sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Por que tarda o pleno avivamento... ainda?

Gostaria de compartilhar com meus leitores uma parte de um dos últimos capítulos do livro: O homem do céu. Nesse capítulo o irmão Yun, compartilha a percepção que teve das igrejas ocidentais, após fugir da China milagrosamente pode andar por quatro anos pregando nas igrejas ocidentais.



Antes de conhecer o Ocidente, eu não fazia a menor idéia de quantas igrejas vivem adormecidas espiritualmente. Presumi que todas eram fortes e vibrantes, pois, afinal, levaram o evangelho ao meu país com grande fé e tenacidade. Muitos missionários deixaram exemplos poderosos ao perder a vida por amor a Jesus.
Houve ocasiões em que senti dificuldade para pregar em igrejas ocidentais. Parece que falta alguma coisa e isso me traz um sentimento horrível. Muitas reuniões são frias e destituídas do fogo e da presença de Deus que temos na China. (....)
Na situação atual, é quase impossível a igreja adormecer na China. Há sempre algum motivo para fugirmos, e é muito difícil alguém dormir enquanto foge. Temo que, se a perseguição acabar, fiquemos complacentes e acabamos adormecendo. (...)
Posso afirmar, sem nenhuma sombra de dúvida, que a igreja ocidental não precisa construir nem mais um único templo de quer. Edifícios nunca trarão avivamento. (...)
O primeiro passo a ser dado para que haja um avivamento é voltar à Palavra do Senhor. Nas igrejas do Ocidente, falta a Palavra de Deus. Sei que há muitos pregadores e milhares de fitas e vídeos com ensinamentos bíblicos, mas muito pouco desse material contém a verdade cortante da Palavra de Deus. O que liberta é a verdade. Falta não apenas conhecimento da Palavra de Deus, mas também obediência a ela. Vejo pouca gente agindo. (...)
Quando o Senhor se move no Ocidente, parece que as pessoas querem parar de desfrutar da presença e das bênçãos dele por tempo demais. Depois, constroem um altar às suas experiências. UMA PESSOA SÓ CONHECE AS ESCRITURAS DE VERDADE QUANDO PERMITE QUE ELAS TRANSFORMEM SUA VIDA. Todos os avivamento genuínos do Senhor resultaram em crentes agindo para conquistar almas. Quando Deus se move realmente no coração de uma pessoa, ela não consegue permanecer calada. Sentirá fogo nos ossos, como Jeremias disse: "A tua mensagem fica presa dentro de mim e queima como fogo no meu coração. Estou cansado de guardá-la e não posso mais aguentar" (Jr 20:9). Além do mais, só quando partimos em obediência e compartilhamos o evangelho com os outros é que passamos a ver a bênção de Deus em todas as áreas da nossa vida. (...)
Tenho visto, nas igrejas ocidentais, pessoas adorando como se já estivessem no céu. Depois, invariavelmente, alguém transmite uma mensagem de consolo como: "Meus filhos, amo vocês. Não temam, estou com vocês". Não me oponho a essas palavras, mas parece estranho ninguém nunca ouvir a seguinte mensagem do Senhor: "Meu filho, quero enviá-lo às favelas da Ásia ou às regiões tenebrosas da África para ser meu mensageiro aos que estão morrendo no pecado".
Multidões de membros das igrejas ocidentais se satisfazem em dar o mínimo, e não o máximo, a Deus. Observei homens e mulheres durante a entrega das ofertas nas igrejas. Abrem as carteiras recheadas e procuram a menor nota para entregar. Esse tipo de atitude nunca será suficiente! Jesus deu toda a sua vida por nós, e devolvemos a Deus o mínimo possível da nossa vida, tempo e dinheiro. Isso é uma vergonha! Arrependam-se!
Talvez pareça estranho, mas chego a sentir saudades das ofertas que eu dava na China. Inúmeras vezes ouvi o dirigente da reunião anunciar: "Temos um novo obreiro que vai partir amanhã para servir ao Senhor". Imediatamente todos os presentes tiravam o que tinham no bolso e doavam. Com esse dinheiro o obreiro comprava uma passagem de trem ou ônibus e partia no dia seguinte. (...)
O fato de possuir um templo não implica necessariamente que a pessoa tem Jesus em sua vida. Para muitas igrejas hoje, ele não é bem-vindo (Ap 3:20). (...)
Claro que nem todas as igrejas ocidentais estão adormecidas! Notei um denominador comum a todas as congregações fortes que visitei: compromisso firme e sacrificial com as missões entre as nações não-alcançadas. Não me refiro apenas à esforços locais, nem a tentativas de plantar igrejas em outras cidades do mesmo país.  Falo de coração ardendo de desejo de estabelecer o Reino de Deus nas áreas mais carentes do evangelho e dominadas por trevas espirituais em todo o mundo, lugares em que ninguém nunca ouviu falar o nome de Jesus. Os que começarem a dedicar tempo, oração e recursos para isso logo verão a bênção de Deus sobre o trabalho de suas mãos.
A "grande comissão" permanece a mesma. Muitas comunidades tentam criar o céu na terra, mas, enquanto não obedecerem à grande comissão e levarem o evangelho aos confins do mundo, as igrejas ocidentais estarão apenas brincando de Deus, sem seriedade diante da verdade. Muitas igrejas são lindas por fora, mas estão mortas onde é importante, no interior. (...)
As lágrimas sempre vêm antes do verdadeiro mover do Senhor. Ele não derrama sua bênção sobre carne impura e egoísta. A cruz tem de ser o centro de tudo. QUEM FIZER TUDO ISSO VERÁ O AVIVAMENTO. Você se dispõe a entregar todo seu ser a Deus para o serviço dele? (...)
Muitos cristãos me perguntam também por que acontecem tantos milagres, sinais e maravilhas na China e tão poucos no Ocidente.  Os ocidentais gozam de uma boa vida. Têm seguro para tudo. De certa forma, não precisam de Deus. (...)
Na China, os maiores milagres não são as curas e outros fatos semelhantes, mas sim as vidas transformadas pelo evangelho. Não pensamos que fomos chamados para seguir sinais e maravilhas, mas acreditamos que estes nos seguem quando pregamos o evangelho. Não fixamos os olhos neles, mantemos o olhar fixo em Jesus.


