O
qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; Porque nele
foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades.
Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas
as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o
princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a
preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse,
(Colossenses
1:15-19)
Um dos pontos dentro do
imaginário cristão que mais geraram mitos e diferentes teologias diz respeito
ao surgimento e aparência dos anjos e demônios. Normalmente esses mitos recebem
modificações nas diferentes gerações e localidades que o abarcam. Ao mesmo
tempo que observamos os espantalhos criados em cima dessas duas categorias de
seres celestiais, não podemos ignorar a menção dos mesmos nos relatos bíblicos.
E dentro dessa perspectiva precisamos nos questionar, como faz Michael Heiser
no prefácio de seu livro “Sobrenatural”: “Você realmente acredita no que a
Bíblia diz?”.
O que são os anjos?
Suas características físicas se assemelham às obras de arte renascentistas,
semelhantes a bebês alados, brancos de olhos azuis? E os demônios, o que são e
como surgiram? Estão na mesma categoria dos anjos? O que a Bíblia tem a nos
dizer a esse respeito?
O
que aconteceu no Éden?
O Éden era a casa de
Deus. Era o local de intercessão entre céu e terra. E sendo a casa de Deus,
esse jardim era habitado por toda sua família – seres celestiais e humanidade
(quando foi criada). Dentre os seres celestiais temos os Querubins / Serafins –
serpentes aladas flamejantes – que vivem diante do trono de Deus. Esses seres
são responsáveis pela guarda da presença de Deus, temos a descrição deles em
Ezequiel 1 e Apocalipse 4 (Seres viventes).
Éden
também era o lar de Deus. Ezequiel se refere ao Éden como “o jardim de Deus”
(Ezequiel 28:13; 31:8-9). Isso não me surpreende, de jeito nenhum. O que talvez
seja surpreendente é saber que, logo após chamar o Éden de “jardim de Deus,”
Ezequiel o chama de “montanha santa de Deus” (28:14).
(Michael Heiser)
Essa linguagem era
perfeitamente entendida pelo imaginário do Antigo Oriente Próximo, a maior
parte dos povos tanto daquela região como os da região da América vão construir
“montanhas” para se relacionarem com o divino. Essas montanhas eram chamadas de
“Zigurates”, uma espécie de pirâmides. Uma tentativa de trazer o céu para a
terra, novamente[1].
Quando Deus cria o
homem e a mulher, ele compartilha essa notícia com o restante de sua família,
todavia, parte dela não concorda com os planos do Criador, então acontece uma
quebra na unidade celestial. Um dos Querubins da guarda de Deus age de modo
independente e seduz a humanidade a viver também dessa forma.
O
Conselho Divino
Desde o princípio, Deus
escolheu compartilhar sua natureza e governo. Ele escolheu viver em família. É
fato que constatamos isso ao afirmarmos que Deus é Pai, Filho e Espírito;
todavia, a família de Deus, além do próprio Deus, é também composta por Seres Celestiais.
Quando a humanidade foi criada, diversos Seres Celestiais já existiam e governavam
a criação juntamente com o Senhor.
Há diversas passagens bíblicas
que se referem a esse Conselho Divino. Normalmente são referidos como “Filhos
de Deus” ou “deuses”. Na Bíblia hebraica a palavra para deuses é “elohim”,
muitos cristãos acham que esse é um nome de Deus, mas essa é a forma plural
para se referir a qualquer espírito ou corpo celeste – sejam demônios, alma de
seres humanos após a morte e até mesmo o próprio Deus. Eles também podem ser
identificados como “Exército dos céus”, que recebiam a adoração das nações que
não conheciam ao Senhor, e em alguns momentos da história receberam a adoração
também do povo de Israel (Deuteronômio 29:26 e 32:17).
Deus
preside a assembleia dos céus; no meio dos seres celestiais, anuncia seu
julgamento: [...]Eu digo: ‘Vocês são deuses, são todos filhos do Altíssimo.
Morrerão, porém, como simples mortais e cairão como qualquer governante’".
Levanta-te, ó Deus, e julga a terra, pois todas as nações te pertencem.
(Salmos
82:1, 6-8)
Os
deuses do Salmo 82:1 são chamados de “filhos do Altíssimo [Deus]” no versículo
posterior (v.6). Os “filhos de Deus” aparecem várias vezes na Bíblia,
geralmente na presença de Deus (como em Jó 1:6, 2:1). […] Os filhos de Deus
também são responsáveis por decisões. Aprendemos em 1 Reis 22 (como em muitas
outras passagens) que o negócio de Deus incluía interação com a história
humana. (Michael Heiser)
Esses seres celestiais
que compõem o Conselho Divino se rebelaram contra o Senhor, e conforme vemos no
relato bíblico vão direcionar a humanidade também nesse caminho de rebelião. É o
que acontece em Babel (Gn 11). O episódio de Babel é o momento em que Deus
deixa que as nações vivam de modo independente, longe de seus preceitos e de Sua
presença. Deus abre mão temporariamente de seu plano original – expansão do
Éden por toda terra e governo sobre todas as nações. Parece estranho ler isso,
mas é exatamente isso que o texto bíblico diz (Deuteronômio 32:8[2]).
