sexta-feira, 26 de junho de 2020

Escatologia VI - O Dia do Senhor


Desejo o dia em que verei o Rei, vestes de linho brilhante vesti. Meu coração se alegra em saber que o Cordeiro já estar por vir. Ele vem, o casamento está chegando eu sei, Ele vem e o amor por ele a cada dia cresce em mim.
(Ele vem – Fhop)





O Grande e terrível Dia do Senhor é uma promessa presente e muito repetida no Antigo Testamento. É também chamado de “O dia da vingança do nosso Deus”. É importante entendermos esses dois aspectos do Dia do Senhor, um positivo e o outro negativo. Ele será grande e poderoso para a Igreja, aqueles que anseiam e esperam pelo retorno do Rei; e esse dia também vai ser terrível (em Atos dos Apóstolos, Pedro usa a palavra “glorioso”) para aqueles que estarão contra o Senhor. Os aspectos positivos são: restauração de todas as coisas, ele vem fazer justiça! Mas negativamente haverá juízo, retribuição punitiva. A redenção messiânica é para a toda a criação e não somente para a humanidade, é por isso que Paulo fala que toda a criação geme em expectativa pela manifestação (glorificação) dos filhos de Deus.
A primeira vez que esse termo é mencionado na Bíblia é no livro de Isaías, todavia, como já falamos, as promessas escatológicas da derrota total sobre a serpente e um reinado de justiça e paz, estão expressas desde Gênesis 3:15. Dia do Senhor que está atrelado ao reino milenar de Cristo. Acredito que o Dia do Senhor engloba todos esses fatos, antes e depois do retorno de Jesus.


“O Senhor, à tua direita, ferirá os reis no dia da sua ira.” (Salmos 110:5)
“Porque o Dia do Senhor dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta; e ele será humilhado" (Isaías 2:12)
Porque está perto o dia, sim, está perto o dia do Senhor; dia nublado; será o tempo dos gentios.
(Ezequiel 30:3)
“Ai do dia! Porque o dia do Senhor está perto, e virá como uma assolação do Todo-Poderoso.”
(Joel 1:15)
“Tocai a trombeta em Sião, e clamai em alta voz no meu santo monte; tremam todos os moradores da terra, porque o dia do SENHOR vem, já está perto;” (Joel 2:1)
“Ai daqueles que desejam o dia do Senhor! Para que quereis vós este dia do Senhor? Será de trevas e não de luz”. (Amós 5:18)
“Porque o dia do Senhor está perto, sobre todos os gentios; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua recompensa voltará sobre a tua cabeça.” (Obadias 1:15)
“O grande dia do Senhor está perto, sim, está perto, e se apressa muito; amarga é a voz do dia do Senhor; clamará ali o poderoso”. (Sofonias 1:14)
“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor;”
(Malaquias 4:5)
“Seja, este tal, entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.” (1 Coríntios 5:5)
“Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite;”
(1 Tessalonicenses 5:2)