No final do ano passado minha sequência de leitura foi sobre avivamento e oração. Meu clamor por três meses foi em cima desse tema, e através desse livro Deus me trouxe muitas respostas às orações que fazia a mais ou menos um ano atrás. Se queremos avivamento e presença de Deus precisamos para de olhar para nosso céu particular e alcançar os não alcançados. Antes de tudo deixar as divergências teológicas e denominacionais e unir forças para esse propósito, a Grande comissão! A estratégia do inimigo de nossas almas não mudou, é tirar nosso foco, é tirar a cruz do centro!
Bom fim de ano! E que o ano que se aproxima seja realmente, novo!

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Injustiças

Vivemos em um mundo injusto, desde que o homem caiu e o pecado entrou em cena, vivemos em meio a injustiças e horrores advindos da frieza e maldade oriundas do veneno do pecado na alma humana. Até a volta de Jesus, e o início de seu reino milenar de justiça e paz, haverá injustiças e horrores nessa terra. Gostaria de abordar dois ângulos sobre as injustiças nos relacionamentos interpessoais, ambos voltados para nós cristãos, discípulos de Cristo. O primeiro é o ângulo de quando sofremos injustiças, e o segundo é de quando outros sofrem injustiças. 


E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas,
Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.
Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.
Jeremias 18:3-6
Em nossa vida aqui na terra, sempre iremos passar por situações, nos relacionamentos interpessoais, nas quais sempre acharemos que estamos com a razão (pode ser que estejamos mesmo) ou de que o outro falhou conosco, nos humilhou...envergonhou, desprezou, nos acusou de algo que não fizemos. Nossa atitude, na maioria das vezes é de vítima, "o ofendido", "o injustiçado", "o rejeitado". Nessa primeira abordagem da injustiça, quando estamos na posição de sofre-la, devemos sempre nos lembrar do texto acima - se é nosso real desejo crescer em Cristo e ser semelhante a Ele, precisamos mudar essa forma de ver as injustiças e situações vividas nos relacionamentos interpessoais. 
Enquanto permanecermos na posição de vítima e sentindo pena de nós mesmos, nunca avançaremos! Precisamos trazer à memória as palavras do profeta: "Eis que, como barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão." Deus é soberano! Ao invés de sempre nos vermos como a vítima, devemos ver na ótica da palavra! Deus está moldando a minha vida em cada situação, no relacionamento com as pessoas de onde trabalho, na escola, faculdade é o oleiro moldando o vaso. Por mais difícil que possa parecer, Deus está me moldando para que eu possa refletir a imagem do crucificado! 
Jesus foi humilhado, ofendido, rejeitado e no final ele disse: "Perdoa-os pois não sabem o que fazem", essa atitude só pode ser vista naqueles que crucificaram o ego, morreram para suas razões, para aqueles que já se humilharam e quebrantaram na presença de Deus! Que a palavra (as características de Jesus Cristo) possa nos desfazer e nos refazer segundo sua imagem.

O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;
Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;
Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;
Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.
Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram;
Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos;
A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens.
Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.
Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.
Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.
Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.
Romanos 12:9-21

Em relação aos outros irmãos, como também aqueles que não pertence a Cristo e até mesmo aqueles que se colocam como nossos inimigos, devemos praticar atos de justiça. Sendo diligentes no cuidado e serviço com o outro. Dando pão ao que tem fome, dando de beber àquele que tem sede, nunca humilhando ou tratando com desprezo ninguém. Nem mesmo aqueles que são mais difíceis de amar e servir. O servo não escolhe a quem vai servir, o verdadeiro servo ama sem fingimento, como seu Senhor, ágape. O cristão deve ser um bálsamo para o ferido, água para o sedento e pão para o faminto. O cristão deve manifestar atos de justiça, pois Deus é justiça.
Nesse domingo, nosso pastor trouxe uma triste história, de uma cidade no interior da França. Era uma cidade que se dizia cristã. Certa vez, haviam dois irmãos que ficaram órfãos; a irmã mais velha ainda na infância foi aliciada por homens daquela cidade para as drogas, o irmão tinha deficiência mental. Alguns homens daquela cidade pegaram esse rapaz e o amarram em um poste, zombavam dele e o maltrataram com demasia, com palavras e golpes. Após esse momento de tortura, ambos os irmãos se suicidaram. O pároco daquela região, após a morte dos órfãos, deu um sermão no domingo dizendo: "Se no dia do juízo final, o Senhor Deus me perguntar: onde estão suas ovelhas!?, ficarei em silêncio. Caso ele insista e pergunte novamente: Onde estão suas ovelhas!?, então com pesar responderei: Não havia nenhuma ovelha, meu Senhor, somente bodes!"
Essa triste história não pode ser uma realidade no meio do povo que se diz cristão! A atitude da igreja deve ser a mesma de Cristo, atos de justiça, estender a mão ao necessitado, não zombar do outro por suas deficiências (não me refiro somente ao físico). Podemos trazer justiça e paz para nosso contexto antes da volta de Jesus. Que possamos ser a expressão do crucificado a cada dia!
Cristianismo não é religião, é estilo de vida! Cristianismo é encarnação de Cristo em nós. Cristianismo são atos de justiça, em um mundo injusto e mau. A matemática do reino é inversa, para crescer tem que diminuir; para ganhar tem que perder. Que o bom pastor encontre em nós, ovelhas do seu aprisco. Até que Ele venha com teu reino de justiça e paz que possamos amenizar as injustiças e guerras.   

