sexta-feira, 19 de junho de 2020

Escatologia V – Israel e o fim dos Tempos


Ouve Israel, o Senhor seu Deus é o único Senhor. Amarás teu Deus de toda tua alma, amarás teu Deus de todo o coração.
(Deuteronômio 6:4-5)



O antissemitismo[1], que é uma forma de racismo, é uma pauta que a Igreja do Senhor precisa ficar atenta. Tanto para não compactuar com ela, e principalmente para nos posicionarmos do lado certo. Ficamos assustamos quando estudamos a história do genocídio que aconteceu no século passado, mas nem nos damos conta de onde essas ideias nasceram; e de que no início eram apenas ideias, opiniões que ganharam força, transformando-se em uma ideologia que matou mais de seis milhões de judeus, negros, deficientes e homossexuais. A maioria desse número eram de judeus.
Adolf Hitler não era um cristão, mas suas ideias a respeito de uma raça superior (eugenia) e de uma pureza social baseada na não mistura racial nasceram de uma ideia, ainda embrionária, no meio protestante da Alemanha luterana. Hitler só estava dando continuidade ao que Lutero[2] iniciou. É com esse peso no coração que compartilho com os irmãos alguns pontos sobre a aliança de Deus com Israel.



Algo interessante a ser observado é a origem da relação de Deus com esse povo e de onde todas as promessas contidas na maior parte do Antigo Testamento saíram. Todas as promessas a Israel tem por base a Aliança Abraâmica, que não foi superada pela Aliança Mosaica. Tudo começa com uma promessa em Gênesis 12, vejamos o que Deus promete a Abraão aqui:
1.      Uma Terra – Abraão nunca possuiu a terra (que hoje é o atual Iraque);
2.      Fazer de Abraão uma grande nação – não apenas em quantidade, mas em testemunho de justiça, a forma como essa nação vai viver honrará Abraão. Sempre houve um remanescente, mas a nação de Israel nunca foi justa de modo completo;
3.      Todas as Famílias da Terra serão abençoadas – desde o princípio Deus queria alcançar a TODOS. Mas o plano Dele é controverso, por que se não, não seria Ele.
Hebreus 11 nos garante que essas promessas não foram cumpridas, vejamos:

Todos eles morreram na fé e, embora não tenham recebido todas as coisas que lhes foram prometidas, as avistaram de longe e de bom grado as aceitaram. [...] Todos eles obtiveram aprovação por causa de sua fé; no entanto, nenhum deles recebeu tudo que havia sido prometido.
(Hebreus 11:13 e 39)

Essa característica do nosso Deus é realmente fascinante! Ele escolheu um povo desqualificado, aparentemente fraco, para manifestar sua glória e seu poder. Para através desse povo abençoar e enviar salvação a todos os outros povos da terra. Nem Abraão, nem Israel foram perfeitos. Outro exemplo disso foi Moisés, Deus escolheu um homem que nunca havia sido um escravo para libertar um povo que viveu mais de 400 anos sob o jugo da escravidão. Deus revela sua glória assim, e ao mesmo tempo revela nosso coração cheio de justiça própria, pois o fato de não sermos a melhor escolha meche com nossos sentimentos. Esse é o nosso Deus, Ele trabalha de modo controverso e somos todos abençoados quando obedecemos.

O plano de Deus para Israel traz benção para as nações e consequentemente as nações beneficiarão Israel – aqui está o grande segredo, que como Igreja precisamos estar atentos.
Algo bem interessante para observarmos é a aliança feita entre Deus e Abraão em Gênesis 15, no verso 8 Abraão pergunta a Deus: “Como posso ter certeza de que possuirei de fato o que o Senhor está me prometendo?” Então Deus o responde de forma bem clara, usando o mesmo costume de duas pessoas que faziam juramentos ou contratos naquela época. E a mensagem daquele sacrifício era: Você pode me matar como esses animais, caso eu não cumpra minha palavra. E como Deus sabia que Abraão não seria capaz de cumprir sua parte, Jesus assume o lugar de Abraão e faz a aliança com Deus Pai (Há duas manifestações diferentes de Deus nesse momento – teofania em dose dupla).[3]