Existe uma sequência de eventos que estão inclusos dentro dessa expressão: O Grande e Glorioso dia do Senhor. Gostaria de trazer a sequência desses eventos para que os leitores não fiquem perdidos quando começarmos a expor os detalhes no estudo que estamos fazendo aqui. Segundo as escrituras (o livro de Apocalipse como maior fundamento), e a interpretação da maioria dos teólogos pré-milenistas históricos[1]:
1) Início das Dores de Parto – O que Jesus fala em Mateus 24 a respeito das guerras e rumores de guerras, e o que Pedro também expõe em sua carta.
2) O anticristo fará aliança com Israel – serão sete anos de governo de um líder que se levantará em meio ao cenário político. Sua influência será espiritual, política e militar. Aqui se iniciará o que o anjo relatou a Daniel, será a última semana das “70 semanas de Daniel”[2]. No livro de Daniel capítulo 9, o profeta está orando a respeito da profecia dada por meio de Jeremias, antes de Jerusalém ser invadida por Nabucodonosor. Daniel estava conversando com Deus e suplicando ao Senhor por respostas, era como se ele estivesse dizendo: Senhor já se passaram os 70 anos de cativeiro, onde está nosso libertador? Está na hora de Israel ser restaurado? – é muito interessante essa oração de Daniel, é parecida com a pergunta feita pelos discípulos a Jesus. Vejamos o que Deus responde a Daniel, por meio de Gabriel:
Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.
(Daniel 9:21-27)
Depois dessa resposta, o que Daniel faz? Ora novamente dizendo: Senhor, eu não entendi! Me explica novamente, com mais clareza! – que princípio sensacional aprendemos aqui com Daniel, não é mesmo? – voltando ao texto, após vinte e um dias de mais oração e jejum Daniel recebe a resposta de suas súplicas – Daniel 10,11 e 12. Essas “70 semanas” são 70 semanas de anos (490 anos[3]). Gabriel diz que a partir do momento em que sair a ordem para restaurar Jerusalém (ordem dada por Artaxerses – Neemias 2) até a chegada de Jesus (o Messias) contam-se: 7 semanas + 62 semanas = 69 Semanas (483 anos). A profecia está dizendo que nessas primeiras sete semanas a cidade e o templo serão restaurados (49 anos), e ao final da 62º semana o messias seria morto. Nos capítulos finais do livro de Daniel, Jesus revela a Daniel tanto o que iria acontecer com Israel na antiguidade (os reis que iriam suceder a Babilônia), quanto os acontecimentos finais que precederiam a segunda vinda do Messias (Surgimento do anticristo e do último reino humano que eram os pés da estátua de Nabucodonosor – Daniel 2 – ; Grande Tribulação; retorno do Messias, libertação e restauração de Israel).
3) Grande Tribulação – Na metade desse governo o anticristo (dos sete anos – última semana, das 70 semanas de Daniel) vai quebrar esse acordo e vai perseguir Israel e todos aqueles que estiverem a seu lado (a Igreja) – Esse período é chamado de Grande Tribulação. Será o período em que os juízos de Deus descritos no livro de Apocalipse (Sete Selos, Sete Trombetas e Sete Taças) serão derramados sobre a terra e sobre o governo do anticristo. Será um período de grande perseguição à Igreja e aos Judeus, mas ao mesmo tempo será um período de maior mover e glória que o povo de Deus vai ter experimentado em toda a história. Será um período que terá duração de três anos e meio – um tempo, dois tempos e metade de tempo / mil duzentos e sessenta dias.
4) Início da procissão da Segunda Vinda – Ao final da Grande Tribulação o sinal do Filho do Homem é visto no céu, e TODOS o verão! Existe um período de tempo apresentado apenas por Daniel, um total de 75 dias, nos últimos versículos de seu livro. Segundo Joel Richardson, esse período seria o tempo total da campanha do Armagedom. Aqui dividimos esse período em dois. Os 30 primeiros dias é o início, em que Ele surgirá nas nuvens, nós o encontraremos nos ares, nossos corpos serão glorificados e o acompanharemos até Jerusalém, para a batalha final no vale do Megido (vale de Josafá). E nesse momento todos o irão ver, Israel irá se render ao seu salvador e clamarão: Bendito é o que vem em nome do Senhor!
5) Jesus em Jerusalém – por fim Jesus desce no Sinai e começa a libertar todos do seu povo que estarão presos em “Campos de Concentração” feitos pelo anticristo; Ele vai refazer o trajeto do Êxodo, mas fará pelo caminho mais curto. Ele virá de Edom, e ao chegar ao vale de Josafá exterminará todos os inimigos de Israel e o anticristo, com a espada de Sua boca. Entrará em Jerusalém, como descrito pelos profetas, e sentará no trono de seu pai Davi, e governará toda a terra a partir de Israel. Esse momento da batalha final no vale Josafá (Megido / Armagedon) também é conhecido como “a vindima”, vejamos os textos:
Quem é este que vem de Edom, da cidade de Bozra, com as roupas manchadas de vermelho? Quem é este vestido de trajes reais, que marcha em sua grande força? “Sou eu, o SENHOR, anunciando sua justiça! Sou eu, o SENHOR, poderoso para salvar!” Por que suas roupas estão vermelhas, como se você estivesse pisado uvas? “Pisei uvas sozinho no tanque de prensar; não havia ninguém para me ajudar. Em minha ira, esmaguei meus inimigos como se fossem uvas. Em minha fúria, pisoteei meus adversários; seu sangue manchou minhas roupas. Chegou a hora de vingar meu povo, de resgatá-los de seus opressores.”
(Isaías 63:1-4)
E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo.
E estava vestido de veste tingida em sangue; e o nome pelo qual se chama é A Palavra de Deus.
E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro.
E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso.
E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores.
E vi um anjo que estava no sol, e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, e ajuntai-vos à ceia do grande Deus; Para que comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos fortes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam; e a carne de todos os homens, livres e servos, pequenos e grandes.
(Apocalipse 19:11-18)