O Salmo 82 mostra que
os Seres Celestiais designados para governar as nações praticaram injustiças e
não observaram os preceitos de Deus, portanto estão condenados a perderem sua
imortalidade. Judas relata, no versículo 8 de sua carta, que alguns Anjos “não
se limitaram à autoridade recebida” e estão acorrentados até o dia do
julgamento.
Anjos
e Demônios
O significado da
palavra Anjo, na Bíblia, é mensageiro. O que vemos nos relatos do Antigo e Novo
Testamento (Gn 18 e 19 / Lucas 1) é que eles tem uma aparência humana, mas algo
de celestial, pois os que tiveram experiência com esses seres os identificavam
como mensageiros de Deus. Não há nenhuma descrição de asas e afins. Há também
uma expressão muito interessante no Antigo Testamento, o “Anjo do Senhor”, é
possível afirmar – pelas características e descrições de cada texto – que
trata-se do próprio Deus em forma humana, os teólogos chamam isso de
“Teofania”.
Os demônios são seres
diferentes, G. H Pember os define como “seres desencarnados”, ou seja, não
possuem corpo. A tradição hebraica entende que os demônios são espíritos dos
Nefilim (Gn 6)[3],
a alma dos filhos que alguns Anjos (Filhos de Deus) tiveram com as “filhas dos
homens”. Michael Heiser afirma:
Demônios
são espíritos defuntos dos nefilim que morreram antes e durante o Dilúvio. Eles
perambulam pela terra atordoando os homens, em busca de reincorporação. [...] A
Bíblia não diz, em Gênesis, muito mais a respeito do que aconteceu, mas
fragmentos desta história se revelam em outras partes da Bíblia, bem como em
tradições judaicas não incluídas na Bíblia que os autores do Novo Testamento
conheciam bem e, inclusive, citaram em seus escritos. Por exemplo, Pedro e
Judas descrevem os anjos que pecaram antes do Dilúvio (2 Pedro 2:4-6 ARC95;
leia também Judas 5-6). Algumas das suas citações provêm da literatura judaica
que não foi incluída na Bíblia. Pedro e Judas dizem que os filhos de Deus que
cometeram esta transgressão foram presos debaixo da terra—ou seja, estão
pagando sentença no inferno—até os últimos dias.
Conclusão
É importante sabermos
essas diferenças, em relação aos Seres Celestiais, tanto para melhor entender e
explicar o texto bíblico, como também para crer corretamente e não desejar
experiências que misturem essas categorias. Portanto, Anjo é diferente de
Serafim, os que vão ultrapassar a esfera celeste para a humana são os
primeiros. Ezequiel, Daniel e João viram o Trono de Deus, por isso viram também
os Seres que habitam na presença de Deus.
Normalmente nos
aproximamos desses estudos com o intuito curioso de saber mais. Desejar ver
anjos mais do que conhecer a Cristo, por meio de sua palavra, é um erro. No
meio cristão as experiências sobrenaturais mais visadas ou consideradas
“fortes” é ver anjos e demônios, todavia, a experiência que fortalece e edifica
nossa fé é conhecer a Jesus. Ter mais revelação – luz e olhos para ver – da
pessoa de Jesus. Conhecê-Lo é ter mais de Seu caráter em nosso próprio caráter.
Refletir mais a glória de Deus.
[1] Se
você deseja saber um pouco mais sobre o assunto leia: Os outros da Bíblia –
André Reinke.
[2] “Quando o Altíssimo distribuiu a terra entre
as nações, quando dividiu a humanidade, fixou o limite dos povos, de acordo com
o número dos filhos de Deus (o número dos anjos)”. (Versão dos Manuscritos
do Mar Morto e Septuaginta, respectivamente)
[3] Há
teólogos e exegetas que interpretam esses “Filhos de Deus” como a linhagem de
Sete, e “As filhas dos homens” sendo a linhagem de Caim, e os filhos gerados a
partir dessa mistura, teriam sido grandes heróis da antiguidade – homens de
grande fama e poderosos socialmente.
♥️🔥🔥🔥♥️
ResponderExcluirA maior experiência sobrenatural que podemos ter, é conhecer mais e mais e mais e mais à JESUS!
ResponderExcluirIsso!!
ExcluirDeus está acima de todos e de tudo
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