Esse mês de fevereiro comecei a
aprender o francês por meio de um método pouco convencional, não muito popular
entre as escolas de idiomas, método Greg Thompson. A primeira vez que tive
contato com esse estilo de aprendizado de língua foi durante meu treinamento na
missão ALEM, em linguística e missiologia – 2018. Nesse programa o aluno passa
por um processo de imersão controlada, na língua e cultura alvo. É necessário
um auxiliar linguístico, falante nativo e um facilitador que faz a mediação no
aprendizado. O processo é o mais natural possível, como um bebê que acabou de
nascer – ouve para depois falar, e só depois adquire as outras habilidades da
língua (ler e escrever).
Nas duas primeiras semanas de
curso os alunos apenas ouvem e apontam. Parece estranho, por estarmos
acostumados a ouvir e a repetir, mas o processo aqui é justamente te fazer
calar para escutar bem a pronúncia. Ficar em silêncio para ouvir com clareza o
que o falante está pronunciando. É agoniante para quem já acha que sabe. É
agoniante para quem está acostumado com falar, repetir e falar. Mas, é um
excelente método para treinar os ouvidos e a atenção de quem aprende.
Tenho estudado francês há pouco
mais de um ano, aprendendo com professores Online e outros métodos
tradicionais. Com um pouquinho do básico achei que poderia seguir para outro
nível, mas ao chegar aqui no Senegal meu chefe falou: “Temos turma começando
apenas do zero. Aproveite a oportunidade para revisar e aperfeiçoar sua
pronúncia!”. E logo no primeiro dia de
aula, Deus falou claramente: “É tempo de ficar em silêncio e ouvir!”. É tempo
de afinar os ouvidos.
O habito de ouvir a voz de Deus é
difícil de se adquirir, e fácil de se perder. O ativismo e as demandas que
temos com aquilo que consideremos prioridade em nossa rotina, costuma engolir
por completo o tempo que gastaríamos praticando a presença de Deus. Isso é tão
visível em nossas orações e devocional diário, mais falamos que ouvimos; mais
pedimos que contemplamos (o Cristo das escrituras). E meu aprendizado desse mês
foi sobre retornar ao silêncio.
O poder da voz de
Deus
(Salmos 29:3-9)
O salmista ilustra o poder da voz de Deus por meio da natureza. Os
cedros, os montes, o céu, o deserto e os carvalhos. Esses tipo de árvores, como
também os montes e o deserto, citados pelo autor são típicos da região do
Oriente Médio. Essa vegetação está até hoje localizada nas regiões da Líbia,
Síria e Iraque. Nações poderosas e imponentes no período bíblico. Em muitas
ocasiões essas nações dominaram sobre Israel, tanto econômica como socialmente.
Portanto, podemos perceber que o salmista usa uma espécie de metonímia[1]
para dizer que todas essas nações poderosas, imponentes e orgulhosas como a
floresta de Cedros (no Líbano)[2],
carvalhos e montes (Hermon), se curvarão ao ouvirem a voz de Deus.
O deserto de Cades, local estratégico para o comércio internacional,
muito disputado pelos povos da região do Antigo Oriente Próximo, aqui é
mencionado como sendo sacodido pela voz do Senhor! Havia uma cidade designada
aos levitas nessa região, dentro do território de Issacar, Cades-Barnéia
(Kadesh Barnea). No hebraico a palavra Qedesh significa santificar ou dedicar.
A voz de Deus mexe com as estruturas do Seu povo. A voz do Senhor “bagunça” a
nossa ordem.
O salmista nos mostra que a voz do Senhor vai trazer quebrantamento
para todo coração orgulhoso, a voz do Senhor vai mover e trabalhar no meio
daqueles que são santos, que pertencem à Ele. A voz de Deus quebra os
opressores, mas trabalha também no coração daqueles que estão sendo oprimidos.
Precisamos de tempo para ficar em silêncio. Precisamos aprender a
apreciar o silêncio, não como solidão, mas como solitude; para que a voz de
Deus possa quebrar as estruturas de orgulho, autossuficiência e independência
que estão enraizadas em nosso ser. A voz do Senhor precisa ecoar para que a
cada dia possamos nos tornar mansos e humildes de espírito, como Jesus.
Se observarmos os primeiros versículos desse salmo, e os últimos, vamos
perceber que essas nações recebem uma ordem (imperativo) para adorarem ao
Senhor, a reconhecerem que Ele é Deus. Ou seja, há uma alerta para que os
ouvintes se quebrantem voluntariamente. Para que os povos se submetam à essa
voz que é poderosa, que vai ecoar e governar perpetuamente, independente da
vontade humana; e assim o salmo é finalizado.
Conclusão
Que possamos nos submeter voluntariamente ao silêncio, afim de ouvirmos
a voz de Deus e sermos sacudidos por ela. Que a voz do Senhor possa ecoar em
nossos corações e quebrar todo orgulho, toda autossuficiência e justiça
própria.
Amém!Lindo texto!!❤️🔥❤️🔥
ResponderExcluirUauuuu!Queeee profundo!
ResponderExcluir👏🏼🙏🏽
ResponderExcluirO silêncio que não poucas vezes nos redefine no Pai! Que texto lindo Mayara, parabens, saudades!
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