Qualquer semelhança não é mera coincidência. Os textos estão falando a respeito do mesmo evento. O profeta faz uso da ilustração da vindima, o pisar das uvas em um lagar para a fabricação do vinho. Essa mesma ilustração é mostrada no livro de Apocalipse pelo apóstolo João, como se ele estivesse dizendo: “vocês se lembram do que Isaías disse a respeito daquele que vem de Edom com as roupas sujas de sangue? O Filho do Homem que Daniel em todo seu esplendor e glória? É Jesus, o Cristo.” Muitos teólogos entendem que esse sangue é do próprio Jesus, mas o texto é muito claro, o sangue respingado nas vestes de Jesus é de seus inimigos, daqueles que estarão oprimindo Israel. Esse é o momento de vitória sobre o Anticristo e seu reinado. Se você continuar lendo o texto em Apocalipse vai perceber a continuação dos acontecimentos, o anticristo e o falso profeta serão lançados vivos no lago de fogo e Satanás será preso (durante mil anos).
Eis que vem o dia do SENHOR, em que teus despojos se repartirão no meio de ti. Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será extirpado da cidade.
E o Senhor sairá, e pelejará contra estas nações, como pelejou, sim, no dia da batalha. E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul.
[...]Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos contigo. E acontecerá naquele dia, que não haverá preciosa luz, nem espessa escuridão. Mas será um dia conhecido do Senhor; nem dia nem noite será; mas acontecerá que ao cair da tarde haverá luz. [..]. E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o seu nome.
(Zacarias 14:1-9)

6) Milênio – Período do governo do Messias em que toda a Terra será restaurada e preparada para que o próprio Deus venha tabernacular com o homem. É o período em que estaremos em parceria com o Senhor para a restauração de toda a criação (biomas, vegetação, espécies de animais, plantas...), a Terra voltará a ser como era no Jardim do Éden.
7) Eternidade – Período em que estaremos unidos para sempre com a trindade. Onde conheceremos mais e mais sobre Jesus. Nesse período seu reinado continuará e se expandirá cada vez mais.
Quando o Filho do Homem voltar, será como no tempo de Noé. Nos dias antes do dilúvio, o povo seguia sua rotina de banquetes, festas e casamentos, até o dia em que Noé entrou na arca.
(Mateus 24:37-38)

O Dia do Senhor virá como o dilúvio veio nos dias de Noé. Todas as pessoas estavam vivendo suas vidas normalmente, trabalhando, casando-se e tendo filhos; até o dia que o dilúvio veio e levou todas as pessoas que não estavam na arca. O Dilúvio foi um tipo do que será o Dia do Senhor, aqueles que entraram em Cristo serão livres da ira de Deus. A alerta que Jesus dá nesse texto de Mateus é para estarmos alerta, atentos aos sinais de sua vinda.
Maranata!  




[1] A opinião dos teólogos e estudiosos a respeito do assunto – Pré milenistas de modo geral – possui pouca divergência em relação à sequência desses acontecimentos. Tendo em vista que, o método usado pelos interpretes é da literalidade (na maioria das passagens), é possível ao leitor checar as passagens citadas aqui em sua própria bíblia e se aventurar nas demais passagens de cunho escatológico e perceber por si só esse entendimento.
[2] Lei mais sobre esse assunto no Site da Iniciativa: https://ainiciativa.com/70-semanas-de-daniel/
[3] Sendo uma profecia para Israel, são anos lunares = 360 dias. 

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Escatologia V – Israel e o fim dos Tempos


Ouve Israel, o Senhor seu Deus é o único Senhor. Amarás teu Deus de toda tua alma, amarás teu Deus de todo o coração.
(Deuteronômio 6:4-5)



O antissemitismo[1], que é uma forma de racismo, é uma pauta que a Igreja do Senhor precisa ficar atenta. Tanto para não compactuar com ela, e principalmente para nos posicionarmos do lado certo. Ficamos assustamos quando estudamos a história do genocídio que aconteceu no século passado, mas nem nos damos conta de onde essas ideias nasceram; e de que no início eram apenas ideias, opiniões que ganharam força, transformando-se em uma ideologia que matou mais de seis milhões de judeus, negros, deficientes e homossexuais. A maioria desse número eram de judeus.
Adolf Hitler não era um cristão, mas suas ideias a respeito de uma raça superior (eugenia) e de uma pureza social baseada na não mistura racial nasceram de uma ideia, ainda embrionária, no meio protestante da Alemanha luterana. Hitler só estava dando continuidade ao que Lutero[2] iniciou. É com esse peso no coração que compartilho com os irmãos alguns pontos sobre a aliança de Deus com Israel.