Essa promessa / aliança é do tipo Incondicional, pois Deus iria se encarregar sozinho de cumpri-la, independente da contrapartida do homem. Como foi a promessa / aliança em Gênesis 3:15 e a davídica. Um Rei que governará eternamente: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.” (Gálatas 3:16)
As pessoas dizem que no Novo Testamento todas as promessas foram cumpridas, mas três coisas ainda precisam de acontecer: 1) Promessas feitas a Abraão; 2) Deus vai trazer um rei para reinar eternamente e 3) Esse Rei fará Nova Aliança. O Novo Testamento está à espera dessa promessa: Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor! (Mateus 23:39) Jesus ansiava salvar Jerusalém, mas Ele não vai fazê-lo até que seja desejado. Ele não reinará sobre toda a Terra até que os judeus o recebam! O inimigo sabe disso, por isso ele faz as nações odiarem Israel, para que o plano de Deus não se cumpra.
Zacarias 12, fala sobre o arrependimento das nações e daqueles que o transpassaram (Israel). Esse momento será o momento da reconciliação familiar: “Olharão para aquele a quem transpassaram e chorarão por ele como quem chora a morte do filho único; lamentarão por ele, como quem lamenta a perda do filho mais velho.”. Esse texto também é confirmado em Apocalipse 1:7: vem com as nuvens, todo olho o verá, até os que O transpassaram e todos os povos se lamentaram.
 Como aconteceu com José, Jesus falou que seus irmãos (judeus) iriam se ajoelhar diante dele, então ele é expulso para os gentios. Ele é perseguido e sofre como José, mas traz os gentios para a família. A Bíblia nos fala de um tempo de grande tribulação em que a Igreja (as nações) terá oportunidade de servir Israel, e isso resultará em grande reconciliação familiar. Os olhos de Israel serão abertos e acontecerá grande reconciliação entre Israel e Jesus. Antes disso acontecer, as nações vão ouvir o evangelho: a aliança entre Deus e Abraão.
Por isso é fundamental como Igreja termos uma teologia correta a respeito de Israel, perceber que nem todas as promessas bíblicas a respeito desse povo cumpriram-se, entender que Deus não acabou com Israel substituindo-o pela Igreja, muito menos que Deus deixou de amar Israel. Paulo nos alerta de forma severa sobre esse assunto, nós que fomos enxertados podemos ser cortados da videira por causa do nosso orgulho e dureza de coração. Deus tem desígnios específicos para cada um de seus filhos, não podemos permitir que o ciúme nos atrapalhe de amar nossos irmãos como Deus os ama.

Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo):
Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração.
Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; Que são israelitas [...]
(Romanos 9:1-4)
Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu [...]
(Romanos 11:1,2)
Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.
E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados.
(Romanos 11:25-27)

Paulo fala sempre sobre seu chamado e ministério aos gentios, mas nesse texto ele expõe seu coração por Israel, afirmando que estaria disposto a perder sua salvação em troca da vida de seus irmãos. Esta afirmação de profunda tristeza vem de conhecer o coração de Deus, e Seu amor por Israel. Esse tipo de profundo pesar é visto em Moisés durante o episódio do bezerro de ouro, e Jesus chorando por Jerusalém. Se a vinda de Jesus tivesse mudado o plano de Deus para Israel, Paulo não estaria sendo consumido por essa profunda tristeza. Prova disso era sua estratégia evangelística ao chegar em cada nova cidade, ele sempre começava a pregar nas sinagogas, para os judeus. Paulo entendia que o cumprimento de todas as coisas (incluindo o retorno do Rei) dependia da salvação de Israel. Portanto, a afirmação de Paulo é: Deus não terminou com Israel!

É válido ressaltar ainda Gálatas 3:28, muito usado como argumento por muitos irmãos, tanto para afirmar que “Deus não tem filhos preferidos”. De fato, somos todos um em Cristo, mas esse mesmo fato não descaracteriza quem somos e de onde viemos, nem mesmo nega o fato de que Deus tem um plano especial para Israel. Esse versículo é a expressão máxima da reconciliação final da família de Deus. O objetivo de Deus é causar ciúmes em Israel por meio dos gentios (Romanos 10:19).

“Deus ama Israel e as nações. A eleição de Israel não é a rejeição das nações, mas o meio pelo qual Deus vai cumprir seu propósito de levar todas as nações, incluindo o eleito Israel, de volta para o Éden. Mas como o próprio apóstolo declarou em outra de suas cartas, a loucura de Deus é muito mais sábia do que a sabedoria dos homens, portanto, Deus enviou Paulo como apóstolo para os gentios. A vida e o ministério de Paulo se tornaram um quadro profético da paixão e desejo de Deus por Israel e pelas nações.” (Paulo Costa – FAI[4])

Quando estudamos as estratégias de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial, vamos perceber que seus esforços estavam nos campos de concentração; até mesmo nos momentos finais, em que a guerra já estava perdida, ele enviou seus soldados para os campos de concentração com o intuito de terminar o extermínio do povo judeu. Nos últimos cem anos, podemos observar como as guerras aumentaram em relação ao cumprimento dessa promessa. Israel é uma controvérsia mundial. Em 1948 Israel tornou-se estado, e Jerusalém passa a ser um centro de controvérsia, sem nenhum motivo racional. Há cem anos um homem tentou exterminar o povo judeu, como o inimigo fará no fim dos tempos.