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Tudo que é sólido pode derreter?



Hoje estava assistindo o terceiro filme da trilogia de animação "Toy Story"; fiz uma leitura que ainda não havia feito nos filmes anteriores. A priori, olhando de forma superficial, podemos ver um garoto que não quer desapegar de seus brinquedos e romper com a fase da infância. Todavia as lições deixadas por esse filme infantil são preciosas.

A primeira lição é sobre identidade, os brinquedos de Andy são diferenciados, principalmente o cowboy Woody. Eles tem uma convicção interior que todos nós deveríamos ter "Eu sou amado pelo meu dono". Essa convicção é fruto da identidade formada por meio do relacionamento que estabeleceram com Andy (o dono dos brinquedos). Temos convicção de quem somos, quando temos revelação do amor de Deus por nós "Eu sou amado do Pai", essa convicção vem por meio do relacionamento mantido com o criador, o nosso dono. 
Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: sermos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! Por isso o mundo não nos conhece, porque não o conheceu.
1 João 3:1
Outra lição importante é sobre amizade e companheirismo, os brinquedos dão um baita exemplo de como fazer verdadeiros amigos e como se tornam a família que nasceram de pais diferentes. Amizades sadias que te influenciam para o melhor que você pode ser e fazer, as quais te levam a usar habilidades quem nem você mesmo acreditava que as tinha, com o objetivo de salvar vidas e gerar unidade.
O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão. (Pv 18:24)
Entre todas essas lições e outras mais que podemos absorver, essa é a que considero mais profunda e reflexiva para o momento socio-histórico no qual estamos inseridos: "Nem tudo é descartável"! Em uma cultura do descartável, e do "Quebrou? Compra outro", o filme Toy Story nos mostra que não é bem assim. Aquilo que quebrou pode ser consertado e o mais importante: Pessoas não são descartáveis, relacionamentos não são descartáveis! A sociologia chama essa Era de "Líquida", amor líquido, sociedade líquida...relacionamentos líquidos. Essa infeliz realidade é fruto da decadência moral e da desvalorização daquilo que um dia foi valorizado e chamado de principal. Valores como fidelidade, integridade, respeito... parece que foram desintegrados e se tornaram escassos. 
Entender que a liquidez é uma crítica e não um estado de progresso ou evolução social, deveria gerar em nós o desejo fazer durar, ou ao menos nos esforçar para isso! Dar o nosso melhor em nossos relacionamentos interpessoais.
O valor empregado por Andy a seus brinquedos, nos mostra algo excelente que perdemos, relacionamentos duradouros - sejam amizades, namoros, casamentos. O cuidado empregado para que seus brinquedos se tornassem duráveis, nos traz vergonha ao percebermos a forma como tratamos nossos pais, irmãos, maridos, esposas... 

Outra lição inserida dentro dessa última é gratidão e transferência de legado. Ao entender que sua fase de infância havia acabado, mas que aqueles "tesouros" deveriam ser cuidados por alguém que vive a fase que ele viveu com tanta intensidade, é extraordinário e fundamental. Passar um legado de valores sólidos a quem está começando na vida, em meio a Era da liquidez é nadar contra a maré, deixar um rastro de esperança para as gerações vindouras.

Por último, gostaria de ressaltar a criatividade. O poder que os brinquedos tem de aguçar a mente das crianças é sem dúvidas algo divino. Deus é o criador de todas as coisas, nós fomos feitos à sua imagem e semelhança, não é a toa que temos esse desejo interno de criar e fazer coisas novas (é claro que em alguns casos isso foge dos limites, e acabam tendendo para o mal, mas isso não tira a natureza divina da criatividade), nosso Deus é criativo. 


"Ao infinito e além!" Que as era da eternidade nos revele a infinidade da pessoa de Cristo, dos três.

Eis a questão: tudo que é sólido pode derreter? A resposta pode parecer clichê, mas não vejo outra melhor... DEPENDE DE VOCÊ!

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

As consequências do Desprezar

O pecado de Esaú foi desprezar
Mas a benção de Deus Jacó soube valorizar.
Deus tem bençãos para mim que ainda vou conhecer
E como Jacó transformado eu vou ser.

(Radicais Kids)






E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou.

(Hebreus 12:16,17)