Algo interessante a ser observado é a origem da relação de Deus com esse povo e de onde todas as promessas contidas na maior parte do Antigo Testamento saíram. Todas as promessas a Israel tem por base a Aliança Abraâmica, que não foi superada pela Aliança Mosaica. Tudo começa com uma promessa em Gênesis 12, vejamos o que Deus promete a Abraão aqui:
1.      Uma Terra – Abraão nunca possuiu a terra (que hoje é o atual Iraque);
2.      Fazer de Abraão uma grande nação – não apenas em quantidade, mas em testemunho de justiça, a forma como essa nação vai viver honrará Abraão. Sempre houve um remanescente, mas a nação de Israel nunca foi justa de modo completo;
3.      Todas as Famílias da Terra serão abençoadas – desde o princípio Deus queria alcançar a TODOS. Mas o plano Dele é controverso, por que se não, não seria Ele.
Hebreus 11 nos garante que essas promessas não foram cumpridas, vejamos:

Todos eles morreram na fé e, embora não tenham recebido todas as coisas que lhes foram prometidas, as avistaram de longe e de bom grado as aceitaram. [...] Todos eles obtiveram aprovação por causa de sua fé; no entanto, nenhum deles recebeu tudo que havia sido prometido.
(Hebreus 11:13 e 39)

Essa característica do nosso Deus é realmente fascinante! Ele escolheu um povo desqualificado, aparentemente fraco, para manifestar sua glória e seu poder. Para através desse povo abençoar e enviar salvação a todos os outros povos da terra. Nem Abraão, nem Israel foram perfeitos. Outro exemplo disso foi Moisés, Deus escolheu um homem que nunca havia sido um escravo para libertar um povo que viveu mais de 400 anos sob o jugo da escravidão. Deus revela sua glória assim, e ao mesmo tempo revela nosso coração cheio de justiça própria, pois o fato de não sermos a melhor escolha meche com nossos sentimentos. Esse é o nosso Deus, Ele trabalha de modo controverso e somos todos abençoados quando obedecemos.

O plano de Deus para Israel traz benção para as nações e consequentemente as nações beneficiarão Israel – aqui está o grande segredo, que como Igreja precisamos estar atentos.
Algo bem interessante para observarmos é a aliança feita entre Deus e Abraão em Gênesis 15, no verso 8 Abraão pergunta a Deus: “Como posso ter certeza de que possuirei de fato o que o Senhor está me prometendo?” Então Deus o responde de forma bem clara, usando o mesmo costume de duas pessoas que faziam juramentos ou contratos naquela época. E a mensagem daquele sacrifício era: Você pode me matar como esses animais, caso eu não cumpra minha palavra. E como Deus sabia que Abraão não seria capaz de cumprir sua parte, Jesus assume o lugar de Abraão e faz a aliança com Deus Pai (Há duas manifestações diferentes de Deus nesse momento – teofania em dose dupla).[3]

Essa promessa / aliança é do tipo Incondicional, pois Deus iria se encarregar sozinho de cumpri-la, independente da contrapartida do homem. Como foi a promessa / aliança em Gênesis 3:15 e a davídica. Um Rei que governará eternamente: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.” (Gálatas 3:16)
As pessoas dizem que no Novo Testamento todas as promessas foram cumpridas, mas três coisas ainda precisam de acontecer: 1) Promessas feitas a Abraão; 2) Deus vai trazer um rei para reinar eternamente e 3) Esse Rei fará Nova Aliança. O Novo Testamento está à espera dessa promessa: Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor! (Mateus 23:39) Jesus ansiava salvar Jerusalém, mas Ele não vai fazê-lo até que seja desejado. Ele não reinará sobre toda a Terra até que os judeus o recebam! O inimigo sabe disso, por isso ele faz as nações odiarem Israel, para que o plano de Deus não se cumpra.
Zacarias 12, fala sobre o arrependimento das nações e daqueles que o transpassaram (Israel). Esse momento será o momento da reconciliação familiar: “Olharão para aquele a quem transpassaram e chorarão por ele como quem chora a morte do filho único; lamentarão por ele, como quem lamenta a perda do filho mais velho.”. Esse texto também é confirmado em Apocalipse 1:7: vem com as nuvens, todo olho o verá, até os que O transpassaram e todos os povos se lamentaram.
 Como aconteceu com José, Jesus falou que seus irmãos (judeus) iriam se ajoelhar diante dele, então ele é expulso para os gentios. Ele é perseguido e sofre como José, mas traz os gentios para a família. A Bíblia nos fala de um tempo de grande tribulação em que a Igreja (as nações) terá oportunidade de servir Israel, e isso resultará em grande reconciliação familiar. Os olhos de Israel serão abertos e acontecerá grande reconciliação entre Israel e Jesus. Antes disso acontecer, as nações vão ouvir o evangelho: a aliança entre Deus e Abraão.
Por isso é fundamental como Igreja termos uma teologia correta a respeito de Israel, perceber que nem todas as promessas bíblicas a respeito desse povo cumpriram-se, entender que Deus não acabou com Israel substituindo-o pela Igreja, muito menos que Deus deixou de amar Israel. Paulo nos alerta de forma severa sobre esse assunto, nós que fomos enxertados podemos ser cortados da videira por causa do nosso orgulho e dureza de coração. Deus tem desígnios específicos para cada um de seus filhos, não podemos permitir que o ciúme nos atrapalhe de amar nossos irmãos como Deus os ama.

Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo):
Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração.
Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; Que são israelitas [...]
(Romanos 9:1-4)
Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu [...]
(Romanos 11:1,2)
Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.
E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados.
(Romanos 11:25-27)

Paulo fala sempre sobre seu chamado e ministério aos gentios, mas nesse texto ele expõe seu coração por Israel, afirmando que estaria disposto a perder sua salvação em troca da vida de seus irmãos. Esta afirmação de profunda tristeza vem de conhecer o coração de Deus, e Seu amor por Israel. Esse tipo de profundo pesar é visto em Moisés durante o episódio do bezerro de ouro, e Jesus chorando por Jerusalém. Se a vinda de Jesus tivesse mudado o plano de Deus para Israel, Paulo não estaria sendo consumido por essa profunda tristeza. Prova disso era sua estratégia evangelística ao chegar em cada nova cidade, ele sempre começava a pregar nas sinagogas, para os judeus. Paulo entendia que o cumprimento de todas as coisas (incluindo o retorno do Rei) dependia da salvação de Israel. Portanto, a afirmação de Paulo é: Deus não terminou com Israel!

É válido ressaltar ainda Gálatas 3:28, muito usado como argumento por muitos irmãos, tanto para afirmar que “Deus não tem filhos preferidos”. De fato, somos todos um em Cristo, mas esse mesmo fato não descaracteriza quem somos e de onde viemos, nem mesmo nega o fato de que Deus tem um plano especial para Israel. Esse versículo é a expressão máxima da reconciliação final da família de Deus. O objetivo de Deus é causar ciúmes em Israel por meio dos gentios (Romanos 10:19).

“Deus ama Israel e as nações. A eleição de Israel não é a rejeição das nações, mas o meio pelo qual Deus vai cumprir seu propósito de levar todas as nações, incluindo o eleito Israel, de volta para o Éden. Mas como o próprio apóstolo declarou em outra de suas cartas, a loucura de Deus é muito mais sábia do que a sabedoria dos homens, portanto, Deus enviou Paulo como apóstolo para os gentios. A vida e o ministério de Paulo se tornaram um quadro profético da paixão e desejo de Deus por Israel e pelas nações.” (Paulo Costa – FAI[4])

Quando estudamos as estratégias de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial, vamos perceber que seus esforços estavam nos campos de concentração; até mesmo nos momentos finais, em que a guerra já estava perdida, ele enviou seus soldados para os campos de concentração com o intuito de terminar o extermínio do povo judeu. Nos últimos cem anos, podemos observar como as guerras aumentaram em relação ao cumprimento dessa promessa. Israel é uma controvérsia mundial. Em 1948 Israel tornou-se estado, e Jerusalém passa a ser um centro de controvérsia, sem nenhum motivo racional. Há cem anos um homem tentou exterminar o povo judeu, como o inimigo fará no fim dos tempos.

Em Mateus 25:31-45 fala a respeito de um julgamento específico, alguns teólogos o chamam de “Julgamento das Nações”, o critério de salvação terá sido: ajudar o menor dos irmãos e irmãs de Jesus. É interessante observar que esse critério só é mencionado aqui. E muitos afirmam que trata-se da forma como as nações vão tratar Israel durante a segunda metade do governo do anticristo (os 3 anos e meio de grande tribulação).
Esse foi o século em que mais crentes foram mortos do que em qualquer outro tempo, mas ao mesmo tempo é a primeira vez na história em que temos a oportunidade de alcançar todos os povos da terra com a mensagem do evangelho. Haverá aumento no conflito para o cumprimento da promessa, até que tudo esteja alinhado para a cena principal.

Agora, aprendam a lição da figueira. Quando os ramos surgem e as folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo.
(Mateus 24:32)
Em seguida, deu-lhes esta ilustração: Observem a figueira, e todas as outras árvores. Quando as folhas aparecem, vocês sabem reconhecer, por conta própria, que o verão está próximo.
(Lucas 21:29-30)

O contexto desses versículos, tanto em Mateus como Lucas, é o discurso de Jesus a respeito do fim dos tempos. Ele inicia falando sobre os acontecimentos que precederão o fim, cita Daniel e Jerusalém como palco de todos os acontecimentos futuros. Então o Senhor usa a ilustração da figueira. Se quisermos saber quando o fim se aproxima precisamos olhar para Israel e tudo que está acontecendo ao seu redor.

Maranata!






