sexta-feira, 26 de junho de 2020

Escatologia VI - O Dia do Senhor


Desejo o dia em que verei o Rei, vestes de linho brilhante vesti. Meu coração se alegra em saber que o Cordeiro já estar por vir. Ele vem, o casamento está chegando eu sei, Ele vem e o amor por ele a cada dia cresce em mim.
(Ele vem – Fhop)





O Grande e terrível Dia do Senhor é uma promessa presente e muito repetida no Antigo Testamento. É também chamado de “O dia da vingança do nosso Deus”. É importante entendermos esses dois aspectos do Dia do Senhor, um positivo e o outro negativo. Ele será grande e poderoso para a Igreja, aqueles que anseiam e esperam pelo retorno do Rei; e esse dia também vai ser terrível (em Atos dos Apóstolos, Pedro usa a palavra “glorioso”) para aqueles que estarão contra o Senhor. Os aspectos positivos são: restauração de todas as coisas, ele vem fazer justiça! Mas negativamente haverá juízo, retribuição punitiva. A redenção messiânica é para a toda a criação e não somente para a humanidade, é por isso que Paulo fala que toda a criação geme em expectativa pela manifestação (glorificação) dos filhos de Deus.
A primeira vez que esse termo é mencionado na Bíblia é no livro de Isaías, todavia, como já falamos, as promessas escatológicas da derrota total sobre a serpente e um reinado de justiça e paz, estão expressas desde Gênesis 3:15. Dia do Senhor que está atrelado ao reino milenar de Cristo. Acredito que o Dia do Senhor engloba todos esses fatos, antes e depois do retorno de Jesus.


“O Senhor, à tua direita, ferirá os reis no dia da sua ira.” (Salmos 110:5)
“Porque o Dia do Senhor dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta; e ele será humilhado" (Isaías 2:12)
Porque está perto o dia, sim, está perto o dia do Senhor; dia nublado; será o tempo dos gentios.
(Ezequiel 30:3)
“Ai do dia! Porque o dia do Senhor está perto, e virá como uma assolação do Todo-Poderoso.”
(Joel 1:15)
“Tocai a trombeta em Sião, e clamai em alta voz no meu santo monte; tremam todos os moradores da terra, porque o dia do SENHOR vem, já está perto;” (Joel 2:1)
“Ai daqueles que desejam o dia do Senhor! Para que quereis vós este dia do Senhor? Será de trevas e não de luz”. (Amós 5:18)
“Porque o dia do Senhor está perto, sobre todos os gentios; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua recompensa voltará sobre a tua cabeça.” (Obadias 1:15)
“O grande dia do Senhor está perto, sim, está perto, e se apressa muito; amarga é a voz do dia do Senhor; clamará ali o poderoso”. (Sofonias 1:14)
“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor;”
(Malaquias 4:5)
“Seja, este tal, entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.” (1 Coríntios 5:5)
“Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite;”
(1 Tessalonicenses 5:2)