Esse episódio é relatado no livro de Gn 25:27-34, Esaú chega do campo cansado e faminto. Jacó, por sua vez, estava cozinhando (uma ensopado vermelho). Ante a esse quadro Esaú pede que Jacó lhe dê um pouco do cozido, todavia, Jacó propõe a seu irmão uma negociação: "Em troca da comida eu quero seu direito de filho mais velho". Como sabemos, Esaú aceita, troca seu direito de receber a bênção da primogenitura por um prato de comida. Quando li essa história pela primeira vez, minha ótica de "vilão" era para Jacó, interiormente eu pensava: Jacó era tão Jacó que tentava tirar vantagem de tudo, até do seu irmão, que trapaceiro esse Jacó.
Mas, como o decorrer da história percebemos qual era a motivação do coração de Jacó e a motivação do coração de Esaú. Jacó sabia com detalhes o que significava a benção do filho mais velho (primogenitura); não tinha a ver apenas com bens materiais, de receber uma parte maior que seus irmãos, tinha a ver em ser herdeiro das promessas espirituais que tiveram origem em Abraão. Jacó, com certeza sabia dos detalhes que acompanhariam o portador dessa benção espiritual, a linhagem do messias. Diferentemente, Esaú, que provavelmente tinha pouco conhecimento e interesse em conhecer o valor desse direito, isso é visível em sua exclamação: "De que me serve esse direito...". 
Outra questão que gostaria de pontuar e colocar como fundamento que revela a motivação do coração de Esaú é sua reação em Gn 27:41, no momento em que descobre que Jacó roubou sua benção e o que lhe restou foi apenas: "Longe dos lugares férteis da terra será sua habitação, e sem orvalho que cai do alto....", vemos que ele fica furioso e nutre um ódio mortal contra Jacó. Todavia, no momento do concerto com Jacó, após 20 anos (Gn 33:9), ele simplesmente responde: Tenho muitos bens... Ou seja, "está tudo bem, sou rico e tenho tudo que quero". O conceito de benção para Esaú era simplesmente riquezas materiais, aquilo que olhos podiam ver, as mãos apalpar e encher o estômago. Em momento nenhum vemos nos capítulos bíblicos o despertar de Esaú para olhar além do natural. 
Por outro lado Jacó, além de experiências profundas e pessoais com o Senhor se tornou o tronco de uma nação separada para o Senhor, o berço do messias. Jacó experimentou as riquezas celestiais, se tornou participante do mover de Deus em sua geração. Jacó viveu no centro da vontade de Deus pois valorizou as coisas espirituais. 



Hoje não é diferente, tanto é que o escritor aos Hebreus fez questão de ressaltar a atitude profana e devassa que Esaú teve para com Deus. Desprezar as benção de Deus é desprezar o próprio Deus. Desprezar é negociar, trocar aquilo que é espiritual e eterno, por aquilo que é terreno e passageiro. De forma prática: desprezamos o espiritual quando preferimos um filme a participar do culto; desprezamos quando há uma convocação do seu líder ou pastor para um ato profético (algo direcionado por Deus), e muitas vezes pensamos: "Ah! Que besteira, do que vai me servir isso..." e preferimos ir a um show; Desprezamos quando temos disposição em desembolsar R$ 300,00 para ir a um "Rock in Rio" (o valor é muito maior que o citado), mas achamos um absurdo pagar R$ 50,00 em uma conferência ou capacitação ministerial, ou algo que irá edificar seu espírito.
Precisamos parar de ser hipócritas e dizer que amamos ao Senhor, que nosso coração e prazer se encontram nele, se na verdade não estão. Jesus foi muito categórico quando disse: "Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." (Mateus 6:21)
Naquilo que eu coloco o meu dinheiro é onde vai estar meu coração. Se meu investimento é em algo que dá mais dinheiro, meu coração estará nisso. Mas, se meu coração está no reino, vou investir sem dor ou sofrimento algum, o meu dinheiro nas coisas do reino! Quem vê na ótica de Esaú não vê o reino como investimento, mas como desperdício; quem vê na ótica de Jacó, enxerga o reino como investimento eterno!
Quando cito esse exemplo, não estou dizendo que Deus precisa do nosso dinheiro, pelo contrário. Quando entendemos o princípio da mordomia, de que nada nos pertence, que tudo vem Dele, não nutrimos esse coração arrogante e apegado ao dinheiro (e demais coisas materiais). Quando Jesus faz essa afirmação, ele está nos dizendo o seguinte: "Você diz que me ama e me adora, então prepare-se pois você será testado!" Deus não precisa do nosso dinheiro, mais uma vez repito, mas em nosso dia a dia somos testados, e se pararmos para analisar veremos onde está o nosso coração. 
Ante a isso concluímos as consequências do desprezar: 1º) Ser removido da posição da benção (da posição de direito) - Jacó, mesmo com todas as suas falhas e erros, foi colocado no lugar que era por direito de Esaú; 2°) Não viver uma vida no centro da vontade de Deus (consequentemente, nunca ter vivido no conceito de Deus); 3º) Viver sem discernimento (ou cego) - Alheio à direção de Deus, não conseguindo discernir o que vem de Deus, o que vem do homem e o que vem do inimigo (os sem discernimento segundo Paulo são os imaturos ou crianças espirituais); 4°) Podemos não ter uma segunda chance - existem testes que são cruciais e irreversíveis em nossa vida, como foi na vida de Esaú.
Que possamos ser despertados nesses dias de apostasia e discernimento espiritual embotado, que possamos ter essas palavras vivas dentro de nós: "ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura." 
Profanar fala de desonrar, desprezar. Que possamos honrar o nome do Senhor com nossas atitudes e escolhas, que possamos ser filhos / servos que honram! 

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Só a Cruz esconderá quem não somos

"Que o caminho será escuro
Mas que Cristo é a luz do mundo
Deixe Ele te falar quem você é
Que a palavra te desfaça
Que te afogue em Sua graça
Só a cruz esconderá quem você não é"
[17 de Janeiro - Os Arrais]



É corriqueiro ver muitas frase e postagens falando mais ou menos assim: "Não há nada mais bonito do que ser você mesmo". Em parte concordo com essa frase. Sob a ótica da bíblia percebemos que ser quem realmente nascemos para ser só pode ser real quando nos encontramos com a cruz. Em uma música dos Arrais, eles citam essa verdade: "Só a cruz esconderá quem você não é...". 


Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.
(Romanos 12:1,2)

O primeiro passo muitos de nós já demos, é o receber Jesus como nosso único e suficiente salvador, portanto, pela graça recebemos a salvação. Essa é a primeira etapa da salvação, a regeneração. Em seguida vem o caminho do vencedor, onde nos submetemos à transformação da nossa alma. Submetemos nossa vontade ao nosso Senhor, o Espírito Santo passa a governar nossas emoções e nossa mente passa por esse processo expresso pelo apóstolo Paulo, transformação (Metamorphos = literalmente metamorfose).
Esse processo é graças à ação da cruz de Cristo em nós, em nosso dia a dia. A cruz toca nossos relacionamentos, nossos bens e principalmente nosso EGO. O objetivo de Deus nessa metamorfose é que nosso EGO seja completamente crucificado, até que possamos dizer como Paulo:

Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.
(Gálatas 2:20)


É exatamente por isso que só somos quem realmente nascemos para ser (nós mesmos) quando somos despojados do velho homem e vestidos de Cristo, quando as marcas do crucificado são visíveis em nosso falar, pensar e agir. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou, foi para sermos quem nascemos para ser que Ele morreu na cruz... para nos libertar de nós mesmos. Só a cruz pode esconder quem não somos! Só a cruz pode dizer para nós que realmente somos.


No início de nossa caminhada com Cristo o caminho é escuro, mas todas as vezes que nos expomos à Palavra uma porção de luz é jogada nos quartos escuros da nossa alma, é nesse momento que temos a oportunidade de caminhar em direção a quem nascemos para ser, e depositarmos na Cruz quem não somos. Que a palavra nos desfaça e nos afogue em sua graça!

SÓ A CRUZ ESCONDERÁ QUEM NÃO SOMOS
SÓ A CRUZ DIRÁ QUEM REALMENTE SOMOS
É SÓ POR MEIO DA CRUZ QUE PODEMOS SER NÓS MESMOS
FILHOS E CO-HERDEIROS COM CRISTO!

terça-feira, 25 de julho de 2017

Deus está com fome



“Tenho algo para comer que vocês não conhecem... A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou a concluir a sua obra”. (João 4:32 e 34 – Ler 4:1-35)

Lendo todo o texto desde o versículo primeiro do capítulo quatro observamos algo bem interessante, antes dessa afirmação transcendente feita por Jesus, muitos protocolos foram quebrados, muitos paradigmas modificados, pelo simples fato de que “era-lhe necessário passar por Samaria”.
Desde a época da divisão do reino (Judá reino do sul, e as outras dez tribos reino do norte, Israel), que se deu após a morte de Salomão, Roboão assumiu o sul e Jeroboão assumiu o norte, havia uma rixa muito grande entre judeus (reino do sul – capital Jerusalém) e samaritanos (reino do norte – capital Samaria). Isso, porque, conforme os relatos os samaritanos se misturaram, por meio de casamentos, com os povos das regiões vizinhas, assim se perderam. Após o retorno do exílio babilônico (do povo judeu – reino do norte) essa rixa ficou mais intensa, a ponto dos judeus não considerarem os samaritanos como povo de Deus. O desprezo para com seus irmãos era tão grande que os judeus faziam questão de cortar caminho para não passar por Samaria, não havia diálogo entre eles.
Mas, naquele momento a vontade de Deus era que seu servo Jesus (o Messias) passasse por Samaria. Como se a quebra desse paradigma não fosse suficiente, Deus queria que a conversa acontecesse com uma mulher em público.
Deus é especialista em quebrar protocolos, principalmente aqueles encharcados de divisões e preconceitos que nos afastam de seu amor incondicional e de sua maravilhosa graça. Deus não tem compromisso com nosso tradicionalismo exacerbado e muito menos com a religião que infla o ego. Ele tem compromisso com sua vontade e seu propósito eterno. “...Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes...”(I Co 1:27)
Os discípulos chegaram e se depararam com aquela cena “chocante”, mesmo sem pronunciarem uma palavra de reprovação para com a atitude do Mestre, seus pensamentos estavam infestados de questionamentos. Jesus, então, deixa um dos princípios espirituais mais profundos dos evangelhos. Fazer a vontade daquele que nos enviou (Jo 15:16) é um tipo de alimento.
Fazer a vontade de Deus alimenta nosso espírito, e quanto mais o obedecemos somos fortalecidos em nosso relacionamento pessoal com Ele e nos tornamos cooperadores de seus planos eternos. Como vocacionados somos alimentados fazendo a vontade daquele que nos vocacionou. É interessante observar ainda, não é apenas nós que somos alimentados e fortalecidos, mas o próprio Deus é alimentado com nossa obediência. Ao compartilhar conosco “...Tenho uma comida para comer que vocês não conhecem...” Ele estava com compartilhando conosco a fome do coração de Deus.

Deus está como fome! Ele só será saciado quando encontrar aqui na terra um servo que faz Sua vontade, para concluir a obra que está em aberto. Deus tem fome de gente! Deus tem fome de corações quebrantados e famintos por Ele! Deus está com fome! Ele busca servos que possam aplacar essa fome que só terá fim com o retorno do Cristo glorificado! Deus está com fome! 