[1] Ódio contra judeus. A palavra “semita” significa descendentes de Sem, neles estão inclusos judeus, árabes, e muitos outros povos que saíram de Sem. O termo “Antissemita” ficou mundialmente conhecido pós II Guerra Mundial, mas já era praticado e visto em vários momentos da história da humanidade. O antissemitismo é uma espécie de racismo ou xenofobia (aversão à outra etnia ou povo que não seja o seu).
[2] São palermas orgulhosos que até hoje só sabe vangloriar-se do sangue de sua tribo, desprezando e amaldiçoando todos os outros, nas escolas nas suas orações e seus ensinamentos. Mesmo assim se dizem os filhos prediletos de Deus. São eles grandes mentirosos, cachorros raivosos que desvirtuaram e falsificaram as Escrituras com suas calúnias e inverdades. (p. 10) Em vez de matá-los, os deixamos impunes pelos assassinatos, blasfêmias e mentiras e dando-lhes espaço entre nós; protegemos suas casas, suas escolas, suas vidas e seus bens, deixando que nos roubem, e ainda escutamos deles que nós devíamos ser espoliados e mortos! Os judeus proclamam que têm razões sagradas para nos destruir. As práticas contra nós são convicção religiosa! O que nós, cristãos, devíamos fazer com este povo maldito e amaldiçoado? (p. 21) As autoridades devem tratá-los como sugiro. E tu, cristão, quando vires um judeu, pense assim: olhe esta boca maldita, que todo sábado ofende a Nosso Senhor, que derramou seu sangue por nós, e que reza para que eu, minha mulher e meus filhos morramos indignamente, transpassados por espadas (coisas que fariam pessoal mente, se pudessem), para apoderar-se dos nossos bens. (p. 25) Quem quiser abrigar, tratar bem estas víboras diabólicas e ainda se deixar explorar — pois bem, que o faça, prenda-se às suas bocas, enfie-se nos seus retos, pratique a mesma idolatria para dizer que foi caridoso, que encorajou o demônio a blasfemar ainda mais contra Nosso Senhor, que derramou seu santo sangue para nos salvar. Sim, sereis então o cristão perfeito com muitas obras de caridade praticadas — que Cristo premiará no juízo final com o Jogo eterno, junto com os judeus. (p. 26) será, pois, para nós cristãos, tarefa muito séria de tudo fazer para livrar-nos, com nossas almas, desta peste que são os judeus, para salvar-nos do Satanás e da morte eterna. Devemos antes de mais nada, como já dissemos, queimar suas sinagogas com enxofre e fogo do próprio inferno, para que Deus testemunhe o fim destes lugares usados para ofendê-lo e ofender nossa sincera devoção. Segundo, tirar-lhes seus livros e escritos, que só usam para injuriar ao filho de Deus, criador do céu e da terra. Terceiro, que se lhe proíba louvar ou agradecer a Deus, sob pena máxima. (p. 27) – SOBRE OS JUDEUS E SUAS MENTIRAS (Martinho Lutero)
[3] Essa parte em que falo sobre a aliança abraâmica foi retirada das aulas 2 e 5 do Módulo II – Israel e o Fim dos Tempos  da plataforma Abase.org
[4] Frontier Alliance International – Você pode ter acesso ao artigo “A tristeza de Paulo e a grande comissão” completo no aplicativo da FAI.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Escatologia IV - A promessa de um Rei


Eu creio que o céu irá se abrir e o Filho do Homem virá por nós, no final desta era veremos o Rei vindo com as nuvens em sua glória.
(Maranata – Victor Vieira)


Um dos grandes problemas que tivemos no decorrer da história da Igreja é forma como a mesma interpreta e vê Israel. Muitos teólogos falam que Deus terminou com Israel, sendo que o próprio Paulo expõe e afirma o contrário[1]. Entender corretamente a forma de tratar Israel tem a ver com entender corretamente a própria Cristologia – o estudo sobre a pessoa de Cristo. O princípio exegético da revelação progressiva, dentro da narrativa bíblica nos faz visualizar com clareza o propósito de Deus desde o início. A primeira menção da promessa de um Messias na Bíblia é:

E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gn 3:15)

