Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre seus ombros. E Ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus poderoso, Pai Eterno, Príncipe da paz. (Isaías 9:6)
O Advento é o período
que precede o Natal. A partir do dia 01 de Dezembro leituras específicas são
feitas até o dia 25, o dia em que a cristandade celebra a chegada do Messias, o
nascimento de Jesus. Os cristãos, de tradição evangélica, ficam perdidos quando
falamos a respeito do Advento porque perdemos o costume de seguir o calendário
litúrgico em nossos cultos e devocionais, não sabemos nem mesmo do que se trata
esse calendário. A palavra advento vem do latim adventus que significa chegada[1].
O calendário cristão
tem início com o Advento e as celebrações do nascimento de Jesus, depois temos
a quaresma, páscoa e demais celebrações no decorrer do ano. Esse calendário
possui uma rotina de leitura da bíblia para a semana e cultos de domingo. Essa
tradição, ainda seguida por católicos e alguns protestantes, tem sido resgatada
nos últimos tempos pela cristandade de diversas tradições. Estudar a história
da Igreja, talvez seja um dos principais motivos desse despertar. Despertar
este que tem nos dado uma nova perspectiva de nossas raízes, reconhecendo as
preciosidades na tradição cristã.
O Advento é um momento
de espera no qual nossos corações anseiam pela chegada do Messias. É por isso
que essa celebração faz referência ao passado, futuro e presente. Advento da
redenção, encarnação-morte-ressurreição de Cristo; Advento da glorificação, a
segunda vinda de Jesus e a glorificação de nossos corpos; e o Advento da santificação, a presença do Espírito
Santo em nosso meio[2].
As leituras propostas pelo calendário do Advento nos faz lembrar da esperança de nossa salvação, aquecendo nossos corações
nos vinte e quatro dias que precedente a natividade. O Rei que nasceu indefeso como um bebê, viveu, morreu e ressuscitou, voltará para governar as nações em amor.
Porque
celebrar o Advento e o Natal?
Talvez você nunca tenha saído do Brasil ou nunca tenha lido a revista (site) da missão Portas Abertas, mas uma realidade presente em muitos países do mundo hoje é a perseguição de cristãos e suas celebrações. Países fechados por conta de sua política de governo, como China e Coréia do Sul, possuem uma perseguição aberta a qualquer tipo de religião. Todavia, países que se declaram islâmicos[3], e que possuem suas lideranças ligadas à grupos que apoiam ao islã, perseguem e matam cristãos. Nesses países é muito difícil você ver celebrações públicas do Natal. Isso porque cultos públicos são proibidos; confessar a fé em Jesus como Cristo é uma declaração de morte.
Por mais que o Ocidente tenha se desviado do propósito dos cristãos dos primeiros séculos, nas celebrações do Natal, concentrando-se em decorações, comida e muito consumo, temos um período do ano onde podemos falar abertamente sobre nosso Messias. Temos um período no ano em que podemos usar as histórias da tradição cristã, como a de São Nicolau, para mostrar que a luz brilhou em meio à nossa escuridão!
E dentro dessa
perspectiva, o período do Advento nos ajuda a preparar nosso coração, a
direcionar nossos afetos para o que realmente importa nessas festas de fim de
ano. Não estou dizendo que devemos nos lembrar de Jesus e ansiar por seu
retorno somente durante esse período do ano, mas porque não usar essa
oportunidade para começar, para reascender a chama da paixão por Jesus!? Por
que não trazê-lo para nossa rotina e nos surpreendermos com Sua presença em
nossa família!?
Quem
foi São Nicolau?
Nicolau, conhecido como
Nicolau de Mira (atual Turquia), foi um dos pais da Igreja que nasceu na metade
do século III. Foi um servo dedicado ao Senhor e Sua missão. Foi perseguido e
preso durante o governo de Diocleciano[4],
por não negar sua fé em Jesus. Durante o primeiro Concílio de Niceia (325),
organizado pelo imperador Constantino, Nicolau ficou irado com Ário e o
esbofeteou em plena reunião. Ário era diácono de Alexandria, e foi excomungado
da Igreja, durante este mesmo Concílio por ter propagado uma doutrina falsa a
respeito de Deus, a qual negava a Trindade. Após esse acontecimento Nicolau
perdeu seu bispado em Mira, todavia, continuou amando as crianças e cuidando
dos necessitados.