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Princípios de Autoridade Espiritual (Parte II) - Desobediência x Rebeldia

Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.
(1 Samuel 15:23)

Muitos confundem esses dois conceitos, desobediência e rebeldia, colocam ambos na mesma categoria, todavia a bíblia faz distinção entre esses dois tipos de pecado. Tanto em relação as áreas que eles tocam quanto às suas consequências. Dois exemplos claros na bíblia que fazem diferença entre desobediência e rebeldia é a atitude de Davi e Saul. Antes de compreendermos essas diferenças, é bom ressaltar que o trono de Deus é estabelecido sobre a autoridade, por isso que só existe a autoridade que emana de seu trono. Todo o universo é regido com base nesse princípio. O governo acontece por meio das autoridades delegadas. É como se Deus compartilhasse Sua autoridade com pessoas aqui na terra, como também, antes da existência do homem, a autoridade era compartilhada com os anjos, prova disso são os três principais anjos que governam sobre outros anjos Lúcifer, Miguel e Gabriel. O primeiro se rebelou contra Deus, o princípio de seu caminho foi a auto-exaltação o desejo de ocupar o lugar do Criador, assim as consequências foram imediatas e irreversíveis. Todavia, é bom observar no livro de Judas, que Miguel não violou a autoridade Lúcifer, mesmo este havendo caído, posto que sua condenação final ainda não foi executada, ele continua a exercer autoridade.
Aqui na terra Paulo confirma esse princípio dizendo: "....porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus." (Romanos 13:1) Deus escolheu assim, compartilhar com os seres humanos sua autoridade, é por isso que em Salmo 115:16 diz que a terra Deus eu aos filhos dos homens. Essas autoridades são chamadas de autoridades delegadas, e todos nós precisamos nos submeter a elas. Exemplos de autoridades delegadas sobre nossas vidas: Pais e avós; esposo sobre a esposa; irmãos mais velhos; líderes políticos; líderes eclesiásticos... Deus considera todas essas autoridades, independente de como elas sejam, se boas ou más.
Podemos pensar, isso é muito injusto, porque eu devo me submeter a alguém que tem um grau de escolaridade menor que o meu; ou, porque devo me submeter a um rei tão ruim e corrupto? Porque esse é o caminho de Jesus, o caminho da humilhação e do quebrantamento. Se a autoridade é boa ou ruim o problema é dela com Deus, é para o Senhor que eles irão prestar contas, todavia nós devemos cumprir nossa parte, pois também prestaremos contas ao Senhor um dia.



Como falei no início a Bíblia trás um claro exemplo de rebeldia e desobediência, na vida de dois homens que viveram em uma mesma geração, um foi colocado para servir o outro. Analisando a história desses dois homens, percebemos a primeira diferença entre esses dois pecados, a rebeldia toca o trono de Deus (sua autoridade) enquanto a desobediência toca a santidade de Deus. Precisamos entender que ambos são graves, todavia a rebeldia terá consequências piores que a desobediência. Qual foi o pecado de Saul? Ele deixou de fazer o que Deus havia mandado, PRESUMINDO que agradaria a Deus sacrificando os cordeiros gordos ao invés de fazer exatamente conforme Deus ordenará. Quando lemos sobre o que Saul fez soa até bonito, religiosamente correto. "Ohh é para agradar ao Senhor! Cultuar a Ele", mas a presunção é rebeldia, tudo aquilo que não tem iniciativa em Deus é rebeldia.
Um versículo antes (I Samuel 15:22), o profeta exorta duramente o rei Saul dizendo: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. Porque será que Deus foi tão duro com Saul? Porque a primeira autoridade que devemos nos submeter é a de Deus (direta), e essa atitude de Saul demonstrava seu coração. Aqui vemos a segunda diferença entre rebeldia e desobediência. A rebeldia tem haver com o coração, enquanto a desobediência tem haver com atitude. O pecado de Davi (engravidar a mulher de seu amigo, mata-lo e depois se casar com ela para abafar o escândalo), aos nossos olhos parece ser muito pior do que o de Saul, contudo, o pastor de ovelhas não foi rejeitado como rei por causa de seu pecado, nem sua descendência saiu da nobreza de Israel, pelo contrário a ele foi dado lugar perpétuo no trono para seus descendentes.
A terceira diferença é que Deus trata rápido com a rebeldia, enquanto que com a desobediência ele é longânimo, Ele vai dando oportunidades para que o pecador se arrependa e mude de vida. "Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei." (1 Samuel 15:23) isso aconteceu alguns dias depois que Saul havia se rebelado contra o Senhor, a partir desse momento o Espírito de Deus saiu de Saul, ele foi entregue a sua própria sorte. 
Gostaria que o leitor entendesse que não estou dizendo que você pode pecar a vontade que não terá consequências, o pecado contra a santidade de Deus trará consequências terríveis também, além da quebra da nossa comunhão e intimidade com Deus. Se você continuar lendo a história de Davi perceberá que o mal suscitou de sua própria casa, irmão matando irmão, irmão estuprando irmã e filho se rebelando contra o pai. Todo tipo de pecado traz consequências no espírito, na alma e no corpo.
Gostaria de pontuar uma última coisa, o coração da pessoa submissa como o da pessoa rebelde é perceptível. Tanto Saul como Davi tiveram de passar pelo mesmo teste, submeter-se à autoridade de Deus, um foi reprovado enquanto o outro foi aprovado. O teste de Davi nos confronta mais, pois ele foi passando de fases (na vida com Deus é assim, quando somos aprovados em um teste, outro mais difícil aparece), submeter-se a um líder atormentado por demônios não é fácil, muito menos quando esse líder tem como objetivo sua morte. Saul foi a escola que Deus usou para forjar Davi, o homem segundo o Seu coração, a escola da submissão é o quebrantamento, o caminho de Cristo Jesus... "que sendo Deus não usou como usurpação o ser igual a Deus, antes a si mesmo se esvaziou..." (Filipenses 2:7..)
Que possamos ser encontrados pelo Senhor Jesus como servos aprovados! 