Está ainda obscuro aqui, mas já podemos ver os vestígios da cruz e do propósito final do Messias[2], nesse único versículo. Em outros textos, antes mesmo da aliança abraâmica podemos perceber o anseio humano por um salvador que traria refrigério e descanso. O prometido não vai apenas destruir a serpente, mas nos trará descanso das consequências do pecado. Exemplo disso é a declaração de Lameque a respeito de seu filho Noé: “Que ele nos traga alívio de nossas tarefas e trabalho doloroso de cultivar esta terra que o Senhor amaldiçoou.” (Gn 5:29)
No restante do livro de Gênesis vamos perceber de onde viria a linhagem desse rei. Seria da linhagem de Abraão, a aliança é confirmada em Isaque e na geração seguinte com Jacó. E no penúltimo capítulo de Gênesis, quando Jacó abençoa seus filhos antes de morrer, Deus revela mais um pouco a respeito desse rei messiânico, tanto em relação a linhagem como sobre sua missão. Ele será israelita da linhagem de Judá: O cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de autoridade de seus descendentes, até que venha aquele a quem pertence, aquele que todas as nações honrarão. Ele amarra seu potro a uma videira, seu jumentinho a uma videira seleta. Lava suas roupas no vinho, suas vestes, no sangue das uvas.” (Gn 49:10-11)

Eu o vejo, mas não agora; eu o avisto, mas não de perto. Uma estrela surgirá de Jacó um cetro se levantará de Israel. Esmagará a cabeça do povo de Moabe e rachará o crânio dos descendentes de Sete. [...] De Jacó surgirá um governante que destruirá os sobreviventes do ar.
(Nm 24:17-19)

Aqui em Números, na peregrinação do povo de Israel no deserto, Balaão é contratado por Balaque para amaldiçoar Israel, mas ao invés disso esse profeta pagão profere uma das mais incríveis profecias messiânicas. A linhagem de Sete dá origem à toda humanidade existente hoje na terra, mas nesse texto está se referindo aos inimigos de Israel e consequentemente do Ungido de Deus. Aquele que vai esmagar a cabeça da serpente será um rei que governará a partir de Israel.

 “(...) O Senhor te faz saber que te fará casa.
Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o qual sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino.
Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre.
(...) Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de mim; teu trono será firme para sempre.” (II Sm 7:11-16)

A promessa desse texto vai além de Salomão, e da construção do primeiro templo em Jerusalém; ela faz menção ao Messias que viria em duas etapas: como Servo e como Rei. Ele construiu e completará a construção de uma casa para Deus, hoje nós somos o tabernáculo (a morada da trindade), mas quando Ele retornar, nossos corpos serão glorificados e prepararemos a terra para que Deus venha tabernacular conosco, para sempre! Jesus vai reinar no trono davídico. Está chegando o dia em que um judeu irá vir do céu, com uma espada, pronto para a batalha, para tomar os reinos da terra, pois é sua herança.

“Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. O Senhor enviará o cetro da tua fortaleza desde Sião, dizendo: Domina no meio dos teus inimigos... O Senhor, à tua direita; ferirá os reis no dia da sua ira. Julgará entre as nações; tudo encherá de corpos mortos; esmagará os governantes de todo o mundo.”
(Salmo 110:1-2, 5-6)

Todos os inimigos do povo de Deus são inimigos Dele! Todos aqueles que os tem oprimido, matado, torturado e espalhado o povo de Deus (Israel) pelas nações, durante os séculos vão prestar contas disso, diante do Senhor. Está chegando o dia em que Jesus virá para reinar e ele esmagará todos os governantes corruptos do mundo. Essa é uma descrição a respeito de Jesus que quase não falamos. Outro texto que temos o costume de ler apenas no natal, colocamos em nossas canções apenas a primeira parte do texto, e não percebemos seu significado escatológico e completo a respeito de quem Jesus é:

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus
ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz. Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do
SENHOR dos Exércitos fará isto.
 (Isaías 9:6-7)
Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que cumprirei a boa palavra que falei à casa de Israel e à
casa de Judá; Naqueles dias e naquele tempo farei brotar a Davi um Renovo de justiça, e ele fará juízo e justiça na terra. Naqueles dias Judá será salvo e Jerusalém habitará seguramente; e este é o nome com o qual Deus a chamará: O Senhor é a nossa justiça.”
(Jeremias 33:14-16)

Toda a criação está gemendo, esperando com expectativa o dia em que será liberta. O reino de Jesus será um reino de justiça, onde todos aqueles que têm fome e sede serão saciados. Essa é a essência do Dia do Senhor, um dia de justiça! Um evangelho que não fala a respeito do Dia do Senhor é incompleto e sem sentido. O Dia do Senhor é dia do acerto de contas de Deus com a humanidade. É maravilhoso lutarmos hoje por justiça – orfanatos, saciando a fome dos famintos, combatendo o tráfico humano, feminicídio, o racismo, o estupro e todo tipo de violação de direitos – mas é inútil fazê-lo sem expectativa no Dia do Senhor. Todos os nossos atos de justiça apontam para a natureza do reino de Jesus e seu retorno.
Então, temos a encarnação, e quem vem anunciar é o mesmo Gabriel que falou com o profeta Daniel a respeito de todas as suas visões, a respeito do Filho do Homem e do fim dos tempos. E nas palavras do anjo há o propósito central da missão do Deus encarnado:

Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus.
E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-á o nome de Jesus.
Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de
Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim
(Lucas 1:30-33)

Muitos teólogos afirmam que todas essas passagens não devem ser interpretadas de modo literal, então, por que Deus passou milhares de anos falando a respeito disso? São milhares de anos de tradição judaica a respeito das escrituras, de um reino físico, glorificado e real. A Tanakh ou “Bíblia Judaica” era dividida em três partes (e a maioria dela faz parte da bíblia que temos hoje em mãos): Torah – Lei, Profetas e Ketuvim – Escritos; e em todas essas partes é falado do Messias como Rei. E Jesus confirma toda essa realidade e literalidade em suas falas nos Evangelhos (citando as três partes da Tanakh), os discípulos continuam nessa mesma linha nas cartas. Vejamos duas citações do próprio Cristo:

E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julga as doze tribos de Israel.
(Mateus 19:28)
E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com Ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dEle, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.
(Mateus 25:31-34)

Nos textos de Mateus, Jesus está respondendo a questionamentos dos discípulos a respeito da recompensa em segui-lo e sobre o fim dos tempos. Em seguida temos textos do livro de Atos, a pergunta feita pelos discípulos é a mesma feita há alguns capítulos atrás nos evangelhos. Essa pergunta faz referencia à expectativa que todo judeu tinha do Messias, um Rei militar, que libertaria Israel e governaria toda a terra a partir de Sião. O mais interessante é que Jesus não os repreende dizendo: “Não é bem assim...” ou “Vocês entenderam errado!” A resposta de Jesus é em relação ao tempo! Ainda não é o tempo! A pregação apostólica foi toda respaldada por essa resposta de Jesus.

“Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.”
(Atos 1:6-7)
“[Arrependei-vos] pois, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor, E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio
(Atos 3:20-21)

Se já estamos vivendo o reino milenar, como afirmam muitos de nossos irmãos; se não há nada melhor que isso por vir, estamos perdidos! Paulo afirma que tem algo dentro de nós que geme, com grande expectativa esperamos uma realidade melhor que esta. É fato que Jesus está assentado ao lado de Deus; mas o inimigo ainda está governando e oprimindo.

“Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, ESTÁ
ASSENTADO À DESTRA DE DEUS, Daqui em diante esperando ATÉ QUE OS SEUS INIMIGOS SEJAM POSTOS POR ESCABELO DE SEUS PÉS.”
(Hebreus 10:12-13)

Jesus está esperando para cumprir essa promessa! Jesus está ansiando por esse dia, o dia de Sua vingança, de Seu retorno à Terra. O dia ainda não chegou, mas está perto. Ele colocará todos os seus inimigos – os inimigos de Israel e da Igreja – debaixo dos seus pés. A promessa da restauração de todas as coisas, do reino de justiça e paz, como também todas que se referem a Israel ainda não se cumpriram, mas serão cumpridas! Posto que, Deus é poderoso para cumprir todas as suas promessas!

Muitos de nós, se solteiros falamos (pensamos): Eu quero que Jesus volte, mas será que ele pode esperar eu me casar primeiro? Depois disso podemos pensar essa pessoa estará satisfeita e clamará de todo coração Maranata, mas normalmente essa pessoa continuará: Poxa... agora que me casei, Jesus poderia esperar eu ter meus filhos! Todos esses e outros são desejos e sonhos legítimos, mas não podem ser maiores que nosso anseio pelo retorno do Rei!

Deus dos céus ouve os gemidos, Ele sente o clamor da Terra. Hoje no mundo há mais escravos do que em toda a história da humanidade. O tráfico humano e a indústria do sexo movimenta muito dinheiro e escraviza milhares de pessoas. Muitas delas que nunca ouviram falar a respeito de Jesus. Existe um clamor no coração dessas pessoas, toda a natureza está clamando por libertação, pelo retorno de Jesus.

E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e
Verdadeiro; e julga e peleja com justiça (...) E estava vestido de veste tingida em sangue; e o nome pelo qual se chama é A Palavra de Deus. E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro. E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso. E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores.”
(Apocalipse 19:11-16)

Essa é nossa esperança!
Maranata!




[1] Falaremos mais sobre esse texto na próxima postagem.
[2] A palavra  Χριστός (Christos) é mais um título, no hebraico מָשִׁיחַ (Masiah) correspondia a “O Ungido”; para o judeu, era um líder enviado por Deus para libertar Israel e governar a Terra. Cristo no grego significa “encharcado de óleo”. O nome Jesus é o grego de Joshua (Josué) hebraico, que significa: Iaveh é salvação. Seu nome carregava sua missão: o Salvador Ungido, o Salvador que é Rei.