Eu
creio que o céu irá se abrir e o Filho do Homem virá por nós, no final desta
era veremos o Rei vindo com as nuvens em sua glória.
(Maranata
– Victor Vieira)
Um
dos grandes problemas que tivemos no decorrer da história da Igreja é forma
como a mesma interpreta e vê Israel. Muitos teólogos falam que Deus terminou
com Israel, sendo que o próprio Paulo expõe e afirma o contrário[1]. Entender
corretamente a forma de tratar Israel tem a ver com entender corretamente a própria
Cristologia – o estudo sobre a pessoa de Cristo. O princípio exegético da
revelação progressiva, dentro da narrativa bíblica nos faz visualizar com
clareza o propósito de Deus desde o início. A primeira menção da promessa de um
Messias na Bíblia é:
E
porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente;
esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gn 3:15)
Está
ainda obscuro aqui, mas já podemos ver os vestígios da cruz e do propósito
final do Messias[2],
nesse único versículo. Em outros textos, antes mesmo da aliança abraâmica
podemos perceber o anseio humano por um salvador que traria refrigério e
descanso. O prometido não vai apenas destruir a serpente, mas nos trará
descanso das consequências do pecado. Exemplo disso é a declaração de Lameque a
respeito de seu filho Noé: “Que ele nos
traga alívio de nossas tarefas e trabalho doloroso de cultivar esta terra que o
Senhor amaldiçoou.” (Gn 5:29)
No
restante do livro de Gênesis vamos perceber de onde viria a linhagem desse rei.
Seria da linhagem de Abraão, a aliança é confirmada em Isaque e na geração
seguinte com Jacó. E no penúltimo capítulo de Gênesis, quando Jacó abençoa seus
filhos antes de morrer, Deus revela mais um pouco a respeito desse rei
messiânico, tanto em relação a linhagem como sobre sua missão. Ele será
israelita da linhagem de Judá: “O
cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de autoridade de seus
descendentes, até que venha aquele a
quem pertence, aquele que todas as nações honrarão. Ele amarra seu potro a
uma videira, seu jumentinho a uma videira seleta. Lava suas roupas no vinho,
suas vestes, no sangue das uvas.” (Gn 49:10-11)
Eu
o vejo, mas não agora; eu o avisto, mas não de perto. Uma estrela surgirá de
Jacó um cetro se levantará de Israel. Esmagará a cabeça do povo de Moabe e
rachará o crânio dos descendentes de Sete. [...] De Jacó surgirá um governante
que destruirá os sobreviventes do ar.
(Nm
24:17-19)
Aqui
em Números, na peregrinação do povo de Israel no deserto, Balaão é contratado
por Balaque para amaldiçoar Israel, mas ao invés disso esse profeta pagão
profere uma das mais incríveis profecias messiânicas. A linhagem de Sete dá
origem à toda humanidade existente hoje na terra, mas nesse texto está se
referindo aos inimigos de Israel e consequentemente do Ungido de Deus. Aquele
que vai esmagar a cabeça da serpente será um rei que governará a partir de
Israel.
“(...) O Senhor te faz saber que te fará casa.
Quando
teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei
levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o qual sairá das tuas
entranhas, e estabelecerei o seu reino.
Este
edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre.
(...)
Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de mim; teu
trono será firme para sempre.” (II Sm 7:11-16)
A
promessa desse texto vai além de Salomão, e da construção do primeiro templo em
Jerusalém; ela faz menção ao Messias que viria em duas etapas: como Servo e
como Rei. Ele construiu e completará a construção de uma casa para Deus, hoje
nós somos o tabernáculo (a morada da trindade), mas quando Ele retornar, nossos
corpos serão glorificados e prepararemos a terra para que Deus venha
tabernacular conosco, para sempre! Jesus vai reinar no trono davídico. Está
chegando o dia em que um judeu irá vir do céu, com uma espada, pronto para a
batalha, para tomar os reinos da terra, pois é sua herança.
“Disse
o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os
teus inimigos por escabelo dos teus pés. O Senhor enviará o cetro da tua
fortaleza desde Sião, dizendo: Domina no meio dos teus inimigos... O
Senhor, à tua direita; ferirá os reis no dia da sua ira. Julgará entre as
nações; tudo encherá de corpos mortos; esmagará os governantes de todo o
mundo.”