Ele perseverou em
cuidar do rebanho de Jesus. A data de seu falecimento, 6 de Dezembro[5] de
350, ficou muito conhecida nas igrejas do Oriente, onde celebra-se o dia de São
Nicolau. A figura desse santo inspirou mais tarde a criação do Papai Noel no
Ocidente. É claro que a biografia desse santo homem de Deus se diluiu nos mitos
criados pela cultura Norte Americana. Mas, isso não desmerece a história original que perpassou os séculos da era cristã.
A
árvore de Natal
Outro símbolo muito
presente na Natividade é o pinheiro decorado com bolas e luzes. A história é a
seguinte, por volta do ano 723, um grupo de missionários estava percorrendo a
Alemanha durante a véspera de Natal, entre eles estava Bonifácio. Quanto
estavam próximos à um vilarejo na Turíngia, na qual os aldeões realizavam
sacrifícios humanos, perceberam que uma criança estava prestes a ser sacrificada
aos pés de um carvalho (O carvalho do trovão[6]).
Então, no momento em que o carrasco estava preste a levantar o machado para
matar a criança, Bonifácio exclamou levantando seu báculo: Aqui está o carvalho do trovão, e aqui está a cruz de Cristo que
quebrará o martelo do falso deus, Thor. (SEWELL Jr., 2014)
Quando o machado desceu
para matar a criança, Bonifácio colocou a cruz do seu báculo como proteção, e o
machado de pedra se quebrou. O missionário Bonifácio aproveitou para apresentar
o evangelho para aquele povo: Ouvi,
filhos da floresta! Nenhum sangue fluirá esta noite a não ser a pena que tenho
tirado do seio de uma mãe. Pois esta é a noite de nascimento do Cristo, o filho
do Todo-Poderoso, o salvador da humanidade. Mais justo é ele que Baldur, o
belo, maior que Odin, o sábio, mais gentil que Freya, o bom. Desde que Ele
veio, o sacrifício terminou. O escuro Thor, em quem vocês tem chamado em vão,
está morto. [...] E agora, nesta noite de Cristo, vocês começarão a viver. (SEWELL
Jr., 2014)
O missionário, então,
desferiu um grande e único golpe de machado contra o carvalho do trovão. O povo
do vilarejo esperava que Thor o destruísse por tamanho sacrilégio. Contudo, o
que aconteceu foi que um grande vento soprou e arrancou aquela árvore até suas
raízes. Após toda a comunidade ficar assustada com o acontecido, Bonifácio
completou: Esta pequena árvore, uma
criança da floresta, será uma árvore sagrada esta noite, é a madeira da paz. É
o sinal de uma vida sem fim, pois suas folhas são sempre verdes, veja como
aponta para o céu. Que isso seja chamado de a árvore do filho de Cristo.
Reúnam-se sobre ela, não na floresta selvagem, mas em suas próprias casas; ali
não abrigará atos de sangue, mas dons amorosos e ritos de bondade. (SEWELL
Jr., 2014)
Com a madeira daquela
árvore Bonifácio construiu uma capela, o povo daquele vilarejo converteu-se a Jesus e por toda a Alemanha espalhou-se a tradição das árvores de Natal,
mostrando que nenhuma criança precisava ser sacrificada, pois Jesus morreu em
nosso lugar. Um símbolo de morte foi transformado em símbolo de vida e esperança.
Lutero que já conhecia a tradição, trouxe o costume para o protestantismo.
Conclusão
Temos uma tradição
cristã rica e muito bem fundamentada nas escrituras. Por mais que os símbolos e
datas comemorativas possam se coincidir com celebrações no paganismo, a
história da Igreja está ai para nos mostrar que esses símbolos foram ressignificados.
O evangelho é o poder de Deus para todas as culturas. A luz brilhou dissipando
toda escuridão. Jesus, o Deus encarnado é esperança para todo aquele que Nele
crê. Feliz advento! Feliz Natal!
[1] Advent: The Season of Hope – Tish
Harrison Warren
[2] Advent: The Season of Hope – Tish
Harrison Warren
[3]
Hoje aproximadamente 22 países na Ásia e Norte da África. Site do Portas Abertas: https://portasabertas.org.br/lista-mundial/paises-da-lista
[4] Um
dos imperadores romanos que mais perseguiu cristãos.
[5] No
calendário Oriental esse dia é 19 de Dezembro.
[6] Em
homenagem ao deus Thor (deus trovão na mitologia Nórdica).