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Heróis da Fé

"Uns foram torturados e recusaram ser libertados, para poderem alcançar uma ressurreição superior; outros enfrentaram zombarias e açoites; outros ainda foram acorrentados e colocados na prisão, apedrejados, serrados ao meio, postos a prova, mortos a fio da espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelha e de cabras, necessitados, afligidos e maltratados. O MUNDO NÃO ERA DIGNO DELES. Vagaram pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas. Todos esses receberam bom testemunho por meio da fé..." (Hebreus 11:35 a 38)

Todas as vezes que leio esse texto da carta aos hebreus, me emociono com os heróis elencados e com a certeza de que essa lista de heróis da fé não está fechada. É por isso que ao final do capítulo, no verso quarenta o escritor ressalta "para que conosco fossem eles aperfeiçoados". O sofrimento que todos esses heróis tiveram antes da vinda de Cristo está sendo completado pelos discípulos do crucificado, que hoje decidiram ter uma vida de renúncia e abnegação. Tive a oportunidade de por mais um ano passar dias ao lado de homens e mulheres assim, "os quais o mundo não é digno", verdadeiros heróis e heroínas da fé. Discípulos de Cristo que tem transformado um deserto em mananciais de vida! 


Somos um corpo só, o Corpo de Cristo, que sofre com os sofrimentos e se alegra com o aperfeiçoamento do próprio Corpo (a Igreja / Noiva do Senhor Jesus). Nossos atos de justiça, nossa disposição em participar das aflições de Cristo fazem com que a noiva seja adornada mais rapidamente e assim, apressamos a volta do Noivo. Só cabe a nós o encontro apressar (II Pe 3:12). Como disse o poeta, o coração de Cristo é uma chaga aberta. Ele não sonhou nem desejou a morte e a destruição, mas nossas atitudes de independência e rebeldia nos levaram à realidade nefasta em que estamos inseridos. Mas, Ele se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e colocou o reino oculto no coração de seus filhos (servos / discípulos). Assim, podemos ser instrumentos da manifestação do Reino do príncipe da Paz em lugares tenebrosos, fazer a luz resplandecer em meio a tando egoísmo e corrupção! 
Deus nos chama para andar no Espírito e viver pela fé! Ele nos diz para ir! Se tivermos a disposição de obedecer sem questionar experimentaremos o seu suprimento diário e a glória de Deus resplandecer. Paulo escreveu aos cristãos de Colosso: Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja; (Colossenses 1:24) Podemos nos tornar participantes do resto das aflições de Cristo! O requisito continua sendo o mesmo exposto pelo mestre em Cesareia de Filipe: Negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.

Meus heróis não morreram de overdose 
Meus heróis não são famosos aqui na terra
Meus heróis são anônimos que fizeram o evangelho avançar em terras áridas
Meus heróis tem cheiro de ovelha
Meus heróis tem pele colorida e sorriso sincero
Meus heróis travaram uma batalha com as trevas
Meus heróis são homens e mulheres de ORAÇÃO!
Quem são os seus heróis?


Fotos: Anderson Oliveira

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Santifica-os



Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.
E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim;
(João 17:14-20) 

Antes de entrarmos e escavarmos as riquezas desse texto, a oração de Jesus pelos discípulos, gostaria que voltássemos um pouco antes em João 14. Nos versículos 15 e 21, Jesus diz assim: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos...Aquele tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele." Quando tomamos a decisão por Cristo, em aceitá-lo como Senhor e salvador de nossas vidas somos colocados em uma posição se santidade, isso significa que nos tornamos santos, porque agora Cristo habita em nós. Todavia, o processo chamado de santificação, que todo cristão precisa passar dependerá de seu relacionamento intimo com o Senhor Jesus e sua palavra. As palavras ter e guardar estão associadas a obedecer; estes que possuem e guardam são aqueles que amam o Senhor Jesus. Só amamos aquele que nos salvou e agora é Senhor (dono) das nossas vidas se obedecemos seus mandamentos. E a obediência é o processo de santificação na prática, é como nos tornamos cada dia mais semelhantes a Ele. No livro de Levítico e na primeira carta de Pedro Deus nos revela seu propósito, sermos santos porque Ele é santo.
Ante a isso entendemos que o primeiro motivo para nos santificarmos é o amor a Jesus e ao Pai. Quando amamos desejamos agradar a pessoa amada! Conforme a palavra nos mostra já fomos perdoados de todos os pecados e libertos de toda escravidão, contudo, vem a pergunta: Se essa é a verdade, porque ainda não venci determinados pecados, em áreas específicas em minha vida? A resposta está justamento nesses textos que acabamos de ler. Uma vida de intimidade e relacionamento profundo com o Senhor Jesus me fará vencer o pecado, posto que o amarei mais do que o pecado e minha própria vontade. Outra resposta que podemos ver, está no texto de João 17. Aqueles que estabelecemos aliança e caminhamos juntos podem nos ajudar ou nos atrapalhar no processo de santificação.
No primeiro texto que citei Jesus ora ao Pai por seus discípulos, e em sua oração ele cita algo intrigante: "E por eles eu mesmo me santifico a mim mesmo...". Jesus não era santo, e sendo Deus nunca pecou? Porque ele disse que se santificava? Por que o segundo motivo, pelo qual nos dispomos a nos santificar é por amor ao rebanho, por amor aos discípulos que fazemos durante a caminha aqui na terra. Jesus disse, antes de partir, que nossa missão era ir e fazer discípulos conforme o modelo que Ele mesmo deixou, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus era santo e perfeito, mas em sua oração Ele nos deixa um princípio profundo de liderança e discipulado. O bom pastor dá sua vida em favor das suas ovelhas, Jesus se entregou não somente na cruz, mas Ele viveu uma vida de entrega e cruz. E como nosso modelo, por amor ao rebanho, como líder, eu preciso de me santificar para que meus discípulos também sejam santificados.
Isso não significa que todos irão alcançar a medida da excelência, prova disso vemos no próprio discipulado de Jesus, nem todos os discípulos responderam a sua disponibilidade em santidade e revelação, mas Jesus se santificou. Da mesma forma quando vamos exercer liderança (influência) no Corpo de Cristo, na vida na igreja, precisamos entender que nossos discípulos (que são de Cristo) irão crescer à medida que eu crescer, eles irão se santificar à medida que eu me santificar. O líder é o teto do discípulo (pelo menos no início da caminha cristã). Como o próprio nome já diz discípulo é aprendiz. É obvio que em nossa vida cristã aqui na terra, até o momento em que partirmos para a glória estaremos sendo transformados e aprendendo como discípulos de Cristo, todavia o que estou referindo aqui são dos irmãos mais novos, daqueles que estão começando a caminhada com Cristo.
Concluo dizendo que a graça nos dá suporte para vivermos em santidade, fomos salvos pela graça mediante a fé, e é por meio dela que podemos não ser escravos de nossas vontades e do pecado. A graça nos capacita a viver em santidade. A graça nos dá revelação do quanto somos amados de Deus e de quem nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus! A graça nos faz corresponder a esse incondicional e irresistível amor, do Pai por nós. A graça nos faz ser tal como Ele é! Santos e irrepreensíveis! 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Princípios de Autoridade Espiritual - O erro do Líder




