma veio de uma viagem que nosso querido Pai-stor Raimundo Aires fez a Roma a alguns anos atrás. Ele dizia que quando entraram no território do Vaticano, o guia lhes mostrava todos os locais históricos, e foram horas de visitação a muitas relíquias sagradas e histórias de muitos santos cristãos, todavia, ao final da visitação, espontaneamente, nosso pastor indagou: "E o Cristo, onde está?" e o guia surpreso com o questionamento respondeu: "Sabe que é mesmo! Eu não havia pensado sobre isso.". Após tantos monumentos grandiosos e relíquias valiosas, nada foi encontrado dedicado à Cristo. Nada ali tinha Cristo como o centro.



Uma pergunta aparentemente simples, mas que nos leva a refletir sobre nós mesmos. Um pergunta que nos levará a ser confrontados em nossas atitudes e modus vivendi. Começaremos, então com o básico do dia, nossas orações: E o Cristo, onde está em nossas orações? Que lugar Cristo ocupa em nossas orações?

Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; 
O pão nosso de cada dia nos dá hoje; 
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;
E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.
(Mateus 6:9-13)

A oração modelo nos ensina a começar adorando, compreendendo que pertencemos a um Senhor e que esse Senhor deseja ocupar seu lugar (que lhe é de direito) em nossos corações. O Cristo precisa ser o centro de nossas orações, e não o nosso ego. A vontade do Cristo precisa ser cumprida em nossas vidas, não de forma permissiva, mas genuinamente, pois a vontade do Cristo, que é Senhor, é boa, perfeita e agradável. A oração não nos priva de fazermos petições, contudo, nos mostra que o pedir deve ser conforme à vontade do Pai. 
Dando continuidade à nossa reflexão...Onde está o Cristo em nosso modo de vestir? Se eu digo que o Cristo vive em meu espírito, porque não ajo conforme a natureza de Cristo, seguindo seus mandamentos e a direção interior? (I Timóteo 2:9) Onde está o Cristo, em minhas atitudes para com meu próximo? O Cristo que exalava compaixão e altruísmo por onde quer que passava, tem exalado essa vida através de minhas atitudes?
Onde está o Cristo em minhas atitudes de soberba e arrogância? 

Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. (
Filipenses 2:6-8)

Ante ao texto que Paulo escreve aos irmãos de Filipos, percebemos que a arrogância e a soberba nada tem a ver com Cristo. E a resposta para nossas perguntas é que nem sempre Cristo tem aparecido em nossas atitudes, nem sempre Cristo tem aparecido em nossas vestimentas e relacionamentos. Como Paulo escreveu em uma de suas cartas, assim como a esposa é a glória do esposo, nós fomos criados para a Glória de Deus. Por isso todo o nosso viver, seja nosso deitar ou levantar, nosso vestir e nosso falar, tudo deve ser para Glória Dele! Que nossa oração nesses dias seja como a de João Batista: Que Ele cresça e eu diminua. Ou como a da nossa irmã Mariana Valadão: "Seja tudo em mim, Senhor!" e como Paulo possamos dizer: "Já estou crucificado...", esse é o ministério do cordeiro. Para que não venhamos cair em reprovação na indagação inicial: E o Cristo, onde está?