Existe uma sequência de eventos que estão inclusos dentro dessa expressão: O Grande e Glorioso dia do Senhor. Gostaria de trazer a sequência desses eventos para que os leitores não fiquem perdidos quando começarmos a expor os detalhes no estudo que estamos fazendo aqui. Segundo as escrituras (o livro de Apocalipse como maior fundamento), e a interpretação da maioria dos teólogos pré-milenistas históricos[1]:
1) Início das Dores de Parto – O que Jesus fala em Mateus 24 a respeito das guerras e rumores de guerras, e o que Pedro também expõe em sua carta.
2) O anticristo fará aliança com Israel – serão sete anos de governo de um líder que se levantará em meio ao cenário político. Sua influência será espiritual, política e militar. Aqui se iniciará o que o anjo relatou a Daniel, será a última semana das “70 semanas de Daniel”[2]. No livro de Daniel capítulo 9, o profeta está orando a respeito da profecia dada por meio de Jeremias, antes de Jerusalém ser invadida por Nabucodonosor. Daniel estava conversando com Deus e suplicando ao Senhor por respostas, era como se ele estivesse dizendo: Senhor já se passaram os 70 anos de cativeiro, onde está nosso libertador? Está na hora de Israel ser restaurado? – é muito interessante essa oração de Daniel, é parecida com a pergunta feita pelos discípulos a Jesus. Vejamos o que Deus responde a Daniel, por meio de Gabriel:
Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.
(Daniel 9:21-27)
Depois dessa resposta, o que Daniel faz? Ora novamente dizendo: Senhor, eu não entendi! Me explica novamente, com mais clareza! – que princípio sensacional aprendemos aqui com Daniel, não é mesmo? – voltando ao texto, após vinte e um dias de mais oração e jejum Daniel recebe a resposta de suas súplicas – Daniel 10,11 e 12. Essas “70 semanas” são 70 semanas de anos (490 anos[3]). Gabriel diz que a partir do momento em que sair a ordem para restaurar Jerusalém (ordem dada por Artaxerses – Neemias 2) até a chegada de Jesus (o Messias) contam-se: 7 semanas + 62 semanas = 69 Semanas (483 anos). A profecia está dizendo que nessas primeiras sete semanas a cidade e o templo serão restaurados (49 anos), e ao final da 62º semana o messias seria morto. Nos capítulos finais do livro de Daniel, Jesus revela a Daniel tanto o que iria acontecer com Israel na antiguidade (os reis que iriam suceder a Babilônia), quanto os acontecimentos finais que precederiam a segunda vinda do Messias (Surgimento do anticristo e do último reino humano que eram os pés da estátua de Nabucodonosor – Daniel 2 – ; Grande Tribulação; retorno do Messias, libertação e restauração de Israel).
3) Grande Tribulação – Na metade desse governo o anticristo (dos sete anos – última semana, das 70 semanas de Daniel) vai quebrar esse acordo e vai perseguir Israel e todos aqueles que estiverem a seu lado (a Igreja) – Esse período é chamado de Grande Tribulação. Será o período em que os juízos de Deus descritos no livro de Apocalipse (Sete Selos, Sete Trombetas e Sete Taças) serão derramados sobre a terra e sobre o governo do anticristo. Será um período de grande perseguição à Igreja e aos Judeus, mas ao mesmo tempo será um período de maior mover e glória que o povo de Deus vai ter experimentado em toda a história. Será um período que terá duração de três anos e meio – um tempo, dois tempos e metade de tempo / mil duzentos e sessenta dias.
4) Início da procissão da Segunda Vinda – Ao final da Grande Tribulação o sinal do Filho do Homem é visto no céu, e TODOS o verão! Existe um período de tempo apresentado apenas por Daniel, um total de 75 dias, nos últimos versículos de seu livro. Segundo Joel Richardson, esse período seria o tempo total da campanha do Armagedom. Aqui dividimos esse período em dois. Os 30 primeiros dias é o início, em que Ele surgirá nas nuvens, nós o encontraremos nos ares, nossos corpos serão glorificados e o acompanharemos até Jerusalém, para a batalha final no vale do Megido (vale de Josafá). E nesse momento todos o irão ver, Israel irá se render ao seu salvador e clamarão: Bendito é o que vem em nome do Senhor!
5) Jesus em Jerusalém – por fim Jesus desce no Sinai e começa a libertar todos do seu povo que estarão presos em “Campos de Concentração” feitos pelo anticristo; Ele vai refazer o trajeto do Êxodo, mas fará pelo caminho mais curto. Ele virá de Edom, e ao chegar ao vale de Josafá exterminará todos os inimigos de Israel e o anticristo, com a espada de Sua boca. Entrará em Jerusalém, como descrito pelos profetas, e sentará no trono de seu pai Davi, e governará toda a terra a partir de Israel. Esse momento da batalha final no vale Josafá (Megido / Armagedon) também é conhecido como “a vindima”, vejamos os textos:
Quem é este que vem de Edom, da cidade de Bozra, com as roupas manchadas de vermelho? Quem é este vestido de trajes reais, que marcha em sua grande força? “Sou eu, o SENHOR, anunciando sua justiça! Sou eu, o SENHOR, poderoso para salvar!” Por que suas roupas estão vermelhas, como se você estivesse pisado uvas? “Pisei uvas sozinho no tanque de prensar; não havia ninguém para me ajudar. Em minha ira, esmaguei meus inimigos como se fossem uvas. Em minha fúria, pisoteei meus adversários; seu sangue manchou minhas roupas. Chegou a hora de vingar meu povo, de resgatá-los de seus opressores.”
(Isaías 63:1-4)
E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo.
E estava vestido de veste tingida em sangue; e o nome pelo qual se chama é A Palavra de Deus.
E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro.
E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso.
E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores.
E vi um anjo que estava no sol, e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, e ajuntai-vos à ceia do grande Deus; Para que comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos fortes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam; e a carne de todos os homens, livres e servos, pequenos e grandes.
(Apocalipse 19:11-18)