(Salmo
110:1-2, 5-6)
Todos
os inimigos do povo de Deus são inimigos Dele! Todos aqueles que os tem oprimido,
matado, torturado e espalhado o povo de Deus (Israel) pelas nações, durante os
séculos vão prestar contas disso, diante do Senhor. Está chegando o dia em que
Jesus virá para reinar e ele esmagará todos os governantes corruptos do mundo.
Essa é uma descrição a respeito de Jesus que quase não falamos. Outro texto que
temos o costume de ler apenas no natal, colocamos em nossas canções apenas a
primeira parte do texto, e não percebemos seu significado escatológico e
completo a respeito de quem Jesus é:
Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus
ombros,
e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade,
Príncipe
da Paz. Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono
de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com
justiça, desde agora e para sempre; o zelo do
SENHOR
dos Exércitos fará isto.
(Isaías 9:6-7)
Eis
que vêm dias, diz o Senhor, em que cumprirei a boa palavra que falei à casa de
Israel e à
casa
de Judá; Naqueles dias e naquele tempo farei brotar a Davi um Renovo de
justiça, e ele fará juízo e justiça na terra. Naqueles dias Judá será
salvo e Jerusalém habitará seguramente; e este é o nome com o qual Deus a
chamará: O Senhor é a nossa justiça.”
(Jeremias
33:14-16)
Toda
a criação está gemendo, esperando com expectativa o dia em que será liberta. O
reino de Jesus será um reino de justiça, onde todos aqueles que têm fome e sede
serão saciados. Essa é a essência do Dia do Senhor, um dia de justiça! Um
evangelho que não fala a respeito do Dia do Senhor é incompleto e sem sentido.
O Dia do Senhor é dia do acerto de contas de Deus com a humanidade. É
maravilhoso lutarmos hoje por justiça – orfanatos, saciando a fome dos
famintos, combatendo o tráfico humano, feminicídio, o racismo, o estupro e todo
tipo de violação de direitos – mas é inútil fazê-lo sem expectativa no Dia do
Senhor. Todos os nossos atos de justiça apontam para a natureza do reino de
Jesus e seu retorno.
Então,
temos a encarnação, e quem vem anunciar é o mesmo Gabriel que falou com o
profeta Daniel a respeito de todas as suas visões, a respeito do Filho do Homem
e do fim dos tempos. E nas palavras do anjo há o propósito central da missão do
Deus encarnado:
Disse-lhe,
então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus.
E
eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-á o nome de
Jesus.
Este
será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o
trono de
Davi,
seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”
(Lucas
1:30-33)
Muitos
teólogos afirmam que todas essas passagens não devem ser interpretadas de modo
literal, então, por que Deus passou milhares de anos falando a respeito disso? São
milhares de anos de tradição judaica a respeito das escrituras, de um reino
físico, glorificado e real. A Tanakh ou “Bíblia Judaica” era dividida em três
partes (e a maioria dela faz parte da bíblia que temos hoje em mãos): Torah –
Lei, Profetas e Ketuvim – Escritos; e em todas essas partes é falado do Messias
como Rei. E Jesus confirma toda essa realidade e literalidade em suas falas nos
Evangelhos (citando as três partes da Tanakh), os discípulos continuam nessa
mesma linha nas cartas. Vejamos duas citações do próprio Cristo:
“E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes,
quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória,
também vos assentareis sobre doze tronos, para julga as doze tribos de Israel.”
(Mateus
19:28)
E
quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com Ele,
então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações
serão reunidas diante dEle, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos
bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então
dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai,
possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.
(Mateus
25:31-34)
Nos
textos de Mateus, Jesus está respondendo a questionamentos dos discípulos a
respeito da recompensa em segui-lo e sobre o fim dos tempos. Em seguida temos
textos do livro de Atos, a pergunta feita pelos discípulos é a mesma feita há
alguns capítulos atrás nos evangelhos. Essa pergunta faz referencia à
expectativa que todo judeu tinha do Messias, um Rei militar, que libertaria
Israel e governaria toda a terra a partir de Sião. O mais interessante é que
Jesus não os repreende dizendo: “Não é bem assim...” ou “Vocês entenderam errado!”