Em Mateus 25:31-45 fala a respeito de um julgamento específico, alguns teólogos o chamam de “Julgamento das Nações”, o critério de salvação terá sido: ajudar o menor dos irmãos e irmãs de Jesus. É interessante observar que esse critério só é mencionado aqui. E muitos afirmam que trata-se da forma como as nações vão tratar Israel durante a segunda metade do governo do anticristo (os 3 anos e meio de grande tribulação).
Esse foi o século em que mais crentes foram mortos do que em qualquer outro tempo, mas ao mesmo tempo é a primeira vez na história em que temos a oportunidade de alcançar todos os povos da terra com a mensagem do evangelho. Haverá aumento no conflito para o cumprimento da promessa, até que tudo esteja alinhado para a cena principal.

Agora, aprendam a lição da figueira. Quando os ramos surgem e as folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo.
(Mateus 24:32)
Em seguida, deu-lhes esta ilustração: Observem a figueira, e todas as outras árvores. Quando as folhas aparecem, vocês sabem reconhecer, por conta própria, que o verão está próximo.
(Lucas 21:29-30)

O contexto desses versículos, tanto em Mateus como Lucas, é o discurso de Jesus a respeito do fim dos tempos. Ele inicia falando sobre os acontecimentos que precederão o fim, cita Daniel e Jerusalém como palco de todos os acontecimentos futuros. Então o Senhor usa a ilustração da figueira. Se quisermos saber quando o fim se aproxima precisamos olhar para Israel e tudo que está acontecendo ao seu redor.

Maranata!






[1] Ódio contra judeus. A palavra “semita” significa descendentes de Sem, neles estão inclusos judeus, árabes, e muitos outros povos que saíram de Sem. O termo “Antissemita” ficou mundialmente conhecido pós II Guerra Mundial, mas já era praticado e visto em vários momentos da história da humanidade. O antissemitismo é uma espécie de racismo ou xenofobia (aversão à outra etnia ou povo que não seja o seu).
[2] São palermas orgulhosos que até hoje só sabe vangloriar-se do sangue de sua tribo, desprezando e amaldiçoando todos os outros, nas escolas nas suas orações e seus ensinamentos. Mesmo assim se dizem os filhos prediletos de Deus. São eles grandes mentirosos, cachorros raivosos que desvirtuaram e falsificaram as Escrituras com suas calúnias e inverdades. (p. 10) Em vez de matá-los, os deixamos impunes pelos assassinatos, blasfêmias e mentiras e dando-lhes espaço entre nós; protegemos suas casas, suas escolas, suas vidas e seus bens, deixando que nos roubem, e ainda escutamos deles que nós devíamos ser espoliados e mortos! Os judeus proclamam que têm razões sagradas para nos destruir. As práticas contra nós são convicção religiosa! O que nós, cristãos, devíamos fazer com este povo maldito e amaldiçoado? (p. 21) As autoridades devem tratá-los como sugiro. E tu, cristão, quando vires um judeu, pense assim: olhe esta boca maldita, que todo sábado ofende a Nosso Senhor, que derramou seu sangue por nós, e que reza para que eu, minha mulher e meus filhos morramos indignamente, transpassados por espadas (coisas que fariam pessoal mente, se pudessem), para apoderar-se dos nossos bens. (p. 25) Quem quiser abrigar, tratar bem estas víboras diabólicas e ainda se deixar explorar — pois bem, que o faça, prenda-se às suas bocas, enfie-se nos seus retos, pratique a mesma idolatria para dizer que foi caridoso, que encorajou o demônio a blasfemar ainda mais contra Nosso Senhor, que derramou seu santo sangue para nos salvar. Sim, sereis então o cristão perfeito com muitas obras de caridade praticadas — que Cristo premiará no juízo final com o Jogo eterno, junto com os judeus. (p. 26) será, pois, para nós cristãos, tarefa muito séria de tudo fazer para livrar-nos, com nossas almas, desta peste que são os judeus, para salvar-nos do Satanás e da morte eterna. Devemos antes de mais nada, como já dissemos, queimar suas sinagogas com enxofre e fogo do próprio inferno, para que Deus testemunhe o fim destes lugares usados para ofendê-lo e ofender nossa sincera devoção. Segundo, tirar-lhes seus livros e escritos, que só usam para injuriar ao filho de Deus, criador do céu e da terra. Terceiro, que se lhe proíba louvar ou agradecer a Deus, sob pena máxima. (p. 27) – SOBRE OS JUDEUS E SUAS MENTIRAS (Martinho Lutero)
[3] Essa parte em que falo sobre a aliança abraâmica foi retirada das aulas 2 e 5 do Módulo II – Israel e o Fim dos Tempos  da plataforma Abase.org
[4] Frontier Alliance International – Você pode ter acesso ao artigo “A tristeza de Paulo e a grande comissão” completo no aplicativo da FAI.

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