Qualquer semelhança não é mera coincidência. Os textos estão falando a respeito do mesmo evento. O profeta faz uso da ilustração da vindima, o pisar das uvas em um lagar para a fabricação do vinho. Essa mesma ilustração é mostrada no livro de Apocalipse pelo apóstolo João, como se ele estivesse dizendo: “vocês se lembram do que Isaías disse a respeito daquele que vem de Edom com as roupas sujas de sangue? O Filho do Homem que Daniel em todo seu esplendor e glória? É Jesus, o Cristo.” Muitos teólogos entendem que esse sangue é do próprio Jesus, mas o texto é muito claro, o sangue respingado nas vestes de Jesus é de seus inimigos, daqueles que estarão oprimindo Israel. Esse é o momento de vitória sobre o Anticristo e seu reinado. Se você continuar lendo o texto em Apocalipse vai perceber a continuação dos acontecimentos, o anticristo e o falso profeta serão lançados vivos no lago de fogo e Satanás será preso (durante mil anos).
Eis que vem o dia do SENHOR, em que teus despojos se repartirão no meio de ti. Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será extirpado da cidade.
E o Senhor sairá, e pelejará contra estas nações, como pelejou, sim, no dia da batalha. E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul.
[...]Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos contigo. E acontecerá naquele dia, que não haverá preciosa luz, nem espessa escuridão. Mas será um dia conhecido do Senhor; nem dia nem noite será; mas acontecerá que ao cair da tarde haverá luz. [..]. E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o seu nome.
(Zacarias 14:1-9)

6) Milênio – Período do governo do Messias em que toda a Terra será restaurada e preparada para que o próprio Deus venha tabernacular com o homem. É o período em que estaremos em parceria com o Senhor para a restauração de toda a criação (biomas, vegetação, espécies de animais, plantas...), a Terra voltará a ser como era no Jardim do Éden.
7) Eternidade – Período em que estaremos unidos para sempre com a trindade. Onde conheceremos mais e mais sobre Jesus. Nesse período seu reinado continuará e se expandirá cada vez mais.
Quando o Filho do Homem voltar, será como no tempo de Noé. Nos dias antes do dilúvio, o povo seguia sua rotina de banquetes, festas e casamentos, até o dia em que Noé entrou na arca.
(Mateus 24:37-38)

O Dia do Senhor virá como o dilúvio veio nos dias de Noé. Todas as pessoas estavam vivendo suas vidas normalmente, trabalhando, casando-se e tendo filhos; até o dia que o dilúvio veio e levou todas as pessoas que não estavam na arca. O Dilúvio foi um tipo do que será o Dia do Senhor, aqueles que entraram em Cristo serão livres da ira de Deus. A alerta que Jesus dá nesse texto de Mateus é para estarmos alerta, atentos aos sinais de sua vinda.
Maranata!  




[1] A opinião dos teólogos e estudiosos a respeito do assunto – Pré milenistas de modo geral – possui pouca divergência em relação à sequência desses acontecimentos. Tendo em vista que, o método usado pelos interpretes é da literalidade (na maioria das passagens), é possível ao leitor checar as passagens citadas aqui em sua própria bíblia e se aventurar nas demais passagens de cunho escatológico e perceber por si só esse entendimento.
[2] Lei mais sobre esse assunto no Site da Iniciativa: https://ainiciativa.com/70-semanas-de-daniel/
[3] Sendo uma profecia para Israel, são anos lunares = 360 dias. 

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