A resposta de Jesus é em relação ao tempo! Ainda não é o tempo! A pregação
apostólica foi toda respaldada por essa resposta de Jesus.
“Aqueles,
pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu
neste tempo o reino a Israel? E disse-lhes: Não vos pertence saber os
tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.”
(Atos
1:6-7)
“[Arrependei-vos]
pois, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor, E envie
ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha
até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos
os seus santos profetas, desde o princípio”
(Atos
3:20-21)
Se
já estamos vivendo o reino milenar, como afirmam muitos de nossos irmãos; se
não há nada melhor que isso por vir, estamos perdidos! Paulo afirma que tem
algo dentro de nós que geme, com grande expectativa esperamos uma realidade
melhor que esta. É fato que Jesus está assentado ao lado de Deus; mas o inimigo
ainda está governando e oprimindo.
“Mas
este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, ESTÁ
ASSENTADO
À DESTRA DE DEUS, Daqui em diante esperando ATÉ QUE OS SEUS INIMIGOS SEJAM
POSTOS POR ESCABELO DE SEUS PÉS.”
(Hebreus
10:12-13)
Jesus
está esperando para cumprir essa promessa! Jesus está ansiando por esse dia, o
dia de Sua vingança, de Seu retorno à Terra. O dia ainda não chegou, mas está
perto. Ele colocará todos os seus inimigos – os inimigos de Israel e da Igreja
– debaixo dos seus pés. A promessa da restauração de todas as coisas, do reino
de justiça e paz, como também todas que se referem a Israel ainda não se
cumpriram, mas serão cumpridas! Posto que, Deus é poderoso para cumprir todas
as suas promessas!
Muitos
de nós, se solteiros falamos (pensamos): Eu quero que Jesus volte, mas será que
ele pode esperar eu me casar primeiro? Depois disso podemos pensar essa pessoa
estará satisfeita e clamará de todo coração Maranata, mas normalmente essa
pessoa continuará: Poxa... agora que me casei, Jesus poderia esperar eu ter
meus filhos! Todos esses e outros são desejos e sonhos legítimos, mas não podem
ser maiores que nosso anseio pelo retorno do Rei!
Deus
dos céus ouve os gemidos, Ele sente o clamor da Terra. Hoje no mundo há mais
escravos do que em toda a história da humanidade. O tráfico humano e a
indústria do sexo movimenta muito dinheiro e escraviza milhares de pessoas.
Muitas delas que nunca ouviram falar a respeito de Jesus. Existe um clamor no
coração dessas pessoas, toda a natureza está clamando por libertação, pelo
retorno de Jesus.
“E
vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele
chama-se Fiel e
Verdadeiro;
e julga e peleja com justiça (...) E estava vestido de veste tingida em sangue;
e o nome pelo qual se chama é A Palavra de Deus. E seguiam-no os exércitos no
céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro. E da sua boca
saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de
ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus
Todo-Poderoso. E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e
Senhor dos senhores.”
(Apocalipse
19:11-16)
Essa é nossa esperança!
Maranata!
[1]
Falaremos mais sobre esse texto na próxima postagem.
[2]
A palavra Χριστός (Christos) é mais um
título, no hebraico מָשִׁיחַ (Masiah) correspondia a “O Ungido”; para o judeu,
era um líder enviado por Deus para libertar Israel e governar a Terra. Cristo
no grego significa “encharcado de óleo”. O nome Jesus é o grego de Joshua
(Josué) hebraico, que significa: Iaveh é salvação. Seu nome carregava sua
missão: o Salvador Ungido, o Salvador que é Rei.
Amém! Glória a Deus!!!
ResponderExcluirQuão preciosa e importante são essas palavras, como precisamos desses conhecimentos
ResponderExcluirPrecisamos sim! Que O Espírito continue nos revelando a respeito do Pai e do Filho.
ExcluirGlória a DEUS, obgda May🙏😍🌻
ResponderExcluirEstamos juntos!! ;)
ExcluirMaranata!!!! Amado meu
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