E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha.
E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda.
E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos seus irmãos no lado de fora.
Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre ambos os seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai, e os seus rostos estavam virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai.
E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera.
E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos.
E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
(Gênesis 9:20-27)

Acho esse texto muito interessante, o momento após a saída da arca. Sabemos que Noé foi o único homem que Deus encontrou em sua geração para ser usado por Ele, através da vida deste justo a raça humana e várias espécies de animais foram salvas através da arca. Esse texto relata o momento em que Noé planta uma vinha e fabrica vinho, e bebe a ponto de se embriagar. Aqui temos um princípio precioso de autoridade espiritual: "O erro do líder (pai, líder de célula, pastor...) é um teste para seus liderados. A atitude de alguns é publicar e expor que aquela autoridade errou, todavia, a atitude de outros é não expor e não publicar o erro da autoridade. 
A palavra de Deus diz, na carta aos Romanos, que toda autoridade é estabelecida por Deus. Jesus mesmo, ao ser confrontado por Pilatos, afirmou: "O homem nada tem, se do alto não lhe foi dado..". Devemos ser submissos a todas as autoridades, pois esse é o propósito de Deus. Um coração submisso não expões, mas encobre. Um coração submisso entende que o erro do líder atinge todo o corpo (ou família). Um coração submisso sente compaixão e sabe que todos nós estamos sujeitos a cair se não vigiarmos. A atitude de Cão, em expor a nudez do pai foi uma atitude rebelde, pois em seu coração já havia essa raiz. 
Quando utilizo o termo cobrir, não me refiro a ser conivente com o erro da autoridade (líder), ou concordar com o que ele está fazendo, mas quero dizer que não precisamos usar o ocorrido como tema de conversas (fofoca) ou publicar e compartilhar nas redes sociais... Pelo contrário, devo me posicionar contra a atitude errada, mas jamais escarnecer. Nosso amado irmão em Cristo, Watchman Nee, fala sobre o assunto nos esclarecendo sobre a diferença entre rebeldia e desobediência. A rebeldia está ligada ao coração e a desobediência com atitudes. Nee também fala sobre os níveis de autoridade que existe no mundo espiritual[1], nos esclarecendo que os quatro primeiros são invioláveis e os demais violáveis no sentido da obediência. Ou seja, podemos desobedecer quando chocam com os outros níveis (superiores) de autoridade espiritual, ex.: Quando o estado nos proíbe de ser cristãos (que não é o nosso caso), não precisamos protestar (formar uma milícia) ou xingar o governo, mas conforme a palavra, devemos orar por nossos governantes (que também são autoridade sobre nossas vidas) e permanecer firmes na fé em Cristo Jesus, na comunhão, no partir do pão e nas orações.
Meu intuito com essa postagem é nos levar a manter (nutrir) um coração submisso, ao Senhor, à Palavra e a nosso líderes. Posto que, conforme os exemplos bíblicos, a forma como Deus trata a rebeldia é diferente de como ele trata com a desobediência - porque, a rebeldia toca o trono de Deus, e a desobediência toca a santidade. Mais uma vez afirmo, o erro do líder não justifica a rebeldia do liderado. Em termos comuns, um erro não justifica o outro.
Ainda analisando o texto na ótica do líder, quando somos expostos por nossos liderados (nossa nudez é exposta), não devemos amaldiçoar, mas deixar Deus se encarregar de tratar com a pessoa. Noé estava correto em usar sua autoridade para abençoar e amaldiçoar, todavia vivemos em uma dispensação diferente, e como Jesus devemos ter olhos de compaixão. E usar nossos lábios para abençoar!



[1] 1°) Autoridade Soberana; 2°) Autoridade da Palavra; 3°) Autoridade da Consciência; 4°) Autoridade Delegada; 5°) Autoridade Funcional; 6°) Autoridade dos Contratos